quinta-feira, dezembro 30, 2004

Receitas Extraordinárias

A conferência de imprensa em que Santana Lopes e Bagão Félix explicam e justificam a necessidade de receitas extraordinárias extra para resolver o problema que há para se conseguir cumprir o défice de 3% foi um espectáculo triste de se ver. Passando ao lado da imagem da leitura de jornais em directo para justificar os males nacionais, se haviam dúvidas sobre a pertinencia do discurso do fim da austeridade parece que ficaram esclarecidas. Foi um discurso irresponsável e que enviou um sinal errado, ou pelo menos errático. Nem vale a pena bater mais no ceguinho...

Por outro lado parece haver uma aceitação generalizada da necessidade de utilização de receitas extraordinárias para resolver os problemas nas finanças públicas. A meu ver é errado que assim seja, porque na prática o que significa é o continuar da situação e dos problemas actuais. Em vez de nos endividarmos mais andamos a vender património, mas o problema é o mesmo: gastamos mais do que ganhamos. E é esse o problema que tem de ser resolvido, e o que a aceitação das receitas extraordinárias acaba por fazer é ir tapando o sol com a peneira e assim permitir ignorar a verdadeira solução para o problema.

É errado colocar o problema entre a saúde das finanças públicas ou uma maior preocupação social e com o bem estar geral das pessoas. Temos de perceber que a saúde das finanças públicas não é um objectivo alheio aos nossos interesses. As finanças públicas são o nosso dinheiro, aquilo que com esforço pagamos em impostos, taxas e contribuições. Quando se fala em rigor nas finanças públicas, fala-se em rigor na forma de gerir o nosso dinheiro, e quando o estado gasta mais do que ganha, além vai ter de o pagar. Podemos ser nós daqui a uns anos, ou podem ser os nossos filhos, mas alguém vai pagar o preço do desleixo e desmando actual do estado.

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Ceia de Natal

Antigamente, a festa de Natal reunia a família alargada, e por isso aturava-se o tio-avô chato na noite de Natal, porque fazia parte da convenção, era tio e família é família… Hoje, a sociedade individualista dá a liberdade a cada um de escolher com quem quer estar, sem ligar a convenções. A liberdade de escolha tem o preço dos laços serem, não mais obrigatórios, mas mais restritos. O Natal em família restringe-se, hoje, ao pequeno núcleo familiar dos pais e filhos, e em certos casos quando os filhos já saíram de casa, apenas ao casal, ou então quando os pais estão separados os filhos têm que se repartir entre os dois pais.


Alguns de nós vivem entre o dilema de ficarem felizes por não serem obrigados a passar o Natal com os familiares que não lhes dizem nada, e a vontade de terem um Natal tradicional com a família mais alargada. E assim se vive um momento de questionamento pessoal e chegamos à conclusão que para alguns de nós o Natal é um serão como qualquer outro, onde apenas se muda a ementa. As conversas são as mesmas, porque justamente não está o tio-avô, as primas da terra, a tia "cusca" que vive no estrangeiro, e toda essa gente que ninguém atura e a que chamamos família. Mas na época natalícia sabe bem-estar com ela. A festa da família levanta questões sobre a família que temos e a que gostaríamos de ter!
Independentemente, da forma como e com quem vai festejar o Natal, desejo um feliz Natal para todos os Bloguistas! Afinal, nos somos também uma família, virtual é certo, mas a paixão pela blogoesfera une-nos!

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Turquia sim, claro!

Maria, não podia esta mais em desacordo com o que escreveste.

1º É clara a boa vontade que a Turquia tem mostrado para conseguir entrar na UE e ceder dentro do possível às exigências que se lhe impõem. E até podemos pegar no exemplo do Chipre, que mesmo hoje a Turquia aceitou vir a reconhecer, embora de uma forma indirecta.

2ª É preciso compreender todo este processo à luz das tensões que existem dentro da sociedade turca, em que ainda existem importantes sectores hostis à ideia de um estado secular, democrático e moderno.

Mas o pior argumento é sem dúvida o das "diferenças culturais"... será um defeito assim tão grave um país ser muçulmano (que lata a deles!)? Será isso um factor de tal forma impeditivo para que um país possa fazer parte de um projecto como a UE? E piora ainda mais quando se fala em direitos das mulheres. Mas e como é que os direitos das mulheres turcas melhor são defendidos? É com a aproximação do país à UE!, e é um exemplo sintomático do tipo de questões que se estão a tratar.

Este é um tema muitissimo importante e mostra a intolerância e falta de capacidade que existe na UE para assimilar a diferença. A atitude de países como a França, que não consegue conviver com o simples facto de se poder usar um véu numa escola pública, mostra apenas a nossa pequenez.

Claro que a Turquia tem um caminho a percorrer para entrar na UE, não está em questão entrar ou não neste momento, nem está em questão entrar de qualquer maneira, e isso é evidente. O que se trata aqui é de saber qual deve ser o papel da Europa neste processo. Devemos fechar as portas à partida a quem caminha na nossa direcção, ou devemos antes dar um sinal às forças modernizantes e democratizantes da Turquia de que estão a caminhar no sentido certo e que os esperamos quando cá chegarem? Também já foi a altura em que este tipo de dúvida era sobre a nossa entrada, e convinha não nos esquecermos disso...

Turquia não!

O facto de se estar num espaço geográfico que apelidamos de Europa, não dá automaticamente legitimidade a este país de entrar para o Clube dos Europeus. Os outros membros antes de aderirem tiveram que cumprir com um certo número de critérios para entrarem, e desde o início das negociações mostraram-se disponíveis para isso, já a Turquia… Porque razão deveria ser diferente agora?

A Turquia ainda não fez o necessário, ou pelo menos demonstrou alguma boa vontade em fazer mudanças dignas de um país europeu. Para se ser membro da UE tem que se respeita os Direitos Humanos, reconhecer a soberania de todos os outros Estados membros (caso de Chipre), mas a Turquia não cumpre com essas normas!

Este possível membro ainda tem uma grande desvantagem, que é marcada pela diferença cultural que poderá a longo prazo vir chocar com os ideais europeus. Basta pensar que é um país de confissão muçulmana e a visão que eles têm do papel da mulher e da condição feminina é redutora! De certeza que não é com a sua adesão que eles vão mudar a sua visão.

Não percebo os Eurocratas de Bruxelas que criticaram Bush por invadir os assuntos internos do Iraque e agora de forma mais subtil acham que ao começar as negociações com a Turquia vão “obrigá-la” a fazer reformas e mudar mentalidades, através da sua adesão. Não sei se é uma utopia ou uma hipocrisia, dado que a Turquia não tem mostrado qualquer cedência ou flexibilidade em efectuar as mudanças exigidas por Bruxelas. E que tal perguntarmos aos europeus directamente o que acham da entrada deste novo membro.

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Não são só "eles"

O descrédito dos políticos é daquelas verdades que já faz parte do senso comum e que ninguém ignora, mas por isso mesmo não convém passar a usar banalmente para justificar e explicar tudo e mais alguma coisa. É que não é um problema apenas dos políticos e da política; também existe, em geral mas nos mais novos em particular, uma atitude de completa e total indiferença perante a causa pública ou seja o que for que ultrapasse a realidade mais "imediamente circundante". Por vezes levantam-se umas bandeiras, daquelas politicamente correctas, com que alguns lá se preocupam, e mesmo parte desses sem saber bem porquê.

A propósito do que já aqui falei, e como a Maria volta a referir, existe um descrédito da classe política, e a meu ver a lógica partidária é um dos factores mais importantes desse descrédito, pelo efeito que pode ter de afastar muitas pessoas da política. Sim, a culpa é da política e dos políticos, que não sabem captar a atenção das pessoas e motivar o seu empenho nas soluções proposta. Mas atenção que não é apenas "deles". A sociedade é uma espécie de força adormecida que não quer saber... mas por outro lado está sempre preparada para menosprezar ou maltratar os que se queiram preocupar. Não tenho qualquer dificuldade em compreender a falta de motivação que tantas pessoas de valor têm em aceitar cargos públicos.

terça-feira, dezembro 14, 2004

20 Fevereiro de 2005,

lá vamos nos às urnas! Agora, até esse dia, os nossos políticos têm que convencer os portugueses, incluindo a mim, que eles "não querem só poleiro" como se diz na gíria popular. Para que a abstenção não seja a grande vencedora, a classe política tem que demonstrar que tem ideias concretas, uma boa equipa para as pôr em prática, e sobretudo, que não estão na política, porque não sabem fazer mais nada.

É que neste momento ninguém acredita mais em políticos, com a desordem que se gerou nos últimos tempos. Quando os membros do mesmo partido se desacreditam uns aos outros, e um ex-primeiro ministro apela os antigos membros do seu partido a tomarem mãos no país, algo vai mesmo mal.

As reformas necessárias para o país avançar foram postas em causa. E, por conseguinte, os portugueses desacreditam cada vez mais numa possível melhoria do seu nível de vida. Presentemente, não é fácil nos interessarmos e nos envolvermos nos assuntos da governação. É que nem os políticos, seja qual for a sua cor política, parecem muito certos do que andam a fazer e não transmitem qualquer segurança de serem capazes de tomarem medidas certas e prosseguirem com elas.

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Prémio Nobel da Paz

Apesar da controvérsia se se deveria ou não atribuir o prémio nobel da paz a uma ambientalista, eu aprovo. As agressões ao meio ambiente através das desflorestação, das emissões de gases para a acamada de ozono, os produtos químicos que inserimos todos os dias nos alimentos, são formas de agressão indirecta à humanidade, no nosso quotidiano. Por isso, faz todo o sentido que uma defensora da preservação da natureza seja equiparada a prémio nobel da paz. Ao lutar por um equilíbrio ecológico e pela preservação ambiental, está-se a evitar uma eventual guerra a médio/longo prazo pela posse dos recursos naturais.

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Uma decisão errada

Os que tanto criticaram Sampaio quando aqui há uns tempos ele decidiu não convocar eleições, são os mesmo que agora falam no respeito à figura do Presidente como se de um Deus se tratasse. Lembro-me do Vilaverde analisar a decisão de Sampaio na altura como uma espécie de psicose que o levava a actuar contra "os seus" para provar a sua independência. E lembro-me do Louçã. E lembro-me de muitos outros. Enfim.

Vamos por partes. A decisão do Presidente é, então como agora, inteiramente legítima. É assim que o regime foi delineado, e eu até acho que está muito mal delineado, mas de qualquer forma a legítimidade é uma questão que não se põe. E se há coisa que Sampaio já soube provar é que não está refém da sua familia política, nem me parece que esteja de outros interesses particulares. Decide da forma que, ele acha, melhor defende os interesses do país. Dito isto, é óbvio que também é perfeitamente legítimo discordar e criticar a decisão, e o comportamento do Presidente. Não tem de haverproblema ou qualquer pudor em fazê-lo.

A dissolução foi uma má decisão, veio pôr fim a um governo cujo apoio no parlamento não estava em causa, e que tinha inteira legitimidade para governar. E, nesse sentido, não existe razão para a dissolução. E as razões que se podem invocar (a meu ver más), são aquelas que já foram invocadas há 4 meses atrás. Porque quanto à política seguida pelo governo, não é o Presidente que tem de ser, nem sequer deve ser, a figura tutelar do governo, que dita o que deve e o pode ser feito. E mesmo que a razão seja a política seguida, como se pode aceitar que um orçamento, que é a peça fundamental que a suporta, seja aprovado? Sendo, além disso, uma forma de condicionar o próximo governo.

