domingo, setembro 28, 2003

Perplexidades

Não estive por estes lados para acompanhar o congresso do PP. Pelo que pude perceber não se passou nada de muito interessante. Faz-me muita confusão este incomodo do PP com o seu passado em geral, e europeu em particular. Continuo a fazer a mesma pergunta. Qual a posição sobre a Constituição Europeia? É curioso que a discussão sobre a coligação com o PSD nas europeias preceda estes pequenos pormenores.
E depois, o referendo sobre essa Constituição deve ou não haver? Ouvi ha bocado Marcelo Rebelo de Sousa na TVI a dar algumas razões para que não haja. Iria criar divisões nos partidos, o calendário esta complicado, e pode não ter os 50% de participação.
Devo ser eu que estou enganado, mas que raio de razões são estas? Será a Constituição Europeia um assunto com importância suficiente para que se consulte a opinião dos portugueses? Parece que sim. As divisões nos partidos são mais uma prova de como esta não é uma questão linear ou sobre a qual os partidos estejam já legitimados nas urnas para decidir. E o referendo é a forma de envolver os portugueses na discussão sobre algo a que estão alheios, mas não deviam por ser decisivo para saber que caminho irá seguir a construção europeia.
Agora pergunto eu ingenuamente, será que isto não é óbvio? Ou por acaso é aceitável um referendo cuja pertinência é evidente ser posto em causa por motivos de calendário e/ou dúvidas quanto a conveniência do seu resultado?

quinta-feira, setembro 25, 2003

As voltas que as coisas dão

Como as coisas mudam. Lembro perfeitamente quando ainda era puto de ver o Portas a criticar apaixonadamente a UE e o Euro, parecia acreditar no que dizia de uma maneira radical. Por muito que alguém discordasse dava vontade de parar um pouco e pensar se ele não teria razão, tal era a convicção do homem. Mesmo ainda sendo jornalista na altura, parecia mais enraivecido pelo assunto que o próprio Manuel Monteiro.
O discurso mudou de facto, mudou muito e de uma maneira que não se pode explicar apenas pelo facto de o Euro se ter tornado uma realidade que tem de ser aceite. E é pena que ainda por cima tenha sido num momento tão conveniente, quando se passou a achar no CDS que o entendimento com o PSD era a solução. Se calhar é este pormenor que torna difícil acreditar na autenticidade de certas mudanças de opinião.
Não sei se é autêntico, mas é ironia ver Paulo Portas a criticar o euro-cepticismo de JPP, e a sua recusa da Constituição Europeia que aí vem. E ele, será que a apoia? Seria a ironia das ironias ver Portas a defender o Sim.
Tenho sérias duvidas sobre o futuro da Nova Democracia, mas que existe um espaço para um novo partido a direita não tenho dúvida alguma

terça-feira, setembro 23, 2003

Dr´s mania II

As empresas devem estar estruturadas e funcionar de forma a aproveitar um dos seus recursos mais preciosos, as pessoas.
Não me parece é ser verdade o que o saudacoes sugere: que esta forma de ver as coisas continua a ser representativa da realidade empresarial e de como os que estão a sair das universidades vêm a sociedade. O que referi acima, mais o facto de sairem todos os anos licenciados aos montes, muitos deles em áreas sem saída no mercado de trabalho, e outros tantos sem que o curso lhes tenha ensinado grande coisa, explica que muito tenha mudado desde ha uns anos a esta parte.
Nas empresas mudou porque se percebeu que o curso não significa muito só por si. Interessa saber qual o curso, onde foi tirado, com que aproveitamento. E depois, ou talvez antes de tudo, interessa saber se a pessoa tem boa presença, se mostra inteligente, desenbaraçada e com "traquejo" para ser útil na vida real. Tem um curso é necessário, está é longe de ser suficiente.
Compreende-se que os dr´s já tenham percebido isto, senão antes, quando entram no mercado de trabalho. Ao entrar perdem-se as ilusões. Agora vinga quem é bom. Ter um curso já não é o que era.

