quinta-feira, julho 29, 2004

É a prevenção, estúpido!

Concordo inteiramente com o que diz a Maria. Está na hora de em Portugal se perceber que o problema dos incêndios não está na falta de meios humanos ou materiais. O problema está na prevenção, no tratamento devido da floresta. Os proprietários devem ser obrigados a cuidar do que lhes pertence, limpando áreas florestais que lhes pertencem e tendo o cuidado de garantir que, em caso de incêndio, os bombeiros consigam ter acesso. É isto que é preciso fazer. Mas o governo, ao que parece, e depois de assistir ao que sucedeu o ano passado, achou por bem não mexer uma palha para mudar a situação.

terça-feira, julho 27, 2004

Erros Incompreensíveis

Pelo segundo ano consecutivo os incêndios devoram o nosso país, sem que se tenham tomado as medidas adequadas para minimizar os tragos. No mínimo devia-se ter retirado as madeiras ardidas dos anos anteriores, mas também insistido com os proprietários para a limpeza das matas, incentivando-os a aderir a fundos europeus que financiam esse tipo de trabalho, assim como podiam ter utilizado os jovens voluntários do exercito para construírem acessos.

É incompreensível como é que uma área protegida como o Parque Natural da Serra da Arrábida não tenha acessos condignos, ou algum estrutura de prevenção e combate a fogos. Visto que é uma área protegida mais uma razão para se apostar na prevenção a dobrar. Só pode ser má gestão porque depois dos exemplos do ano passado, como o exemplo do Parque Natural do Marvão, deveria ter sido uma chamada de atenção para os outros Parques e Reservas Naturais e para o ICN – (Instituto da Conservação da Natureza) tomarem medidas.

O planeamento e concepção de planos de actuação em caso de incêndios é um elemento fundamental em termos de preservação ambiental. No entanto, ninguém do Parque Natural da Serra da Arrábida, do ICN ou mesmo da Câmara Municipal de Setúbal evocaram qualquer medida de prevenção pensada previamente para evitar tal catástrofe. Mais uma vez prefere-se remediar em vez de prevenir!

sábado, julho 24, 2004

Sinais

Estou expectante, e muito curioso, para ver no vai dar este governo. Não digo isto no bom ou mau sentido, é uma curiosidade sincera. Ainda assim, não deixo de anotar alguns sinais negativos:

1. Como compreender que uma secretária de estado tenha mudado de um ministério para o outro a uma hora da tomada de posse? Não era suposto as pessoas serem escolhidos tendo em vista uma determinada função? Achei sintomático da formação deste governo, pois a ideia que fica é exactamente que primeiro se escolheram as pessoas, e depois lá se arranjaram e distribuiram as pastas.

2. Não me choca que se fale na possibilidade de baixar impostos, mas a ideia de baixar o IRS em detrimento do IRC... (sobre o assunto, subscrevo o que diz o Luciano Amaral)

3. Que dizer desta deslocalização dos orgãos do governo? É isto que se entende por descentralização?

sexta-feira, julho 23, 2004

Guitarra Portuguesa

Hoje o maior mestre, do instrumento mais genuíno português, Carlos Paredes deixou-nos.Ele que me acompanhou durante tantas horas de estudo.Contudo, deixou-nos uma obra maravilhosa, esse som inconfundível que transporta a nossa imaginação até à Cabra da Velha Torre (Coimbra).

A guitarra portuguesa é sem dúvida a nossa voz por esse mundo fora. Ela toca e fala em bom português em nome dos portugueses e de Portugal.O som da música de Carlos Paredes entra nas entranhas eleva o que de mais lusitano existe em nós. Oiçam garanto que é pura magia.

quinta-feira, julho 22, 2004

Amizades,

Elas podem ser de tipo horizontal, em que cada amigo(a) corresponde a uma determinada faceta nossa, ou da nossa vida e com quem partilhamos um gosto particular, ou determinados momentos da nossa vida (conversas, desabafos, viagens, saídas à noite, actividade desportiva…), ou algo que nos faz sentir bem com essa pessoa sem sabermos bem porquê. É uma pessoa que aparentemente não haveria compatibilidades, mas que no fundo existe uma química mental que nos atraí, e faz-nos sentir em sintonia com ela. Na amizade horizontal cada amigo(a) têm o mesmo grau de importância.

