Quem anda de transportes ou em qualquer outro lugar público sabe que existe um objecto de estimação inseparável que toca ou vibra constantemente. Esse objecto de estimação expõe a nossa vida e a dos outros, o que é paradoxal quando o que mais desejamos é o direito à privacidade. Penso que já devem saber à que objecto me refiro, trata-se do telemóvel.
Pois, numa sociedade que promove o direito à privacidade e ao respeito pelo outro é incrível como se inventa tecnologia que expõe essa mesma intimidade e invade a dos outros. Enquanto, passamos por ilustres desconhecido nos nossos prédios, na maior parte das repartições públicas ou em qualquer outro local, graças a esse objecto maravilhoso o meu vizinho de autocarro pode ficar a saber se vou jantar fora, com quem e a que horas. Ele até pode ficar a saber o grau de intimidade que tenho com a pessoa com quem estou a falar, pela forma e pelo conteúdo da conversa.
Não é raro expormos a nossa vida em público. São exemplo disso discussões conjugais, amigas que contam o fim de semana com o tão desejado futuro namorado, ou mães que ligam para perguntar aos filho(a)s se faltaram às aulas…Muitas vezes não nos damos conta do ridículo, que é falar aos “gritoooohs” num lugar público ou na rua. Apesar destas situações contrangedoras não quero deixar de elogiar o mérito da sua existência e afinal cabe a cada utilizador ser responsável pelo tipo de conversa que tem.
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