segunda-feira, setembro 22, 2003

Dr´s mania I

O saudacoes aborda um tema com o qual me deparei ao longo da minha mais recente (e também primeira) experiência profissional mais séria.
Assistia a dialogos interessantes como:
"Bom dia, estou a falar com?"
"Daqui é a Drª XPTO, como está?"
Ali o tí­tulo "doutor" é usado religiosamente. É uma afirmação de superioridade, de que se pertence a uma classe diferente. Confesso que foi muito interessante de observar.
Tirando o pormenor de os licenciados não serem doutores, e de que alguns dos que assim se faziam questão de entitular nem a licenciatura terem concluí­do, talvez o mais significativo seja que o tí­tulo de doutor nem sempre correspondia a tarefas cuja complexidade ou know-how as distinguisse significativamente das que incumbiam aos "outros".
É significativo porque indica que o ser "doutor" não é apenas, nem sequer necessariamente, saber mais ou ter maior capacidade de entendimento da realidade. Até pode ser isso, e tem o seu aspecto de distinção de cargos, que é natural e faz sentido. Mas ha um elemento de distinção social. Não quero aqui comentar isto na óptica de ser justo ou não. Acho é que na óptica da empresa não faz sentido que o contributo que os "outros" têm a dar seja desvalorizado apenas porque não são doutores. E muito menos que um mau trabalho seja considerado apenas pela assinatura que traz. E disto também vi acontecer.
(continua)




sábado, setembro 20, 2003

Links

Mais uma pequena inovação, passo a ter os links para alguns blogs que vou seleccionando. Aviso desde já que a amostra pode estar um pouco politicamente enviesada, e são apenas os que costumo acompanhar mais regularmente, sem pretensões de espelhar a realidade da blogosfera no seu todo.
O Saudacoes é neste momento a excepção a este enviesamento político, com a desculpa de ser de uma pessoa amiga. Outras excepções virão, mesmo que sem esta desculpa.

quarta-feira, setembro 17, 2003

Hans Blix e as ADM

Segundo o publico ultima hora, Hans Blix entre outras coisas " explicou ainda que o regime de Saddam poderá ter apostado em fazer crer que tinha armas de destruição maciça, a fim de se apresentar como uma ameaça e assim evitar uma guerra. “É como se pusessem uma placa na porta a dizer ‘cuidado com o cão’, sem que, na realidade, tivessem um cão” ".
Mas qual é a lógica disto? Que o Iraque tivesse armas de destruição massiça e não abdicasse delas porque eram importantes para o regime ou pretendia vir a usa-las de alguma forma, mesmo que assim arriscasse a guerra e na prática ficasse sem nada já mostra pouca inteligência. Digo eu que tentaram ganhar tempo, esticaram a corda e ela partiu. O Iraque procurou sempre ganhar tempo através de estratagemas, de não permitir que verificassem se dizia a verdade mas sem o assumir.
O que é absolutamente certo em tudo isto é que sem o argumento das armas existirem não teria havido invasão, e pensar que o Iraque fez "finca pé" com algo que afinal já tinha destruído ha não sei quantos anos faz mesmo pouco sentido. Este senhor parece perder qualidades desde a altura em que escrevia os relatórios, e a argumentação dele e de muitos outros padece de um problema de plausibilidade.

terça-feira, setembro 16, 2003

A propósito do défice

Um artigo interessante da Manuela Ferreira Leite no Público - Caminho Responsável. Até gosto da senhora, so é pena que a austeridade que transmite esteja mais na sua imagem que depois na prática. Ninguem é perfeito, pelo menos vai passando a ideia.