Ao contrário do que possa parecer, o Presidente achar que o governo está a governar mal não é razão suficiente para dever convocar novas eleições. E, acima de tudo, não se percebe que à decisão não se tenha seguido de imediato uma explicação ao país.

terça-feira, dezembro 07, 2004

Mais leitores

são agora visíveis nos transportes públicos. Talvez a distribuição gratuita de um jornal duas vezes por semana seja o reflexo do aumento do número de leitores. Aqui não está em causa se é de boa ou má qualidade jornalística. O importante é que pessoas que lêem uma vez por outra, agora, com a distribuição deste jornal, passaram a ler um pouco mais. E desta forma as pessoas praticam a leitura e informam-se. Provavelmente, este novo hábito de leitura pode vir a diminuir um pouco o analfabetismo técnico existente em Portugal.

domingo, dezembro 05, 2004

Passe a publicidade

Iniciei hoje um novo Blog, o Frases Soltas. É um projecto em que já pensava há algum tempo, e pretende ser apenas uma forma de partilhar os apontamentos que vou fazendo dos livros e leituras em geral que tenho oportunidade de fazer. Aos que o queiram visitar, sejam bem vindos!

sábado, dezembro 04, 2004

Partidos

A propósito do que recentemente aqui escrevi sobre o assunto:

"Chegou-se a este ponto por motivos bem conhecidos. Os partidos sobrevivem com base nos que estão disponíveis para a intriga, nos que falharam carreiras profissionais, nos que foram subindo os degraus que levam das inúteis juventudes partidárias aos postos onde é possível receber algumas das migalhas que o "chefe" possa distribuir - muitas se ele for primeiro-ministro, poucas se estiver na oposição. Ideias, ideologias, contacto com os problemas reais do país, vontade genuína de mudar o que está mal? Claro que ainda existem, mas nas bases, entre os que raramente frequentam as sedes, nos que não se misturam com as nebulosas obscuras que rodeiam as autarquias locais, os clubes e a construção civil. Eles existem, mas quase todos abominam a vida partidária e os seus golpes baixos: " José Manuel Fernandes, na edição de hoje do Público.

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Eleições

A dissolução do parlamento é uma arma que o Presidente deve jogar quando entende que o regular funcionamento das instituições democráticas é posto em causa. Se o episódio Marcelo na minha opinião podia levantar essa questão, não vejo que o mesmo se possa inferir da saída de um ministro, mesmo tendo esta sucedido da forma que vimos. E se a decisão em si já é discutível, o timing parece-me de facto infeliz.

Isto não implica de reconhecer que a experiência de Santana Lopes como primeiro-ministro deixou a desejar, mas sobre isso vamos ter tempo de falar.

domingo, novembro 28, 2004

Saturação de informação

Já repararam na ginástica visual, auditiva e mental que é necessário fazer para ver o noticiário português! É o jornalista que apresenta uma notícia, são outras completamente diferentes que passam em nota de rodapé. E nós nisso tudo temos que fazer malabarismos entre umas e outras notícias. E para cúmulo temos o telejornal de 45 minutos, graças a publicidade que passa pelo meio. Mais um tipo de informação, mas esta mais do foro consumista. No meu entender a informação para ser bem ingerida tem que ser clara, concisa.

sábado, novembro 27, 2004

Política não é para todos...

O apelo feito pelo professor Cavaco Silva é mais um sinal da frágil situação governamental pela qual estamos a passar. Apesar de não ser simpatizante das suas ideias políticas, porém reconheço que ele tem qualidades, quer pessoais, quer de formação, que fazem dele uma pessoa competente para dirigir um país. Agora, pensar-se que para a política vai quem quer, isso discordo. Para se ser político não basta ser militante de longa data de um partido, é necessário ter preparação em vários ramos e ter assertividade, criatividade e ser visionário para desenvolver uma nação.
A governação tem que ser entendida como uma missão, uma devoção, não há lugar para protagonismo pessoal. Por isso, acho bem que os antigos políticos deste país contribuam para dar a volta a situação nacional! Já que a política é uma forma de missão e contribuição pessoal para a melhoria do bem estar colectivo, que os politicos experientes transmitam conhecimentos e experiências anteriores para sairmos deste caos.

terça-feira, novembro 23, 2004

Felicidade procura-se!

Depois de um estudo sobre o que os portugueses consideram ser a felicidade lembrei-me de expressar a minha opinião sobre o assunto.

Felicidade é um bem, um sentimento ou talvez um misto dos dois? Não sei depende das perspectivas. Se em alguns casos a pessoa diz nunca ter sentido o que é a felicidade. Esta pode ser encarada como sendo um momento prolongado no tempo, como algo que chega ou se conquista uma única vez e depois deve permanecer.

Digo bem conquistar, encontrar, vivenciar! Porque, esse bem e/ou sentimento que todos nós procuramos tem que ser conquistado, no sentido de aprender a reconhecê-lo. A felicidade pode segundo certos pontos de vista ser sinónimo de possuir bens materiais, de ser rico, de poder comprar muitas coisas. Mas quantos de nós quando estamos carentes, ou nos chateamos com alguém, ou sentimos sós, nos afogamos num centro comercial e toca de comprar compulsivamente, para compensar uma tristeza. E encontrar a suposta felicidade.
Hoje, após a experiência da felicidade comprada em prateleira e instantânea, decidi experimentar outra. Sim, digo instantânea porque esse momento a que associava à felicidade durava apenas o momento da compra e a primeira vez que utilizava a nova aquisição. E pronto, lá se ia a felicidade! Por mais que eu tenta-se detê-la ela desaparecia sem eu dar por isso e o vazio parecia ainda maior.

Agora, tomo ou pelo menos tento conquistar e sentir a felicidade de outra maneira! Claro que não deixei totalmente de parte a minha veia consumista. Contudo, agora quando compro algo de que eu gosto isso passa a ser apenas um prazer e a minha felicidade não depende de ter ou não aquele objecto.

A felicidade passei a encontrá-la todos os dias desde que eu queira e esteja disposta a isso. Para tal basta olhar de forma bem disposta para as coisas simples da vida. Sinto que um boa gargalhada com uma amiga, uma actividade pela qual eu tenho paixão, entre muitas coisas constituem a minha felicidade. Não se trata mais de possuir coisas ou pessoas mas de estar com as pessoas e viver momentos de prazer. E não é a busca de um sentimento permanente, mas sim retalhos de momentos acumulados ao longo do dia, da semana, do mês, que fazem com que a felicidade perdure no tempo.

segunda-feira, novembro 22, 2004

Fumo à porta...

Que me desculpem os fumadores mas considero que as novas medidas restritivas sobre os locais onde se pode fumar agradam-me. Podem até ser demasiado drásticas, mas penso que se forem medidas mais brandas, os fumadores cumprem no início e depois aos poucos voltam ao antigamente, porque pelo facto de serem diminutas ninguém as sente e cumpre realmente. No entanto, tem que haver vontade por parte dos fumadores em cumprir e respeitar a lei e por sua vez existir fiscalização, senão de que serve!

Muitas vezes os fumadores compulsivos não se colocam no papel daqueles que tomaram a opção de não fumar e não querem levar com o fumo dos outros. Eles não imaginam o quanto é desagradável ter que levar com o fumo e cheiro do cigarro num elevador, e ficar com a roupa e cabelo a cheirarem a tabaco. Ainda, mais constrangedor é ter que suportar um hálito de fumadores pouco cuidados, que ao abrirem a boca levamos com um cheiro de tabaco nauseabundo.

Pensando bem, estas medidas restritivas acabam por beneficiar, em primeiro os fumadores sempre são menos cigarros que fumam, o que é bom para a carteira e para a saúde. Depois, é bom para os não-fumadores deixam de ser fumadores passivos em grande parte dos locais públicos. E por último, permite ao Estado fazer algumas economias a longo prazo, através da possível redução do número de doentes com cancros e outras doenças que derivam do tabaco.

Não me venham os fumadores defender a ideia que o cigarro é bom para baixar os níveis de "stress", mas que bonita forma de reduzir a ansiedade se por outro lado o tabaco provoca doenças gravíssimas e já está confirmado que é o acto de fumar que acalma e não o cigarro em si. Por isso, nada como procurar alternativas para aliviar o "stress", garanto que há muitas.

Em Memória,

de todos aqueles que perderam a vida em acidentes de viação, a sociedade civil mobilizou-se e promoveu iniciativas, hoje. Quanto às autoridades essas não apareceram e parecem não querer dar o seu contributo! Um dos primeiros passos está dado! A tomada de consciência e a movimentação da sociedade civil, em associações para lutar contra este flagelo, já é uma realidade nacional.

Mas esse passo deveria ser acompanhado de medidas concretas e continuas a nível político. Não é apenas a mobilização de mais agentes policiais durante as épocas de maior trafego nacional (férias, e feriados prolongados) que vai resolver a questão. Estas medidas são apenas remendos, coisa que os nossos políticos fazem e muito bem. Tem que existir, também, nesta área uma política definida a longo prazo, e de preferência ser implacável com os infractores.

Ao aumentar as portagens e por as SCUTs podiam pensar na segurança e protecção daqueles que utilizam as estradas diariamente. Deveria-se começar pela os jovens (18 aos 25 anos, é nesta faixa etária que se verifica a maior número de mortos e feridos graves), com acções de sensibilizações intensivas e medidas de penalização outras que as simples multas que apenas fazem mal à carteira e não implicam qualquer tomada de consciência dos perigos rodoviários. E que tal o acompanhamento, durante um mês, de um paraplégico nas suas rotinas diárias, que sofreu um acidente de viação. "Conduza com prudência, não acontece só aos outros!"

quarta-feira, novembro 17, 2004

Politica, opinião, liberdade

1. Alguma coisa deve estar mal quando se consegue sentir tão bem a incomodidade que existe nalguns sectores do PSD, e depois há no congresso um unanimismo quase total. Sim, os partidos são máquinas que buscam o poder. E sim, está na sua natureza saber ser extremamente racionais quando se trata de preservar esse poder. Tudo isso é natural, mas por outro lado qual é então o sentido de haver um congresso, se não é nele que se consegue travar o verdadeiro debate dentro do PSD?

2. Sejam as portagens, o estabelecimento ou não de uma comissão de inquérito sobre um qualquer tema, o referendo à constituição europeia, seja sobre lá o que for, conseguem-se contar pelos dedos os casos em que algum deputado de um partido vota contra a sua bancada.

3. Nós sabemos que este governo fez uma inversão de rumo (não está aqui em causa se boa ou má), e que poderia até voltar a fazer as que quisesse, que muito dificilmente deixaria de ter garantido o apoio parlamentar. Será que assim podemos ainda querer ver o parlamento como um verdadeiro "controlador" da acção governativa?


Este não é um problema do PSD, obviamente. São apenas dois exemplos, para mostrar porque acho que em geral a lógica partidária e o seu funcionamento explicam muito do desinteresse pela causa pública, e da excassez de pessoas com qualidade dispostas a dedicar-se a ela. Essencialmente por ser uma lógica castradora da liberdade e autonomia de pensamento, da criatividade e individualidade de cada um, ou que pelo menos subordina esses valores ao serviço dos objectivos do partido. Sendo realista, faz sentido que as coisas funcionem dessa forma, mas em Portugal a fidelidade partidária é levada a um limite que subverte o próprio sistema político, e o papel que devia ser e não desempenhado pelo parlamento.

E quantos estão dispostos a sacrificar a liberdade de julgar aquilo em que sobre um ou outro assunto acredita e julga ser o melhor para o país, a bem do objectivo do partido? Podemos achar que serão mais ou menos, mas são certamente os melhores aqueles que menos estão dispostos a sacrificar essa sua liberdade. E o facto é que os partidos são o meio mais importante que os cidadãos têm de chegar à política e ao exercício de cargos políticos, e esta lógica de funcionamento partidário que é cultivada, de seguidismo e falta de independência das pessoas, consegue de facto empobrecer a vida política.

Que diferença poder ouvir um José Pacheco Pereira, um Manuel Alegre ou um António Barreto, quando estamos habituados às marionetas e yes-man's do costume, que antes de abrirem a boca já nós sabemos quem e o que vão defender!

quinta-feira, novembro 11, 2004

Paradoxal (?)