As Amizades do tipo vertical todos são “amigos” (não verdadeiro sentido da palavra) independentemente de termos coisas em comum ou não. Guardamos estes amigos porque são amigos de infância, embora já pouco ou nada tenham haver connosco. Neste tipo de amizade hierarquizamos o grau de importância que as pessoas têm para nós, aqui para além da distinção, dos amigos das conversas de café, dos amigos só para as noitadas, dos amigos íntimos.Neste tipo de amizade existe uma preferência por alguns deles, assim como uma maior ou menor proximidade, neste caso, os amigos não são todos íntimos, porque assim não o desejamos.

Consoante a fase da nossa vida optamos por um tipo de amizades ou por outro e por vezes até fazemos uma mistura das duas formas de Amizades. No entanto, o tempo faz com que sejamos mais selectivos. As amizades são relacionamentos que também se desgastam quando não existe um evoluir de parte a parte, não se cultiva a amizade ou quando os nossos interesses mudam, então optamos por novos amigos e um novo ciclo relacional e pessoal desenvolve-se.

quarta-feira, julho 21, 2004

Cada macaco no seu galho!

Tenho para mim que as agressões e violências desnecessárias  provocadas aos animais não podem passar indiferentes a uma sociedade que se considere civilizada. Por isso, aqui há uns tempos, e a propósito de uma campanha sobre o transporte de animais em que a LPDA (Liga Portuguesa dos Direitos dos Animais) estava envolvida, resolvi fazer-me sócio. Lá fui eu ao Google procurar o site, e quando o encontro qual não foi o meu espanto ao ver que nele se convocavam os sócios da LPDA para participarem no cortejo, que então se ía realizar, contra a globalização.

Além me sabe explicar o que a luta contra a globalização tem a ver com a defesa dos direitos dos animais? Se sim, agradeço que expliquem... como não consegui compreender, e com muita pena, cheguei à conclusão que o melhor era não me fazer sócio. 

Outro tema em que todos deviam estar mais envolvidos do que se encontram: A defesa do ambiente e o respeito pelo ordenamento do território, onde ele ainda exista minimamente. Estou a pensar no exemplo na zona da Costa Vicentina, que é apenas o caso que melhor conheço. E sim, lá foi o bom do Pedro inscrever-se na LPN (Liga para a Protecção da Natureza). Hoje, estou a ver o jornal da SIC, e aparece-me o presidente da LPN a pedir a demissão do ainda quase nem empossado Ministro do Ambiente por este ter ligações a empresas no sector...

Até me parece que a escolha de Luís Nobre Guedes para o ambiente foi um pouco à pressão, e compreendo a crítica dos ecologistas de até agora nada se conhecer ou ter ouvido dele sobre o sector. Mas um ministro não poder ser ministro por já ter estado envolvido no sector que vai tutelar...? Que o PEV venha com esta conversa a gente percebe, uma associação ecologista é que não tanto.

 

Se, ao pé dos EUA, as sociedades europeias não são propriamente um exemplo de dinamismo e participação, que dizer da sociedade portuguesa? Mesmo quando se fala em sociedade civil, quantas vezes não estamos a falar associações ou organizações que se dizem provenientes da sociedade civil e, em tantos casos, só o são supostamente. A regra, infelizmente, é serem satélites de partidos e interesses políticos, que nada têm a ver com o seu anunciado objecto de actuação.

E atenção que isto não tem nada a ver com a opinião que cada um tem, pode e deve ter sobre os mais diversos assuntos, mas apenas com a legitimidade de usar associações que proclamam determinados objectivos, para perseguir outros. Quando se faz isto, apenas se está a comprometer e prejudicar a causa. Aquilo que se pensa e pretende deve ser defendido às claras e sem subterfúgios, e muito menos devirtuando outras lutas que não são menores, menos urgentes ou importantes. Cada macaco no seu galho!