quarta-feira, setembro 10, 2003

Costa Vicentina

Tou de malas feitas para um dos sítios mais belos de Portugal. Por enquanto. Espero que as muitas tentativas que têm vindo a ser feitas para o estragar tenham um travão inequívoco.
Não tenho nada contra o Algarve, mas o simples facto de um local atrair as pessoas pela sua beleza e qualidades não pode levar a que se destruam essas mesmas qualidades. Para quem cresceu em contacto com aquela zona doi ver o que se esta a passar. Ir la agora em vez de no meio de Agosto tem a vantagem de poder disfrutar e tirar muito mais prazer da zona.
Vai ser uma coisa rapida, só pa matar saudades. Sabado ou Domingo tou de volta

terça-feira, setembro 09, 2003

O défice II

Já expliquei porque na minha opinião faz economicamente sentido que exista um Pacto de Estabilidade como existe. A solução para os problemas esta muito mais em fazer reformas essenciais do que em ter mais dinheiro. Por vezes está nas duas coisas, mas nem sempre. O dinheiro também pode ser uma forma de adiar uma reforma inadiável. Esta mentalidade que temos de tapar problemas com dinheiro, em vez que ir ver de onde eles aparecem, esta de tal forma enraizada em nós que é díficil combater.
A questão para mim é esta. Não acredito que sem a consciência as pessoas de que não ha dinheiro nem alternativa, se consiga levar a que estas aceitem mudanças que necessariamente põem em causa interesses instalados e direitos/privilégios adquiridos. As coisas são assim mesmo. Temos agora uma oportunidade a não perder.
Ao contrário do que possa parecer, estes factores extra-economicos não são menos importantes, antes pelo contrário

O défice

Ha uma ideia estabelecida em Portugal sobre o limite ao défice imposto pela UE que chega a ser curiosa. O bom português ve este limite como uma imposição tirana que nos amordaça e impede de desenvolver. Muito politico adopta esta postura. Alguns certamente por convicção, outros nem tanto. Inclusivé, qualquer economista vem agora dizer que não faz sentido numa altura de recessão ser retirada ao estado a capacidade de a contrariar, estimulando a economia pela procura.
Eu também sou economista, e pelo que me lembro essa é apenas uma parte do argumento. A outra parte é que os estados nas fases altas do ciclo económico devem procurar ter super-avits que lhes permitam nas fases baixas desempenhar esse papel de estimulo. É sabido que não foi o que aconteceu em Portugal (também diga-se de passagem que é prática generalizada), e isso não é um pormenor, faz toda a diferença.
Por outro lado, se temos vindo a gastar sempre mais do que ganhamos, e que ainda assim entramos em crise, não da um pouco que pensar que a solução seja apenas mais do mesmo? Gastar mais e ainda mais?
E não é de bom senso que não se pode gastar indefinidamente mais do que se ganha?
Como economista acho saudável que exista este limite, e concordo em absoluto sobre a análise que o Abrupto faz de haverem paises na UE a quererem soltar-se das suas obrigações. Com a moeda única o justo paga pelo pecador. Parece haver muitos em Portugal que não percebem isto e se deliciam com o afrouxamento do Pacto de Estabilidade
(continua)

domingo, setembro 07, 2003

segunda-feira, setembro 01, 2003

O Tempo

O bem mais escasso de todos. Saber geri-lo e aproveita-lo bem é das maiores qualidades. Planos, projectos, objectivos, ideias, sonhos que construimos e nos acompanham ao longo da vida. E sempre este pequeno pormenor como limite. Não ha tempo para tudo, temos de escolher. Isto faço agora e isso trato depois. É inevitável que muito ficara por fazer e realizar. Demasiado.
O tempo não espera, e são tantas as vezes que ficamos a ve-lo passar sem tirar dele o devido proveito. As coisas pequenas da vida enriquecem-nos muito, mas é assustador fazer as contas ao tempo que passamos no trânsito, em filas de espera, a aturar aquele gajo que não se cala. E aquele emprego de que não gostamos? E a relação que não nos faz felizes?
Se tenho alguma obcessão com o assunto? Se calhar tenho. Acho que vou olhar sempre para trás com o sentimento de que podia ter feito tanta coisa a mais e de diferente, e sentir impotente em relação ao tanto que gostaria de vir a fazer. Estamos de tal forma limitados que é estupido não aproveitar o pouco tempo que temos. É isto que me irrita profundamente.