E em que sentido deveria Sharon dar tréguas? Parece-me que têm havido erros de ambos os lados, mas é curioso a imagem que estamos habituados a ter de Sharon e verificar depois que ele, no panorama interno de Israel, tem por diversas vezes assumido um papel de moderação e luta contra as alas mais radicais do seu partido e da sociedade israelita.

Quanto à morte de Arafat, foi triste todo este espectáculo de o ver a ser morto e ressuscitado dia após dia.

Paradoxal

Hoje faleceu Arafat! Precisamente, no mesmo dia em que os franceses celebram o Armistício da Grande Guerra! Será, que com a morte de Arafat, Sharon vai dar também ele tréguas aos Palestinianos?

terça-feira, novembro 09, 2004

EUA e Bush

Reflexões interessantes:

Do Luciano Amaral, sobre a geração representada por Kerry, n'O Acidental.

Dois posts muito interessantes do Filipe Alves, sobre a (falsa) superioridade moral da Europa sobre os EUA, aqui e aqui. Concordo inteiramente.

Bela Iniciativa

No Jornal o Público desta manhã vem uma grande entrevista com António Lobo Antunes, para comemorar os seus 25 anos de carreira. Porque, é em vida que se deve demonstrar aos grandes homens da cultura o quanto eles contribuem para o nosso enriquecimento pessoal, ao lermos os seus livros, mas também para toda uma nação e cultura lusitânia, que felicito este gesto.
António Lobo Antunes é hoje homenageado no Teatro São Luiz. Esta bela iniciativa vai também permitir lançar o seu novo livro. Para os mais curiosos e amantes da escrita de Lobo Antunes deixo-vos o privilégio de descobrir na vossa livraria preferida o seu último livro.

quarta-feira, novembro 03, 2004

Mau jornalismo

Numa revista conceituada portuguesa veio uma reportagem que me arrepiou, quando me dei conta da forma como era tratado o tema da maternidade na adolescência. Em primeiro lugar é um tema que me toca profundamente e em segundo os casos aí tratados são meus conhecidos.

Considero que houve por parte do (a) jornalista uma falta de ética profissional ao não preservar a identidade das pessoas retratadas nessa reportagem. O objectivo de um artigo deste género é o de informar, dar conta de uma realidade não é por a nu a identidade, a imagem de jovens que já por si fragilizadas pelas suas histórias de vida quanto mais expor as suas fotografias, os seus nomes verdadeiros, assim como o dos seus filhos.

É um erro profissional muito grave em meu entender revelar desta forma a identidade das pessoas sem pensar nas consequências para essas mesmas jovens. Apesar de estas darem o consentimento para falarem da sua história, isso não dá direito de utilizar a informação sem o mínimo de cuidado!

A história de vida destas jovens é infelizmente a de muitas outras mães adolescentes, então não vejo o motivo para personalizar em demasia casos específicos. Se a função da reportagem é de alertar a opinião pública para a questão do ser-se mãe na adolescência, não haverá necessidade de destacar desta forma jovens com fotos e com os nomes verdadeiros. Elas já se sentem por vezes estigmatizadas e sentem desconfiança perante os adultos e instituições que pretendem ajudá-las agora por favor não venha um repórter dar cabo de todo um trabalho feito no sentido de proteger e salvaguardar estas jovens.

terça-feira, novembro 02, 2004

Se fosse americano (continuação)

Enquanto esperava ter tempo para poder explicar a razão da minha opinião, tive oportunidade de ler o post que JPP sobre este mesmo assunto, e parece-me que a razão por ele apontada é de facto a fundamental. Ninguém ignora os erros que Bush cometeu, mas a política que ele tem seguido é essencialmente a correcta.

Em política interna parece-me haver muito a apontar a Bush, embora não menos a apontar a algumas ideias de Kerry como a do proteccionismo para defender empregos. É a política externa que acho mais importante avaliar, e Kerry acabou por adaptar o seu discurso à ideia de que fará no essencial o mesmo que Bush, apenas de outra forma. Na verdade não sabemos muito bem o que virá dali, e pelo menos em Bush os americanos têm alguém de quem sabem o que podem esperar. Olhando para a base de apoio que suporta Kerry, não é de esperar que saiba manter a mesma firmeza e força de vontade nas muitas decisões dificeis que ainda é preciso tomar. Não basta ser um "não-Bush" para fazer melhor.

Segundo a Economist há que escolher entre o Incompetente e o Incoerente. Pois bem, eu prefiro quem escolheu o caminho certo e em muitos casos mostrou incompetência para o seguir, do que quem não tem sequer um caminho e irá certamente seguir o mais fácil, e errado.

É uma pena que tão poucos consigam ver, um pouco que seja, para além da imagem de atrasado mental que Bush parece representar, as questões tão importantes que nesta eleição se vão decidir. É uma pena, e é preocupante.

Se fosse americana

Hoje votaria John Kerry!

Se fosse americano

hoje votaria Bush.

segunda-feira, novembro 01, 2004

Curso de Condução Defensiva

Por um mero acaso, tive este Sábado a oportunidade de participar num Curso de Condução Defensiva, leccionado pela CR&M. Fui sem saber ao que ía, e sem qualquer expectativa em especial, mas o resultado acabou por ser tão interessante que acho importante dar aqui o testemunho.

Começámos por fazer uma análise de acidente, observando as várias causas e factores inerentes ao meio, veículo e condutor, assim como a atitude que devemos colocar na nossa condução, ou a correcta posição de condução e maneabilidade. Falámos ainda de como a atenção e a velocidade de reacção são factores importantes para se evitar o acidente, e da questão da distância de travagem e paragem, e de como com o aumentar da velocidade o condutor vai perdendo a capacidade de avaliar as distâncias.

Durante a tarde pudemos aprender qual a forma correcta de enfrentar travagens de emergência com e sem ABS, com e sem desvio de obstáculos, e de como controlar o veículos em situações de sub e sobre viragem. E isto com oportunidade de testar nos veículos aquilo que nos havia sido ensinado como as formas correctas e incorrectas.

Ao contrário do que esperava, a formação acabou por ser muito interessante e contrariar algumas ideias de senso comum. Para dar um exemplo, quantas pessoas sabem que numa travagem de emergência se deve carregar SEMPRE na embraiagem, porque o contrário só ajuda a que o carro entre em desiquilibrio e se descontrole? E mais ainda, será normal que este tipo de conceitos elementares (mas infelizmente tão pouco conhecidos) não seja dado quando se tira a carta?

Acredito que todos saimos da formação a saber mais sobre como devemos conduzir, e mais conscientes das nossas limitações e de como os nossos erros e/ou descuidos podem ter consequências tão graves. As coisas que pude aprender foram como um banho de humildade, e acrescentado a isso o excelente atendimento e a filosofia de qualidade no ensino só posso dizer a quem tenha oportunidade de frequentar o curso que o faça pois vale bem a pena!

E, por fim, será que o investimento neste tipo de formação não produziria mais resultados do que a simples repressão e autêntica caça à multa a que assistimos no nosso dia-a-dia?

Ar fresco

Há pessoas que dá gosto ouvir, mesmo não concordando eventualmente com partes do que é dito. A verdadeira liberdade de espírito e de pensamento é tão rara de se ver que, quando vista, não deve deixar de ser elogiada.

Vale a pena ler a reprodução que o Público faz da entrevista a António Barreto.

quarta-feira, outubro 27, 2004

No Respublica

...vale a pena ler o post 1, 2 e 3 a propósito do caso Buttiglione, e de como o politicamente correcto, a propalada "open-mindness" e o progressismo encapotam uma intolerância gritante. Aliás, é curioso verificar como hoje em dia tantas e tantas vezes as posições chamadas liberais expressam uma intolerância ainda maior que as posições mais conservadoras relativamente aos "outros" comportamentos, principios e formas de estar na vida.

domingo, outubro 24, 2004

Novos fenómenos turísticos

É a segunda vez que num curto espaço de tempo dois fenómenos “artístico-literários” têm um impacto na procura turística de Paris. Eu estou a falar em primeiro lugar do filme “Amélie Poulain” que de recorde de bilheteiras mundial passou a ser um motivo para visitar Paris, para fazer o percurso da vida da personagem principal do filme: “Amélie”.

Estes novos tipos de turistas não dispensam uma ida a Montmatre, ao Café onde a heroina trabalhava, e sobretudo não dispensam trazer um “souvenir”, isto é a colher de café que usurpam ao proprietário do mesmo! Os turistas apreciadores e amantes do filme de Amélie passaram a ir a este ilustre desconhecido café de Paris que depois do filme de “Amélie Poulain” passou a ser conhecido como o café de “Amélie”.

O segundo fenómeno mais recente é o do livro “o Código da Vinci” que em parte se passa em Paris, e tem agora um impacto no tipo de turistas que procuram os locais indicados no livro e pretendem reviver o romance. Assim, o Louvre tem hoje visitas guiadas em que o (a) guia anda com O do Código da Vinci na mão e em determinados momentos se lêem passagens do livro. O Código da Vinci teve outro impacto que não só no Louvre, a igreja de Saint Suplice que outrora visitada por alguns turistas hoje encontra-se invadida pelos aficcionados do Código.

Agora, o padre responsável de Saint Suplice é que já não acha tanta piada e viu-se obrigada perante tal corrupio a escrever em grande em todos os locais visíveis, aqui não houve nenhum assassinato. É no mínimo engraçado como um romance de ficção ou um filme podem mexer tanto com a curiosidade e interesse das pessoas.

sexta-feira, outubro 22, 2004

Espaços de "viajantes"

A viagem do Pedro fez-me lembrar que há locais, lugares públicos, onde me sinto bem e me fascinam. São espaços onde a nossa imaginação e criatividade cruza o olhar distraído, atrapalhado ou apressado de um turista, homem de negócios, (e)imigrante...
Estes locais que se situam num determinado sítio, país, região são pontes transitórias para outros destinos. Um pessoa quando está lá já sente que a sua mente começa a viajar, porque existe o desejo, o projecto concreto de uma viagem imediata ou o regresso de uma ou por e simplesmente a imaginação nos transporta para lugares longínquos dos destinos apresentados por paneis lumiosos e uma voz a anúciar a partida e chegada de destinos alguras numa parte do globo.
Estes locais de encontros, desencontros, de separações temporárias e regressos trazem emoções de felicidade, entusiasmo, ou tristeza. Já passei grandes momentos nestes locais que me apaixonam. Estes locais são os Aeroportos e Estações de comboio de longo curso. Os espaços "viajantes" são uma viagem imaginária de cruzar culturas e destinos.

segunda-feira, outubro 18, 2004

Até já

Vou fazer umas férias de blog até dia 27, e conto escrever depois sobre as minhas impressões de Londres. Até já!

quinta-feira, outubro 14, 2004

terça-feira, outubro 12, 2004

Nuvens negras

Todos nós encontramos no nosso quotidiano pessoas negativas que passam o dia, os meses, os anos, ou seja, a vida toda a dizer mal da sua própria vida. Estas personagens têm sempre algo de errado. Essa situação verifica-se porque os outros lhe estragam a vida. Os outros e o exterior são também responsáveis pelo facto de se sentirem tristes, mal amados, doentes. E sabem porquê? Porque a mulher ou o marido não o compreende, aliás os filhos também não, o patrão só o explora, o país vai mal e então nessas nuvens negras encontram todas as justificações do mundo para serem o menos optimistas possível. É uma lenga-lenga de lamúrias de deixar o ouvinte completamente de rastos e zangado com a vida ao ouvir esta nuvem negra.

Quando avistamos a nuvem negra, ao longe, tentamos esquivar-nos. Se damos de caras com ela pensamos para os nossos botões, já me vai desenrolar o rosário de problemas. Então desligamos e fazemos de conta que estamos a ouvir e acenamos com a cabeça ou concordamos com tudo para encurtar a conversa.