Sistema de Comentários - Em fase de teste

Houve algumas razões para a opção do Ilhaperdida não ter sistema de comentários directo, mas apenas pelo mail. Ainda assim, não se perde nada por experimentar.

terça-feira, julho 20, 2004

Media - Bons hábitos

Quando da escolha de John Edwards como parceiro de John Kerry para as eleições presidenciais americanas, Mario Crespo perguntava a Luis Costa Ribas, no jornal da noite da SIC Notícias, se aquele seria o bilhete para a vitória, e  este, sem que lhe tivesse sido pedido, fez questão de esclarecer logo à partida que era apoiante de Kerry, para só depois expressar a sua opinião. 
 
O que esperam os nossos media para seguir estes exemplos de transparência e clareza? Parece que em Portugal (como no resto da Europa) os jornalistas e meios de comunicação social preferem continuar a defender os seus pontos de vista, legítimos mas subjectivos, sob a capa da "imparcialidade" e "objectividade" jornalística. Os que são realmente válidos, não precisam de falsas capas para vingar ou ser ouvidos.

Neo- Rurais,

Basta ir ao fim-de-semana ou nas férias de Verão para uma aldeia com interesse geográfico e/ ou cultural para observar que os seus habitantes já pouco têm de locais genuínos, mas passam a ser uma mistura híbrida de novos rurais à procura de autenticidade e das suas origens à muito esquecidas.

Os autóctones por sua vez acham estranho, como é que citadinos decidem ir viver sazonalmente para a sua “terra”, quando eles já poucos encantos lhe vêem a não ser o facto de ser a terra dos seus avós, pais e é onde sempre viveram. Aqui duas perspectivas contrárias se encontram, os que por terem deixado o campo e foram para a cidade (re)descobrem o encanto do viver na pacatez do meio rural.Por outro lado, existem os aldeões desiludidos com a vida do campo, porque a agricultura já não dá “nada”, como eles dizem.

Então a aldeia é apropriada pelos neo-rurais. E esta passa a ser uma micro sociedade de citadinos a (re)inventar o espaço rural, a autenticidade e a natureza e por outro temos os locais que passam a ser vendedores de tradições e de preservação dos espaços.

sexta-feira, julho 16, 2004

Inqualificável

A atitude que o governo Filipino se prepara para tomar perante o drama do rapto de um seu cidadão é vergonhosa. Vai ser a primeira cedência perante um rapto, e uma irresponsabilidade.

quarta-feira, julho 14, 2004

A diferença que faz ser do BE

Do quase clima de histeria que se seguiu à decisão de Sampaio sobre a não convocação de eleições antecipadas, já nem vou comentar as declarações da Dra Ana Gomes, mas junto-me ao Mar Salgado na perplexidade como não houve a mínima indignação com a reacção de Francisco Louça, acusando o Presidente da República de tomar decisões irresponsáveis e de ceder a interesses económicos.

Eu não quero imaginar o que seria o Paulo Portas fazer um comentário destes sobre o Presidente caso a decisão fosse a contrária...

Bem ou mal (eu pessoalmente penso que bem) Sampaio decidiu aquilo que entendeu melhor defender os interesses do país. Acima de tudo, decidiu em coerência com o que sempre havia advogado neste tipo de situações, e convinha que muitos dos que o apoiaram e agora se dizem traídos não se esquecessem disso.

segunda-feira, julho 12, 2004

Viver entre dois Mundos,

É viver entre duas culturas, duas formas de estar na vida, por vezes opostas. É ver o mundo sob dois ângulos diferentes. A questão está no adaptar a nossa forma de estar e de ser a um só mundo, enquanto que lá no fundo o outro está latente e nunca conseguimos nos separar dele.