É óbvio que todos temos problemas e que nem sempre as coisas são fáceis, agora as pessoas do tipo nuvem negra esquecem-se que não são as únicas a ter problemas e vitimizam-se. Pois, cada um é responsável pela sua forma de viver e estar na vida. Existem aqueles que só pensam nos problemas aumentando-os e temos os outros que tentam não pensar muito e deixar que as coisas se vão resolvendo sem fazer drama. É a nossa maneira de pensar a vida e de a encarrar que faz com que sejamos mais ou menos optimistas e sem dúvida mais agradáveis para quem convive connosco.

sábado, outubro 09, 2004

Estupefacção

A minha reacção no que toca ao caso Marcelo varia entre a estupefacção e a incredulidade. Como é possível tudo isto se estar a passar? Não é apenas a tentativa de censura em si mesma, mas a forma óbvia e despudorada como está a ser levada a cabo que nos devia chocar a todos.

Um ministro resolve tecer as considerações que teceu sobre as opiniões emitidas por um comentador, sobre o facto de esse comentador ter o espaço e as condições que tem para as emitir, e remata apelando à intervenção da Alta Autoridade para a Comunicação Social para resolver o assunto. O comentador diz que a resposta segue no seu comentário do próximo domingo. Mas, entretanto, o director do grupo que detem a cadeia de televisão em que esse espaço de comentário tem lugar convoca-o para uma reunião, e o comentador anuncia que os seus comentários terminaram.

Este é o relato factual da cadeia de acontecimentos e parece-me que se pode concluir, pelo menos, o seguinte: Não foi por iniciativa de Marcelo que os seus comentários cessaram. Logo, é evidente que houve "algo" nessa reunião que o levou a tomar essa decisão, e é ainda evidente que a esse "algo" não foi indiferente o facto de o ministro ter feito as declarações que fez.

O jornais comentam que os accionista do Grupo Media Capital vinham a sentir-se incomodados com o facto de os comentários de Marcelo na TVI poderem prejudicar oportunidades de negócio para o grupo. Como se não fosse suficiente, vem-se a saber (vale a pena ler o quem escrito o Abrupto e outros sobre o assunto) que o governo encetou contactos com outros países na UE para verificar se, nos respectivos países, havia programas de televisão em que um comentador com perfil político fazia análise à vida política interna sem ser sujeito a contraditório (meu deus, será que isto é de gente normal?), informação que o ministro vem depois usar como argumento. Para terminar, parece que Santana Lopes já havia assumido perante o PSD a intenção de intervir na Comunicação Social.

Algo de muito errado se está a passar...

quarta-feira, outubro 06, 2004

O PCP - "Monarquia" disfarçada de "Democracia"

É curioso que um partido político como o PCP que tem por pedra de toque a liberdade, a democracia e a igualdade não tem essa preocupação, dentro da sua própria estrutura interna, mais parece funcionar como uma monarquia, do que uma democracia.

Quando os militantes de base ou os militantes em geral sejam eles da ala mais conservadora ou renovadora não têm direito de se pronunciar quanto ao futuro do partido para mim isso é uma castração à liberdade. É que neste partido a sucessão efectua-se como se de uma monarquia se trata-se em que alguns notáveis do partido e o secretário cessante escolhem o sucessor ao "trono" sem que se oiça a voz do povo. Aqui a boa democracia que permite a cada um de forma livre decidir quem gostaria ver à frente do partido, é esquecida!

Apregoa-se a Democracia para os outros e para fora do partido, mas dentro da própria casa exerce-se uma monarquia ideológica, basta lembrar o afastamento de alguns comunistas mais renovadores do partido, só porque as suas ideias não agradavam ao secretário geral e aos mais conservadores. Mas que democracia partidária é esta onde não se respeitam as várias opiniões dentro do mesmo partido. De algum modo este post vai de encontro com as ideias defendidas pelo Pedro no post "Mau sinal", relativamente ao não respeito pela diferença de opiniões.

terça-feira, outubro 05, 2004

Mau sinal

A dificuldade em conviver com a diferença de opinião mostra intolerância, é empobrecedora, é limitativa e, em política, costuma acabar por ser contra-producente.

É mau sinal que seja permitido a um Ministro da Presidência pronunciar-se desta maneira sobre as opiniões proferidas por um comentador político. São reacções e "tiques" geralmente sintoma de nervosismo e fraqueza.

quinta-feira, setembro 30, 2004

Canal alternativo ou elitista?

Embora não seja uma grande apreciadora de televisão, sobretudo quando os canais nacionais têm a programação que têm! Existe um pequena excepção! Após as alterações decididas e feitas nos canais públicos pensei, que o único canal de televisão que não embrutece e nos leva a reflectir e exercita a nossa capacidade crítica, tivesse totalmente desaparecido. Tenho vindo a constatar através de alguns programas e também da sua programação, que esse mesmo canal apesar das alterações permanece com uma vertente essencialmente ligada à cultura e a erudição, o que sinceramente me agrada. Claro não é como dantes, mas mesmo assim…

Alguns dirão que um canal público de televisão não tem que ser para uma pequena minoria elitista de intelectuais de "esquerda", intelectuais no geral. Mas se não for o Estado à financiar e a apoiar uma cultura de erudição, mesmo que seja uma minoria, como é que essa cultura pode existir. Afinal está-se na era da defesa das minorias mesmo que seja em termos de gostos culturais!

A meu ver neste mesmo canal com uma vertente cultural ele permite dar a conhecer uma cultura alternativa que nenhum outro canal propõe, porque está à caça das audiências. Há quem diga que quem quer cultura paga-a! Discordo no sentido em que ao termos este canal dito alternativo e cultural também o acesso de uma cultural para elites chega ao Zé povinho e ele tem oportunidade de ver, conhecer e eventualmente aprender a gostar de uma forma de cultura que de outra forma não tem acesso e também porque desconhece. Para se mudar hábitos culturais tem que se lhe oferece outras alternativas e dar a conhecê-los através de um meio que chega directamente a casa das pessoas, e aí nada como um canal de televisão.

terça-feira, setembro 28, 2004

Democracia madeirense

Um presidente do Governo Regional vai, em plena campanha eleitoral, inaugurar um jardim público. Os antigos proprietários dos terrenos, por sinal ingleses, acham por bem aproveitar a cerimónia para protestar contra uma expropriação que consideram injusta e ilegal.

Resultado? Uma situação embaraçosa, diriam vocês. Mas não só, calma... convém lembrar que estamos a falar da Madeira. Aqui os problemas têm uma solução muito mais simples: a polícia agarra no casal que protestava, leva-o para a esquadra (suponho eu), e está o assunto resolvido. O presidente segue depois para o púlpito, no qual discursa contra a exploração desumana a que, noutros tempos, os ingleses sujeitavam os trabalhadores. (continua)

segunda-feira, setembro 27, 2004

Coisas que não se percebem

Dentro dos muitos exemplos que seria possível dar, o das corridas de carros impressiona-me particularmente. A polícia devia guardar algum do excesso de zelo que emprega para conseguir multar algumas das transgressões que muitas vezes não representam perigo algum, para acabar com este escândalo das corridas ilegais. Deixo aqui a pergunta pertinente do JPP:

"Como é que é possível haver muitas centenas de pessoas a assistir às corridas ilegais, em estradas que toda a gente sabe quais são, sem a polícia o impedir, prender os condutores, tirar-lhes a carta e os carros? Expliquem-me."

sábado, setembro 25, 2004

Esquerda "democrática"

No debate que houve a três, entre os candidatos a líder do PS, pude confirmar o que já aqui tinha comentado sobre a posição de Manuel Alegre e João Soares no que toca à necessidade de haver referendo para alterar a lei sobre o Aborto. Ainda assim, consegui ficar particularmente estupefacto com a intervenção do João Soares sobre o assunto. A descrição do problema merece ser referida; parece que a esquerda se deixou, ingenuamente, levar para o engano do referendo, que depois perdeu, e não poderia voltar a cair no mesmo erro de perguntar aos eleitores o que pensam sobre o assunto, prosseguindo depois pelo argumento de que o resultado do referendo não foi sequer vinculativo, por ter tido uma participação inferior a 50%.

E eu pergunto: nas eleições europeias, onde a participação foi bastante inferior aos tais 50%, passa pela cabeça de alguém usar esse argumento para pôr em causa a legítimidade democrática dos resultados e da distribuição de mandatos que daí adveio? E pergunto ainda: pode passar pela cabeça de alguém, independentemente de concordar ou não com a ideia de haver referendo sobre uma matéria como o aborto, que depois de um resultado e de uma vontade expressa pelo voto se faça exactamente o contrário sem nova consulta popular?

Isto é de puro bom senso e pudor democrático! Não paro de me espantar com o desdém que alguns arautos da esquerda e da "democracia" (não só na esquerda, como é evidente) demonstram pela vontade das pessoas comuns, expressa pelo voto, quando não vai de encontro ao que estes entendem como a "razão". Sendo esse o caso, nada mais natural que impôr a tal "razão", em proveito de um suposto bem comum para o qual eles, os iluminados, fazem o favor de nos encaminhar.

segunda-feira, setembro 20, 2004

Refinaria da GALP

Um artigo interessante do Miguel Sousa Tavares, no Público de 6a passada. Não estou tão certo quanto ele sobre o Ministro do Ambiente ser algum tipo de exemplo perante os restantes, no que toca a servir convicções e não interesses. Mas é certo que parece haver uma certa inversão de valores quando, por uma vez, um inquérito parece surtir resultados e o ministro responsável é criticado por isso.

Não ouvi a conferência para poder comentar o tom mas, do que li nos jornais, não me parece que alguém tenha posto em causa a credibilidade das conclusões. Tendo em conta a sua gravidade, era sobre elas que o Ministro da Economia devia ter tido a preocupação de se pronunciar.

Clean up the World

No passado fim de semana várias associações ambientalistas marcaram esta acção mundial que no meu entender deve ser destacada! Pois, a Quercus, o Olho vivo entre outras associações espalhadas pelo país realizaram uma acção de sensibilização ambiental, através da limpeza de sítios naturais com relevância, tais como área protegida do Parque Natural de Sintra- Cascais. Pode até parecer uma coisa insignificante mais é aos poucos e pouco com iniciativas como esta, que se vão mudando as coisas e sobretudo as mentalidades!

sexta-feira, setembro 17, 2004

Taxas Moderadoras e Justiça Social

Em comentário ao post da Maria, gostava de voltar a dizer alguma coisa por me parecer que o tema vem um pouco no seguimento do que temos discutido sobre as propinas, e acho importante para se perceber alguns dos mitos e ideias erradas que se criou em Portugal sobre a suposta "preocupação" e "consciência social".

Resumiria o argumento exposto pela Maria da seguinte forma: O Sistema Nacional de Saúde (SNS) é um espelho das desigualdades que existem na sociedade. Como tem pouca qualidade na forma como presta os seus serviços, os ricos preferem aceder a serviços privados, e só os mais carenciados e sem alternativa é que a ele recorrem. Conclusão: As taxas moderadoras vão ter como único efeito prejudicar os mais carenciados.

1. Não vejo qualquer problema que os mais ricos não queiram usar o SNS. Cada um deve fazer aquilo que entender que mais lhe convém, e neste caso, como no da educação e de outros, a concorrência da iniciativa privada é um elemento saudável. Só é grave no sentido em que isso possa ser entendido como um sintoma de que o SNS não presta um serviço com qualidade considerada mínima ou razoável.

2. Tal como na questão das propinas, o justo é que quem tem rendimentos altos passe tendencialmente a pagar os serviços que lhe são prestados, e quem tem rendimentos baixos continue a não pagar, para que no fim haja capacidade do estado prestar serviços com maior qualidade aos seus cidadãos. Daqui não decorre que os mais necessitados sejam prejudicados, bem pelo contrário!

3. Existem, pelo menos, dois argumentos fortes contra esta ideia. Um é o facto de as declarações de IRS (utilizadas como base para determinar qual o rendimento dos cidadãos e, consequentemente, se devem pagar mais ou menos pelos serviços) infelizmente e como todos sabemos valerem o que valem. E outro é o eventual pesadelo burocrático que daí adviria.

Quanto ao primeiro o estado deveria tornar-se mais eficiente no controlo de rendimentos das pessoas. Mesmo que isso não aconteça (e bem sabemos como é provável), e apesar das muitas injustiças que se veriam, o certo é que os mais carenciados de certeza não passariam a pagar mais por isso e os mais abastados passariam tendencialmente a faze-lo. Quanto ao segundo ainda menos o sei avaliar, mas confesso que me causa algum receio.

4. Ainda assim, e tendo em conta a limitação de meios que existe, e existirá sempre, esta parece-me a solução racional para que o estado tenda a usar o seu orçamento e gerir os seus recursos de uma forma mais eficiente e socialmente mais justa.

Colocação de Professores

Recordo-me aqui há uns tempos de ouvir o Ministro da Educação dizer que não podia garantir que não voltariam a acontecer problemas na colocação de professores e com o início do próximo ano escolar. Pelo que temos visto parece que sabia do que falava.

Alguma coisa está muito errada quando ano após ano os problemas se sucedem de forma quase previsível, como se tratasse da coisa mais natural ou daquelas inevitabilidades sobre as quais não vela a pena queixarmo-nos muito, e sem que se mexa uma palha para os corrigir. Tem de haver um responsável e de se perceber o que é preciso mudar. O que não faz sentido é o que se tem feito, que é todos sabermos de antemão que para o ano tudo voltará a acontecer e nada se fazer sobre o assunto.

quarta-feira, setembro 15, 2004

Taxas moderadoras

A polémica das taxas moderadoras levanta a questão das desigualdades crescentes que se verificam na sociedade portuguesa.
Não é o princípio em sim do aumento das taxas moderadoras na saúde que me aborrece, se fosse para termos um atendimento mais eficaz e humanizado nos centros de saúde e hospitais públicos. O que na minha opinião vai acontecer é apesar dos aumentados tudo vai continuar na mesma. Com agravante de que os que realmente precisam do sistema público de saúde, porque são os que mais precisam por não fazem nenhum tipo de medicina preventiva por falta de conhecimento e de possibilidades económicas é que vão sentir na pele o aumento.

Não há sistema mais hierarquizado por classes sociais que o nosso sistema de saúde. Temos os reformados com baixas pensões, os desempregados e as famílias com poucos recursos que recorrem ao sistema público de saúde. E depois temos os funcionários públicos, ou de outras instituições corporativas, os bancários ou os professores que têm o seu próprio sistema de saúde e por fim temos os abastados que podem pagar os cuidados de saúde no privado e que para além disso fazem uma medicina preventiva.
De que servem os aumentos? É supostamente para que os mais ricos paguem pelos mais pobres só que os mais ricos já têm os seus próprios sistemas de saúde e raramente recorrem ao sistema público (isto é centro de saúde), só em casos excepcionais como as cirurgias é que recoorem aos hospitais púbicos.

sábado, setembro 11, 2004

Os estudantes

Já agora, e metendo-me um pouco na "conversa" entre o post anterior da Maria, e o comentário da Pop Zé, gostava de dar a minha opinião sobre o assunto.

1. Começando pelo fim, é evidente que as pessoas são hoje em dia bem menos ignorantes do que eram há 10, 20 ou 30 anos atrás. As formas de cultura mudam, mas é claro que neste momento o comum das pessoas tem agora mais conhecimento do que era normal em tempos passados.

No entanto, visto por graus de ensino, não se pode dizer o mesmo. Houve uma expansão brutal do sistema de ensino, em particular no secundário e superior, e a qualidade e a exigência tiveram de ceder à quantidade. É uma tendência que deve e tem de ser invertida, mas existe e é notória. É um desafio do nosso sistema de ensino, a que infelizmente a mentalidade portuguesa não ajuda.

2. É perfeitamente normal que os pais façam todo o esforço para criar os seus filhos da melhor forma, e isso inclui garantir que têm o apoio necessário para ter sucesso nos estudos. Como é natural que cada um se vista como quer e pode. Essa não é a questão. A questão é que aqueles que dão a cara pela luta contra as propinas (e já aqui tive oportunidade de dizer como acho que essa luta faz pouco sentido) são alunos para quem, com poucas excepções, o aumento das propinas para o seu dobro ou o seu triplo não faz qualquer diferença assinalável.

3. E o que dizer sobre a representatividade dos alegados "representantes" dos alunos, que tanto vivem esta luta? As aspas não estão aqui por acaso. Vai fazer dois anos que deixei de ser aluno, e sei muito bem como funcionam as eleições e as associações de estudantes das universidades, e o quão pouco eles representam.

Quanto à sua apaixonada luta contra as propinas, o percurso académico da maior parte destes senhores é por si só suficiente para demonstrar o quanto valem os limitados argumentos que usam. A culpa de chegarem à liderança das associações é também dos alunos que não participam? Em parte será. Mas que estas lutas são em grande parte estranhas ao comum dos alunos, não tenho qualquer dúvida.

4. Temos a constituição que temos, e resta-nos o consolo de saber que já foi bem pior. A verdadeira justiça é a de garantir que ninguém, com o devido mérito e vontade, deixe de poder aceder ao ensino obrigatório ou à universidade por falta de condições económicas. Isso faz-se não só isentando de propinas os mais necessitados, mas apoiando-os verdadeiramente, com uma acção social realmente efectiva.

Justiça social não é, certamente, subsidiar o estudo dos ricos com propinas meramente simbólicas e através de impostos pagos por todos, inclusivé pelos mais pobres e necessitados, cujos filhos só muito raramente chegam à universidade, e muitos nem o ensino obrigatório concluem.

sexta-feira, setembro 10, 2004

Ser estudante hoje

O inicio do novo ano lectivo suscita algumas reflexões sobre o que é ser estudante nos tempos actuais em Portugal. A ideia de escrever este post veio depois de ler um artigo de Clara Ferreira Alves da revista do Expresso do fim de semana passado. Um artigo muito pertinente. Quero só citar esta passagem muito significativa. " Só ouvimos falar em estudantes quando um grupo de fedelhos sem causas maiores anda por aí com cartazes e jeans de marca registada a clamar não ter dinheiro para as propinas, tentando que a gente trabalhadora os leve a sério. No meu tempo, à porta universidade não tinha um carro e contavam-se pelos dedos os meninos que andavam de carrinho." Clara Ferreira Alves

Concordo plenamente com o que ela diz só quero acrescentar que em grande parte os pais são também os responsáveis por esta situação. Em primeiro lugar só facilitam a vida a sua progenitura, mesmo que para isso tenham que trabalhar noite e dia. Para que o seu "orgulho de estudante", possa usar a camisa da Gant, os sapatos vela…e deixando de citar tudo o que homogeneiza todos esses estudantes. Quanto ao nível cultura esse esta cada vez mais baixo. Pior é que quando existe um grupo de estudantes que se distingue pelo seu brilho intelectual é tratado de "o grupo dos cromos".

quarta-feira, setembro 08, 2004

Legalização dos imigrantes

Com a visita do nosso Primeiro Ministro ao Brasil está na agenda política a situação da legalização dos imigrantes brasileiros em Portugal. A legalização dos estrangeiros a residir em Portugal não tem que ser feita em função da proximidade ou não das nações. Há que ter critérios de igualdade de oportunidades para todos os imigrantes, tendo em conta determinados requezitos. Não devemos só dar um cartão de residente! Para integrar é preciso dar a conhecer a nossa língua, cultura, hábitos e costumes.

Por isso, sou de opinião que o cartão de residente só deve ser atribuído a todos os imigrantes independentemente da sua nacionalidade ou credo religioso, depois de um acordo contratual entre o imigrante e o SEF ou outra instituição. Este contrato estabeleceria o compromisso dos estrangeiros residentes no nosso pais de aprender um mínimo da nossa língua, mas também o de conhecer os seus direitos e deveres na sociedade portuguesa.

A "esquerda" no seu melhor

Ouvi na TSF que, num debate entre os 3 candidatos à liderança do PS, só José Socrates defendeu a realização de um referendo para mudar a lei do Aborto. É curioso os arautos da verdadeira esquerda, donos e senhores da legitimidade e boas práticas democráticas, acharem perfeitamente natural que uma lei depois de ser recusada em referendo possa ser imposta em parlamento.

É muito discutível que uma matéria como o Aborto seja decidida por referendo. Mas, depois de uma alteração ser chumbada pelo voto directo dos cidadãos, parece-me evidente que esse chumbo só poderá ser revogado mesmo voto directo.

Ingenuidade e Hipocrisia

Por ser um problema complicado, por mexer com valores e príncipios fundamentais, o Aborto é daqueles temas que exaltam os ânimos e em que um e outro lado do debate mais se tornam cegos pela "ideologia". Não sei se por isso, ou por causa disso (provavelmente por um misto das duas), é dos temas mais fortemente instrumentalizado no debate político

A prpósito da ingenuidade de alguns, e a hipocrisia de outros, este post do Mar Salgado vale a pena ser lido (Tomo a liberdade de o transcrever):

"DAR UTILIDADE ÀS COISAS: A traineira ao largo da Figueira da Foz, se estivesse realmente interessada na saúde das pessoas, bem que podia ir aproveitando o tempo e as magníficas condições clínicas do contentor amarrado com cabos amarelos para umas operações ao apêndice ou às amígdalas, distribuição de aspirinas e curativos simples. Há que não deitar fora uma ideia genial e seria muito mais produtivo que este barco andasse pelos mares fora a curar efectivamente doentes e a auxiliar os diversos serviços de saúde dos países mais carenciados. Sempre era mais útil.Quanto aos que generosamente têm andado a enviar mantimentos e bebidas para bordo, se querem verdadeiramente ajudar as mães carenciadas, recordo que há muitas que passam necessidades e mesmo fome para educar os seus filhos e que há inúmeros sítios onde se podem entregar mantimentos para lhes serem remetidos. Podem entregar também brinquedos, mesmo velhos, as crianças gostam de brinquedos."

segunda-feira, setembro 06, 2004

Ainda o Código da Vinci

Tive oportunidade de sugerir aqui há uns tempos, ao Filipe do Respublica, se não estaria interessado em fazer uma espécie de dissertação sobre um tema tão interessante quanto o abordado pelo Código da Vinci. Até ao momento o resultado são dois post (este e este) muito interessantes sobre o assunto, e que comprovam o Respublica como um blog a acompanhar.

Mostrar o que tem de ser mostrado

Na minha opinião boa parte do que a Maria diz sobre os meios de informação faz algum sentido, mas para casos como o da ponte de Entre os Rios, em que a cobertura noticiosa revelou uma falta de respeito lamentável pelo sofrimento vivido por aqueles pessoas. Estou-me a lembrar de algumas daquelas entrevistas descabidas a pessoas que tinham acabado de perder alguns seus próximos...

Não me parece que agora seja o caso quando lidamos com acontecimentos como o dos reféns na escola de Beslan, na Russia, ou outros do mesmo tipo que cada vez se revelam mais comuns. Não faria sentido que perante o drama e a tragédia do episódio, fosse outra notícia a abrir e ocupar os olhares dos media e do mundo. Nem estou a ver que toda essa atenção venha de algum tipo de manipulação ou conspiração por parte dos terroristas. Ela vem, antes de tudo, da importância e ameaça incontornável que este tipo de acontecimentos e actos representa para a nossa sociedade, e essa é essencial que fique clara aos olhos de todos nós.