É viver com a mais valia de ter duas culturas, duas formas de estar na vida, mas por vezes sentir-se dividido. No fundo nunca se consegue escolher, vive-se “cozinhando” um pouco das duas culturas. E não somos totalmente uma coisa, nem totalmente outra, trata-se sim de um mistura especial das duas! Provavelmente, é isso que faz com que nos sintamos diferentes e nunca totalmente preenchidos quer num contexto quer noutro, porque nos falta sempre algo.

sábado, julho 10, 2004

Continuidade!

Apesar de não me agradar a ideia, ou mais precisamente o perfil do futuro Primeiro Ministro, considero que a decisão tomada de não convocar novas eleições foi a mais acertada! Neste momento a estabilidade política tem de ser a prioridade. As alternativas, não o são neste momento, pois também eles vivem momentos de crise. Para além de que ainda não conseguiram convencer o seu próprio eleitorado de que são capazes de fazer melhor.

Embora, não sendo da tendência política deste governo, não posso deixar de lembrar que o maior partido da oposição a cada contrariedade foge dos seus compromissos, demitindo-se. Portugal precisa de homens corajosos e determinados para enfrentar a actual situação económica e não deixar as coisas a meio.

quinta-feira, julho 08, 2004

Já se faz tempo

Que qualquer decisão terá muito por onde ser criticada, parece mais que claro. Apesar dos muitos argumentos contrários, e uns são válidos mas boa parte estão longe disso, havendo uma convicção forte dos partidos maioritários no parlamento em querer concluir a legislatura, não deve ser o Presidente a impedi-los de o fazer. As opções erradas, ou eventuais clivagens que se viessem a fazer seriam julgadas no seu tempo próprio.

Sampaio também não deve procurar condicionar ou imiscuir-se na formação do governo, por isso implicar uma co-responsabilização que não cabe nas suas funções.

Já se faz tempo é de decidir!

segunda-feira, julho 05, 2004

Adeus Sofia!

“MAR

De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.”

Sofia de Mello Breyner Andresen “MAR” Poesia, editorial Caminho.

É com um profundo sentimento de respeito e de admiração que presto aqui a minha homenagem à Poetisa e Mulher, Sofia de Mello Breyner Andresen. E para isso nada melhor do que citar um dos poemas da sua Obra fantástica e inestimável!

sexta-feira, julho 02, 2004

Eleições antecipadas

1. Se o nosso sistema fosse verdadeiramente parlamentarista, e se tivessemos verdadeiros deputados que não devessem a sua eleição apenas ao partido que os coloca nas listas, mas também ao reconhecimento das pessoas pela sua qualidade pessoal, a questão das eleições antecipadas simplesmente não se colocaria.

Infelizmente, as coisas não são assim, e não é linear que o simples facto de se garantir no parlamento uma maioria de apoio a um novo governo resolva o problema da sua legitimidade. Não é correcto, por exemplo, que se compare a saída de Durão Barroso com a da Margaret Thatcher. Este é o grande problema e fraqueza de quem preferiria não ter eleições antecipadas.

2. Santana Lopes, para bem ou para mal, faz a diferença. Nesse sentido, o problema da legitimidade é agravado.

quinta-feira, julho 01, 2004

(Des)Apego

O apego às pessoas e às coisas cria uma sensação de amor e plenitude, mas é um sentimento vazio. Esse apego é muitas vezes motivo de dor, porque confundimos amor e prender o outro ou estar preso a alguma coisa. O apego torna-nos mesquinhos, calculistas e egocêntricos.

Hoje, em dia o que mais se vê, é relações de apego e muito pouco de amor. Pois, o amor implica o respeito pela diferença do outro, pela sua liberdade e por não estar preso à nada. O apego exige troca daquilo que damos, queremos que seja retribuído de igual maneira.

O desapego é uma forma de amor que não pede nada em troca, ele vem naturalmente, porque ele não prende ninguém, nem nada. O verdadeiro amor que é o desapego só ajuda a crescer as pessoas.