Terrorismo televisivo

As imagens que indignaram, chocaram e apavoraram o mundo, chegaram até nós através dos meios de comunicação, e sobretuddo audiovisuais. Estes têm por legitimidade o direito de informar! Qual será a forma mais adequada?
É a de nos bombardearem com os acontecimentos de grande violência, para além daquilo que muitas vezes pensamos que o ser humana é capaz de fazer. Agora coloco uma questão será que não estão a "colaborar" com os terroristas? Quero eu dizer com isto que a repetição constante deste tipo de notícias e a forma por vezes sensacionalista como apresentam a informação, só vem criar um sentimento muito grande de terror e insegurança a nível planetário! E não será justamente isso que os terroristas querem! Semear o pânico e demonstrar que eles são capazes das piores atrocidades e nada melhor que publicitar esses actos através dos meios de comunicação mundiais. Para além de que este tipo de acto inqualificável pode dar ideias a outros.
Não estão os órgãos de comunicação a serem manipulados inconscientemente pelo poderio das organizações terroristas?

terça-feira, agosto 31, 2004

Sobre John Kerry

No O Acidental, um excelente post do Luciano Amaral.

"Barco do Aborto" já ganhou?

Tenho as minhas dúvidas sobre a legalidade da decisão do Governo de proibir a entrada da embarcação em águas portuguesas, mas é acima de tudo uma decisão política. Esta proibição faz todo o sentido. Antes de mais: Concorde-se ou não com a lei, ela existe, foi aprovada por consulta popular (lembram-se?), é inteiramente legítima, e para ser cumprida e respeitada. Este é o príncipio básico de qualquer estado de direito.

A polémica com o "Barco do Aborto" e, aliás, a ideia em si da sua existência e actividade, tem a ver com tudo menos com os problemas da mulher que se possa ver obrigada a fazer um aborto. Não é preciso ser muito perspicaz para perceber isto. O seu propósito é suscitar polémica e provocar debate no sentido da liberalização da prática do aborto.

Tendo em conta a importância que veio dar ao fenómeno, e o efeito que tem de levantar os ânimos, levanta-me algumas dúvidas se esta decisão não terá um efeito contrário ao pretendido. Como aponta JPP, andar com vasos de guerra a cercar o dito barco como se se tratasse de alguma ameaça nacional é um folclore desnecessário. É o tipo de atitude que corre o risco de ser contra-producente, da mesma forma que a entrada do barco seria provavelmente contra-producente para aqueles que defendem uma posição moderada a favor da liberalização. Já todos percebemos que vai haver um referendo, e é nele, e não na agenda política imediata, que o governo deveria começar a pensar. Ainda assim, volto a dizer, a decisão não deixa de fazer todo o sentido.

segunda-feira, agosto 30, 2004

Nada de Cedências

Como em todos os jogos de poder utilizam-se armas sujas para se tentar conseguir o que se quer. No caso do Terrorismo o rapto de civís, jornalistas inocentes é sem dúvida um meio de pressão muito macabro! No caso específico dos jornalistas franceses, considero ainda mais imoral, dado que, este acto pretende obrigar um Estado Soberano a alterar a sua política interna.

No meu entender a França não deve ceder a extremistas islamicos que visam derrubar um dos princípios básicos dos governos democráticos, que é o de ser laico. A revogação da lei sobre a proibição do uso do véu nas escolas públicas, portanto laicas, só viria dar força aos extremistas e enfraquecer aqueles que de forma pacífica defendem a liberdade e a democracia.

sábado, agosto 28, 2004

Intimidade e Big Brother

A propósito do post no Respublica, sobre o Zé Maria, o Big Brother é de facto um programa de pouca qualidade, e a própria ideia por trás da sua concepção pode considerar-se perversa. Mas o problema em haver tantos se sujeitam a participar nele e, em seguida, nos que ficam do lado de cá a alimentar o "monstro" com a sua curiosidade e audiência.

Da mesma forma que há uma diferença entre quem expõe a sua vida privada nas revistas e jornais, e tentando usar isso em seu proveito (o que a longo prazo nem sempre acontece), e aqueles que se podem realmente queixar de ter a sua privacidade e intimidade invadidas.

sexta-feira, agosto 27, 2004

Um ano depois

"Terça-feira, Agosto 26, 2003

Depois de algum tempo como observador da blogoesfera resolvi fazer a experiência de passar para este lado.O tempo dirá o que este blog será ao certo ou se chegara a ser alguma coisa.
# posted by Pedro @ 04:02"

Assim começou o Ilha Perdida, fez ontem um ano. O tempo fez o seu papel e, com alturas melhores e piores, o Ilha Perdida foi sabendo encontrar o seu caminho. Em todos os sentidos, tem sido uma experiência enriquecedora.

Àqueles que nos visitam e nos acompanham, muito obrigado!

quinta-feira, agosto 26, 2004

Ilha Perdida em Festa!

A Ilha Perdida faz hoje um ano que foi encontrada pelo seu primeiro residente o Pedro. Em Abril a Maria também descobriu os encantos de viver nesta Ilha, onde há lugar para expressar e debater questões políticas, económicas, sociais e até existenciais!

Como todos os colegas bloguistas sabem esta aventura do Blog exige de cada um de nós dedicação, entusiasmo e actualização sobre o que se passa no “Mundo lá fora!”. Ao chegar ao primeiro aniversário é sem dúvida um orgulho e uma vitória para aqueles que se lançaram neste projecto. E hoje tomo a liberdade de felicitar os dois moradores da Ilha Perdida por manterem-na como um espaço de reflexão pessoal, onde se pode ler e verificar de forma aberta, a existência de mentes críticas, que reagem com os seus meios, ao que se passa à sua nossa volta.

Estão também de Parabéns, os que nos visitam e todos aqueles que fazem do seu melhor para manter este espaço cibernaútico, que é o mundo Bloguista!

quarta-feira, agosto 18, 2004

Renováveis

Talvez agora, com o aumento constante do petroleo, o país, os governantes, autarcas e empresários vão considerar a hipótese de apostar nas energias renovaveis. Afinal de contas, sol, vento e oleos usados não é o que falta por este país fora. No entanto, o que me causa alguma perplexidade é que até agora as diferentes associações ambientalistas nunca tido como cavalo de batalha a questão das energias alternativas.
Porque será que seguimos os maus exemplos dos outros e nunca os bons. Em certos países da Europa a iluminação pública é feita através de páneis solares, que também são utilizados para o aquecimento de creches, hospitais e outros edifícios públicos. Portugal tem recursos naturais em abundância e não tem que estar completamente depende de outros em termos energéticos.

segunda-feira, agosto 16, 2004

Código da Vinci

Como policial pode até considerar-se dentro do banal, mas é a teoria que tenta passar que nos agarra do ínicio ao fim. Curiosamente, até mais no ínicio que no fim (na minha modesta opinião). O livro disserta sobre a Opus Dei, uma Sociedade Secreta com o objectivo de proteger uma mensagem que vem desde o nascimento do cristianismo, a história do cristianismo, o Santo Graal, etc.

Por manifesta falta de bases para o fazer, não vou comentar a teoria que o livro apresenta. Ainda assim, e mesmo que boa parte dos argumentos possa ser de veracidade duvidosa, tem pelo menos a qualidade inestimável de nos fazer entrar e pensar em temas que geralmente ignoramos quase por completo.

Sem dúvida, um livro a ler!

Expectativas

As expectativas são a projecção rígida daquilo que queremos que as pessoas, as situações e acontecimentos sejam. As expectativas são falsas esperanças que baseamos no exterior, das quais depende a nossa felicidade. Com isto, quero dizer por exemplo que as férias de verão sem sol não são férias! O meu marido não me compra as minhas flores preferidas deixo de gostar dele, porque ele não corresponde às minhas expectativas. Essas mesmas expectativas tornam-nos ansiosos, visto que queremos que algo aconteça tal e qual como tínhamos previsto, daí as expectativas causarem dor e sofrimento, porque quando as coisas não acontecem com planeamos ficamos frustrados e infelizes. Ao ter expectativas não damos lugar ao imprevisto. Elas criam situações de inflexibilidade por parte de quem as tem.

Onde não há expectativas face aos outros, aos acontecimentos ou às situações damos lugar ao imprevisto, à surpresa, o que permite viver aquele instante da melhor maneira, aproveitando as alterações momentâneas das circunstâncias e até ficar agradavelmente surpreendido. O facto de aceitar os imprevistos e não planear nem criar, demasiadas ou nenhumas expectativas, estamos abertos para receber as coisas sem estar preso a esquemas mentais de felicidade interna. O não estar expectante permite ser livre de parâmetros internos e assim atingir um contentamento constante, sem flutuações de estados de humores que dependem ou não da concretização das nossas expectativas.

quarta-feira, agosto 11, 2004

Recordar Zéca Afonso

Recordar a pessoa de Zéca Afonso é o avivar a memória dos que foram seus contemporâneos nas lutas e ideias, mas é sobretudo o ensinar e não deixar esquecido este grande poeta e cantor da música de intervenção, não esquecendo a sua faceta de fadista na arte de fado de Coimbra.

Considero que deveria fazer parte dos manuais de história no secundário falar dos grandes homens que lutaram pelos ideais de liberdade, utilizando para isso a poesia, a música ou as artes em geral. Muitas vezes se esquece que grandes artistas à maneira deles também fizeram a revolução através da sua pintura, literatura e canção.

Vegetarianismo

Ser-se vegetariano neste momento tanto pode ser um fenómeno de moda, como uma opção de vida. No entanto, o que é de louvar é que mesmo que seja por um efeito de moda vai incutindo bons hábitos alimentares nos apreciadores deste tipo de alimentação.

É notório verificar de há uns anos a esta parte o número de restaurantes vegetarianos que encontramos pela capital e até pelo país fora. O que pode ser uma boa estratégia para regressar aos bons sabores do mediterrâneo, onde o azeite os frutos secos e a leguminosas eram a base da alimentação portuguesa. Muitas vezes, associado a este tipo de prática alimentar, está uma filosofia de vida também muito mais “zen” o que é sem dúvida uma aposta em termos de saúde. Portanto, nada como “mens sana in corpore sano!”

sexta-feira, agosto 06, 2004

Put your money where your mouth is

No excelente blog que é o No Quinto dos Impérios, encontrei este post que não resisto a transcrever:

"Afinal parece que os imperialistas Americanos e os seus lacaios Britânicos são os principais contribuintes para o fundo das Nações Unidas de assistência humanitária para o Sudão. Juntas, as contribuições de Estados Unidos e Reino Unido somam mais US$118,051,820 o que representa mais de 55% das contribuições. Dados oficiais de hoje. Dia 4 de Agosto.

Alemanha, França e, já agora a Comissão Europeia para dar uma ajudinha, somam, todos juntos, 8.87% do total de donativos.

É mesmo daquelas situações em que apetece dizer: pois..."

Finalmente!

O que se esperava para despachar o Cardoso e Cunha da TAP? Num país em que os casos de mérito, ainda para mais em empresas públicas, não são propriamente abundantes, há que aplaudir esta decisão apesar de ser puro bom senso. Só me espanta que tanto se tenha demorado a fazer o óbvio!

quarta-feira, agosto 04, 2004

Casino

Esta governação começa já com vários erros mas quero desde já apontar um que me irrita profundamente. A área metropolitana de Lisboa já tem um casino, qual é a necessidade de ter um segundo? É verdade que como presidente da câmara as ideias não eram brilhantes e infelizmente elas são levadas agora à pratica por outros. A ideia de colocarem no pavilhão do futuro um Casino é absolutamente inadmissível com tantas formas mais produtivas de aproveitar aquele espaço. O que impera aqui é só a lei do lucro imediato e da “estupidificação” das pessoas.

Porque não utilizar o pavilhão do futuro como centro de lazer que incluiria uma Biblioteca, um Centro de Animação Cultural com “ateliers” de pintura, desenho, teatro entre outros, para as pessoas e famílias que ao fim de semana aproveitam para irem à Expo. Um das grandes apostas para pensar em lucro neste país é a formação das pessoas a todos os níveis, porque são os espíritos críticos e mentes esclarecidas que permitem uma evolução social e económica mais sustentável.

domingo, agosto 01, 2004

Férias

As férias estão aí e muitas pessoas preparam-se para aproveitar o sol apanhando longos banhos de sol e de mar. Não importa a hora, nem os efeitos a longo prazo do bronze, o importante é que quando regressar a vizinha do lado tem que reparar na cor escura da pele e dizer: “aproveitou muito das férias!” E que férias... uma a duas horas de trânsito todas as manhãs até chegar à tão desejada praia. Quando chegam là há tanta gente que temos que negociar um cantinho para por a toalha, a geleira, o guarda-sol e a cadeira da avó para ela poder fazer e sua renda e nos deixar em paz.

As crianças, por sua vez, têm que evitar não deitar muita areia para cima do vizinho de praia. Senão vai haver chatices! Contudo, se deitarem também não faz mal, afinal estamos em férias e não nos queremos preocupar com isso. Depois de um dia bem passado ao sol em que tivemos que ouvir a discussões conjugais dos vizinhos de toalha, a criancinhas que nos atiram com a bola e os salpicos de água gelada dos banhista, as férias, são uma maravilha.

Regresso a casa, fila na casa de banho para tomar banho, e o marido que nunca mais chega com o frango assado! São férias e não apetece fazer jantar. Vai um frango de churrasco que as crianças até gostam. Depois do jantar nada como ir a uma esplanada cheia de gente em que mais uma vez o contacto com o vizinho de cadeira é muito próximo e a crianças pedem o terceiro gelado do dia. Só que, como estamos de férias e não nos queremos aborrecer, cedemos à chantagem afectiva das crianças. Finalmente as férias que são um motivo para a pessoa recuperar de um longo ano de trabalho acaba-se por aceitar coisas inaceitáveis tudo em nome de umas férias.

quinta-feira, julho 29, 2004

É a prevenção, estúpido!

Concordo inteiramente com o que diz a Maria. Está na hora de em Portugal se perceber que o problema dos incêndios não está na falta de meios humanos ou materiais. O problema está na prevenção, no tratamento devido da floresta. Os proprietários devem ser obrigados a cuidar do que lhes pertence, limpando áreas florestais que lhes pertencem e tendo o cuidado de garantir que, em caso de incêndio, os bombeiros consigam ter acesso. É isto que é preciso fazer. Mas o governo, ao que parece, e depois de assistir ao que sucedeu o ano passado, achou por bem não mexer uma palha para mudar a situação.

terça-feira, julho 27, 2004

Erros Incompreensíveis

Pelo segundo ano consecutivo os incêndios devoram o nosso país, sem que se tenham tomado as medidas adequadas para minimizar os tragos. No mínimo devia-se ter retirado as madeiras ardidas dos anos anteriores, mas também insistido com os proprietários para a limpeza das matas, incentivando-os a aderir a fundos europeus que financiam esse tipo de trabalho, assim como podiam ter utilizado os jovens voluntários do exercito para construírem acessos.

É incompreensível como é que uma área protegida como o Parque Natural da Serra da Arrábida não tenha acessos condignos, ou algum estrutura de prevenção e combate a fogos. Visto que é uma área protegida mais uma razão para se apostar na prevenção a dobrar. Só pode ser má gestão porque depois dos exemplos do ano passado, como o exemplo do Parque Natural do Marvão, deveria ter sido uma chamada de atenção para os outros Parques e Reservas Naturais e para o ICN – (Instituto da Conservação da Natureza) tomarem medidas.

O planeamento e concepção de planos de actuação em caso de incêndios é um elemento fundamental em termos de preservação ambiental. No entanto, ninguém do Parque Natural da Serra da Arrábida, do ICN ou mesmo da Câmara Municipal de Setúbal evocaram qualquer medida de prevenção pensada previamente para evitar tal catástrofe. Mais uma vez prefere-se remediar em vez de prevenir!

sábado, julho 24, 2004

Sinais

Estou expectante, e muito curioso, para ver no vai dar este governo. Não digo isto no bom ou mau sentido, é uma curiosidade sincera. Ainda assim, não deixo de anotar alguns sinais negativos:

1. Como compreender que uma secretária de estado tenha mudado de um ministério para o outro a uma hora da tomada de posse? Não era suposto as pessoas serem escolhidos tendo em vista uma determinada função? Achei sintomático da formação deste governo, pois a ideia que fica é exactamente que primeiro se escolheram as pessoas, e depois lá se arranjaram e distribuiram as pastas.

2. Não me choca que se fale na possibilidade de baixar impostos, mas a ideia de baixar o IRS em detrimento do IRC... (sobre o assunto, subscrevo o que diz o Luciano Amaral)

3. Que dizer desta deslocalização dos orgãos do governo? É isto que se entende por descentralização?

sexta-feira, julho 23, 2004

Guitarra Portuguesa

Hoje o maior mestre, do instrumento mais genuíno português, Carlos Paredes deixou-nos.Ele que me acompanhou durante tantas horas de estudo.Contudo, deixou-nos uma obra maravilhosa, esse som inconfundível que transporta a nossa imaginação até à Cabra da Velha Torre (Coimbra).

A guitarra portuguesa é sem dúvida a nossa voz por esse mundo fora. Ela toca e fala em bom português em nome dos portugueses e de Portugal.O som da música de Carlos Paredes entra nas entranhas eleva o que de mais lusitano existe em nós. Oiçam garanto que é pura magia.

quinta-feira, julho 22, 2004

Amizades,

Elas podem ser de tipo horizontal, em que cada amigo(a) corresponde a uma determinada faceta nossa, ou da nossa vida e com quem partilhamos um gosto particular, ou determinados momentos da nossa vida (conversas, desabafos, viagens, saídas à noite, actividade desportiva…), ou algo que nos faz sentir bem com essa pessoa sem sabermos bem porquê. É uma pessoa que aparentemente não haveria compatibilidades, mas que no fundo existe uma química mental que nos atraí, e faz-nos sentir em sintonia com ela. Na amizade horizontal cada amigo(a) têm o mesmo grau de importância.

As Amizades do tipo vertical todos são “amigos” (não verdadeiro sentido da palavra) independentemente de termos coisas em comum ou não. Guardamos estes amigos porque são amigos de infância, embora já pouco ou nada tenham haver connosco. Neste tipo de amizade hierarquizamos o grau de importância que as pessoas têm para nós, aqui para além da distinção, dos amigos das conversas de café, dos amigos só para as noitadas, dos amigos íntimos.Neste tipo de amizade existe uma preferência por alguns deles, assim como uma maior ou menor proximidade, neste caso, os amigos não são todos íntimos, porque assim não o desejamos.

Consoante a fase da nossa vida optamos por um tipo de amizades ou por outro e por vezes até fazemos uma mistura das duas formas de Amizades. No entanto, o tempo faz com que sejamos mais selectivos. As amizades são relacionamentos que também se desgastam quando não existe um evoluir de parte a parte, não se cultiva a amizade ou quando os nossos interesses mudam, então optamos por novos amigos e um novo ciclo relacional e pessoal desenvolve-se.

quarta-feira, julho 21, 2004

Cada macaco no seu galho!

Tenho para mim que as agressões e violências desnecessárias  provocadas aos animais não podem passar indiferentes a uma sociedade que se considere civilizada. Por isso, aqui há uns tempos, e a propósito de uma campanha sobre o transporte de animais em que a LPDA (Liga Portuguesa dos Direitos dos Animais) estava envolvida, resolvi fazer-me sócio. Lá fui eu ao Google procurar o site, e quando o encontro qual não foi o meu espanto ao ver que nele se convocavam os sócios da LPDA para participarem no cortejo, que então se ía realizar, contra a globalização.

Além me sabe explicar o que a luta contra a globalização tem a ver com a defesa dos direitos dos animais? Se sim, agradeço que expliquem... como não consegui compreender, e com muita pena, cheguei à conclusão que o melhor era não me fazer sócio. 

Outro tema em que todos deviam estar mais envolvidos do que se encontram: A defesa do ambiente e o respeito pelo ordenamento do território, onde ele ainda exista minimamente. Estou a pensar no exemplo na zona da Costa Vicentina, que é apenas o caso que melhor conheço. E sim, lá foi o bom do Pedro inscrever-se na LPN (Liga para a Protecção da Natureza). Hoje, estou a ver o jornal da SIC, e aparece-me o presidente da LPN a pedir a demissão do ainda quase nem empossado Ministro do Ambiente por este ter ligações a empresas no sector...

Até me parece que a escolha de Luís Nobre Guedes para o ambiente foi um pouco à pressão, e compreendo a crítica dos ecologistas de até agora nada se conhecer ou ter ouvido dele sobre o sector. Mas um ministro não poder ser ministro por já ter estado envolvido no sector que vai tutelar...? Que o PEV venha com esta conversa a gente percebe, uma associação ecologista é que não tanto.

 

Se, ao pé dos EUA, as sociedades europeias não são propriamente um exemplo de dinamismo e participação, que dizer da sociedade portuguesa? Mesmo quando se fala em sociedade civil, quantas vezes não estamos a falar associações ou organizações que se dizem provenientes da sociedade civil e, em tantos casos, só o são supostamente. A regra, infelizmente, é serem satélites de partidos e interesses políticos, que nada têm a ver com o seu anunciado objecto de actuação.

E atenção que isto não tem nada a ver com a opinião que cada um tem, pode e deve ter sobre os mais diversos assuntos, mas apenas com a legitimidade de usar associações que proclamam determinados objectivos, para perseguir outros. Quando se faz isto, apenas se está a comprometer e prejudicar a causa. Aquilo que se pensa e pretende deve ser defendido às claras e sem subterfúgios, e muito menos devirtuando outras lutas que não são menores, menos urgentes ou importantes. Cada macaco no seu galho!



Sistema de Comentários - Em fase de teste

Houve algumas razões para a opção do Ilhaperdida não ter sistema de comentários directo, mas apenas pelo mail. Ainda assim, não se perde nada por experimentar.

terça-feira, julho 20, 2004

Media - Bons hábitos

Quando da escolha de John Edwards como parceiro de John Kerry para as eleições presidenciais americanas, Mario Crespo perguntava a Luis Costa Ribas, no jornal da noite da SIC Notícias, se aquele seria o bilhete para a vitória, e  este, sem que lhe tivesse sido pedido, fez questão de esclarecer logo à partida que era apoiante de Kerry, para só depois expressar a sua opinião. 
 
O que esperam os nossos media para seguir estes exemplos de transparência e clareza? Parece que em Portugal (como no resto da Europa) os jornalistas e meios de comunicação social preferem continuar a defender os seus pontos de vista, legítimos mas subjectivos, sob a capa da "imparcialidade" e "objectividade" jornalística. Os que são realmente válidos, não precisam de falsas capas para vingar ou ser ouvidos.

Neo- Rurais,

Basta ir ao fim-de-semana ou nas férias de Verão para uma aldeia com interesse geográfico e/ ou cultural para observar que os seus habitantes já pouco têm de locais genuínos, mas passam a ser uma mistura híbrida de novos rurais à procura de autenticidade e das suas origens à muito esquecidas.

Os autóctones por sua vez acham estranho, como é que citadinos decidem ir viver sazonalmente para a sua “terra”, quando eles já poucos encantos lhe vêem a não ser o facto de ser a terra dos seus avós, pais e é onde sempre viveram. Aqui duas perspectivas contrárias se encontram, os que por terem deixado o campo e foram para a cidade (re)descobrem o encanto do viver na pacatez do meio rural.Por outro lado, existem os aldeões desiludidos com a vida do campo, porque a agricultura já não dá “nada”, como eles dizem.

Então a aldeia é apropriada pelos neo-rurais. E esta passa a ser uma micro sociedade de citadinos a (re)inventar o espaço rural, a autenticidade e a natureza e por outro temos os locais que passam a ser vendedores de tradições e de preservação dos espaços.

sexta-feira, julho 16, 2004

Inqualificável

A atitude que o governo Filipino se prepara para tomar perante o drama do rapto de um seu cidadão é vergonhosa. Vai ser a primeira cedência perante um rapto, e uma irresponsabilidade.

quarta-feira, julho 14, 2004

A diferença que faz ser do BE

Do quase clima de histeria que se seguiu à decisão de Sampaio sobre a não convocação de eleições antecipadas, já nem vou comentar as declarações da Dra Ana Gomes, mas junto-me ao Mar Salgado na perplexidade como não houve a mínima indignação com a reacção de Francisco Louça, acusando o Presidente da República de tomar decisões irresponsáveis e de ceder a interesses económicos.

Eu não quero imaginar o que seria o Paulo Portas fazer um comentário destes sobre o Presidente caso a decisão fosse a contrária...

Bem ou mal (eu pessoalmente penso que bem) Sampaio decidiu aquilo que entendeu melhor defender os interesses do país. Acima de tudo, decidiu em coerência com o que sempre havia advogado neste tipo de situações, e convinha que muitos dos que o apoiaram e agora se dizem traídos não se esquecessem disso.

segunda-feira, julho 12, 2004

Viver entre dois Mundos,

É viver entre duas culturas, duas formas de estar na vida, por vezes opostas. É ver o mundo sob dois ângulos diferentes. A questão está no adaptar a nossa forma de estar e de ser a um só mundo, enquanto que lá no fundo o outro está latente e nunca conseguimos nos separar dele.

É viver com a mais valia de ter duas culturas, duas formas de estar na vida, mas por vezes sentir-se dividido. No fundo nunca se consegue escolher, vive-se “cozinhando” um pouco das duas culturas. E não somos totalmente uma coisa, nem totalmente outra, trata-se sim de um mistura especial das duas! Provavelmente, é isso que faz com que nos sintamos diferentes e nunca totalmente preenchidos quer num contexto quer noutro, porque nos falta sempre algo.

sábado, julho 10, 2004

Continuidade!

Apesar de não me agradar a ideia, ou mais precisamente o perfil do futuro Primeiro Ministro, considero que a decisão tomada de não convocar novas eleições foi a mais acertada! Neste momento a estabilidade política tem de ser a prioridade. As alternativas, não o são neste momento, pois também eles vivem momentos de crise. Para além de que ainda não conseguiram convencer o seu próprio eleitorado de que são capazes de fazer melhor.

Embora, não sendo da tendência política deste governo, não posso deixar de lembrar que o maior partido da oposição a cada contrariedade foge dos seus compromissos, demitindo-se. Portugal precisa de homens corajosos e determinados para enfrentar a actual situação económica e não deixar as coisas a meio.

quinta-feira, julho 08, 2004

Já se faz tempo

Que qualquer decisão terá muito por onde ser criticada, parece mais que claro. Apesar dos muitos argumentos contrários, e uns são válidos mas boa parte estão longe disso, havendo uma convicção forte dos partidos maioritários no parlamento em querer concluir a legislatura, não deve ser o Presidente a impedi-los de o fazer. As opções erradas, ou eventuais clivagens que se viessem a fazer seriam julgadas no seu tempo próprio.

Sampaio também não deve procurar condicionar ou imiscuir-se na formação do governo, por isso implicar uma co-responsabilização que não cabe nas suas funções.

Já se faz tempo é de decidir!

segunda-feira, julho 05, 2004

Adeus Sofia!

“MAR

De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.”

Sofia de Mello Breyner Andresen “MAR” Poesia, editorial Caminho.

É com um profundo sentimento de respeito e de admiração que presto aqui a minha homenagem à Poetisa e Mulher, Sofia de Mello Breyner Andresen. E para isso nada melhor do que citar um dos poemas da sua Obra fantástica e inestimável!

sexta-feira, julho 02, 2004

Eleições antecipadas

1. Se o nosso sistema fosse verdadeiramente parlamentarista, e se tivessemos verdadeiros deputados que não devessem a sua eleição apenas ao partido que os coloca nas listas, mas também ao reconhecimento das pessoas pela sua qualidade pessoal, a questão das eleições antecipadas simplesmente não se colocaria.

Infelizmente, as coisas não são assim, e não é linear que o simples facto de se garantir no parlamento uma maioria de apoio a um novo governo resolva o problema da sua legitimidade. Não é correcto, por exemplo, que se compare a saída de Durão Barroso com a da Margaret Thatcher. Este é o grande problema e fraqueza de quem preferiria não ter eleições antecipadas.

2. Santana Lopes, para bem ou para mal, faz a diferença. Nesse sentido, o problema da legitimidade é agravado.

quinta-feira, julho 01, 2004

(Des)Apego

O apego às pessoas e às coisas cria uma sensação de amor e plenitude, mas é um sentimento vazio. Esse apego é muitas vezes motivo de dor, porque confundimos amor e prender o outro ou estar preso a alguma coisa. O apego torna-nos mesquinhos, calculistas e egocêntricos.

Hoje, em dia o que mais se vê, é relações de apego e muito pouco de amor. Pois, o amor implica o respeito pela diferença do outro, pela sua liberdade e por não estar preso à nada. O apego exige troca daquilo que damos, queremos que seja retribuído de igual maneira.

O desapego é uma forma de amor que não pede nada em troca, ele vem naturalmente, porque ele não prende ninguém, nem nada. O verdadeiro amor que é o desapego só ajuda a crescer as pessoas.

quarta-feira, junho 30, 2004

Ladrão de privacidade!

Quem anda de transportes ou em qualquer outro lugar público sabe que existe um objecto de estimação inseparável que toca ou vibra constantemente. Esse objecto de estimação expõe a nossa vida e a dos outros, o que é paradoxal quando o que mais desejamos é o direito à privacidade. Penso que já devem saber à que objecto me refiro, trata-se do telemóvel.

Pois, numa sociedade que promove o direito à privacidade e ao respeito pelo outro é incrível como se inventa tecnologia que expõe essa mesma intimidade e invade a dos outros. Enquanto, passamos por ilustres desconhecido nos nossos prédios, na maior parte das repartições públicas ou em qualquer outro local, graças a esse objecto maravilhoso o meu vizinho de autocarro pode ficar a saber se vou jantar fora, com quem e a que horas. Ele até pode ficar a saber o grau de intimidade que tenho com a pessoa com quem estou a falar, pela forma e pelo conteúdo da conversa.

Não é raro expormos a nossa vida em público. São exemplo disso discussões conjugais, amigas que contam o fim de semana com o tão desejado futuro namorado, ou mães que ligam para perguntar aos filho(a)s se faltaram às aulas…Muitas vezes não nos damos conta do ridículo, que é falar aos “gritoooohs” num lugar público ou na rua. Apesar destas situações contrangedoras não quero deixar de elogiar o mérito da sua existência e afinal cabe a cada utilizador ser responsável pelo tipo de conversa que tem.

segunda-feira, junho 28, 2004

No Acidental

Um post do Luciano Amaral que vale a pena ler. Não concordo com a consideração que faz de Durão Barroso de ir embora, nem com a conclusão de valer mais o Ferro genuíno que os Ferros encapotados que representa este governo. Ter o PS no poder seria certamente pior, mas concordo que "talvez assim se ajude ao aparecimento, dentro do PSD e do CDS, de pessoas verdadeiramente capazes de, em futuras eleições, finalmente proporem um programa de liberalização da sociedade e da economia portuguesas".

Nem sempre o que parece é, e este governo é um desses casos. A principal desilusão é ver que o cinto de que tanto se fala não tem sido apertado como devia, mas apenas com medidas pontuais e que não resolvem o problema real das finanças. Quando se fala em aliviar o sacrificio, confesso que fico com algum receio pelo que aí vem.

Quem diria...

que neste momento Durão Barroso estaria prestes a deixar de ser primeiro-ministro. Durão Barroso faz bem em aceitar o convite para presidente da Comissão Europeia. É uma oportunidade dificilmente repetível, e que honra Portugal. É uma forma diferente de servir o país, e não a vejo como uma fuga de responsabilidades. Ainda assim, faz sentido colocar duas questões:

Deve haver eleições antecipadas? Hoje vota-se mais nas pessoas que nos partidos e, por isso mesmo, não é linear que se possa trocar de primeiro ministro sem mais nem menos. Tenho as minhas dúvidas sobre o assunto. Pessoalmente, prefiro que não hajam eleições por ter a certeza que daí nada de bom viria para o país. Depois do aparente esforço que se tem estado a fazer, este governo deveria poder concluir a legislatura que iniciou, e aí sim ser julgado pelos resultados.

E o senhor que se segue? Aparentemente vai ser o Santana Lopes, e ele continua com o dom de despertar paixões e ódios. Ir para Presidente da Républica foi das coisas mais disparatadas que já lhe passaram pela cabeça, mas vê-lo como primeiro-ministro não me faz grande confusão. Se não colocar em causa a ideia de rigor nas finanças, até tem boas condições para resolver o problema de comunicação que persegue este governo, e manter a coesão da coligação. Não nos faz mal nenhum ter alguém que saiba agitar as águas.

quinta-feira, junho 24, 2004

Aborto (resposta)

Já aqui em tempos falei um pouco do que penso sobre o tema, e sou obrigado a discordar da Maria. Não é um tema fácil, e as duas partes têm razões e argumentos fortes. Mas a mim faz-me alguma confusão que se possa escrever e opinar sobre o aborto, sem fazer uma única referência ao feto, como é o caso. Não é uma coincidência, mas sim sintomático de um esquecimento que as pessoas têm demasiada facilidade em ter.

Discutir o aborto trata-se, essencialmente, de estabelecer as fronteiras e os limites entre aquilo que são os direitos, os problemas e os dramas legítimos da mãe (e do pai, convém não esquecer), e os do feto. E eu simplesmente não acho razoável que a uma das parte seja dado livre arbitrío para decidir sobre a outra.

Que as mulheres sejam julgadas por ter feito abortos também me suscita algumas dúvidas, mas está longe de ser a questão para se decidir sobre a liberalização (ou não) do aborto.

quarta-feira, junho 23, 2004

Aborto!

Ao realizarem este julgamento estão a querer dar um bom exemplo da boa moral e dos bons costumes. Vamos deixar de ser hipócritas não há razão para que não se legalize, dado que ele se pratica na mesma, na ílegalidade e em condições muito prejudicias para as mulheres. Aliás, se fossem as entidades públicas a fazê-lo provavelmente haveria outro controlo sobre esta prática.

Não sou a favor do aborto contrariamente aquilo que possam pensar. O aborto não pode, nem deve ser usado como meio de contracepção. E dúvido que existam mulheres que façam um aborto levianamente. A prática do aborto é uma questão que depende sobretudo da consciência de cada mulher. E tenho a certeza que nenhuma mulher faz um aborto por fazer, mas tem motivos muito sérios.

Não devemos condenar, nem julgar sem saber as razões mais íntimas para fazer um aborto. A gravidez pode ter surgido de uma relação não desejada ou de um encontro ocasional que não tinha futuro. E essas mulheres não têm que ser avaliadas, nem julgada pelas suas práticas sexuais, ou pelas decisões que tomam em relação à sua vida íntima. Quando assumem a criança muitas vezes ficam sozinhas sem apoios nenhuns, e não me venham as instituições próvida ou Estado dizer que apoiam essas mulheres, porque na prática a ajuda é muito reduzida ou fictícia.

Para, mim não pode haver pior condenação do que já sentir a culpabilidade de ter feito um aborto, quanto mais serem humilhadas face à opinião pública e aos tribunais.