sexta-feira, dezembro 30, 2005

Adeus!

Como em tudo na vida há um começo e um fim! Para mim, chegou ao fim a minha estadia no Ilha Perdida. Agradeço a todos os leitores que apreciaram e se identificaram com os meus comentários “sociais” e com os meus desabafos de estados de alma!
Mas, também agradeço aos que me contestaram, permitindo assim reavivar o debate de ideias. Finalmente agradeço ao meu companheiro de Ilha Perdida pelo seu convite e pela confiança que sempre depositou em mim!!!

Da vossa amiga!

Maria

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Ainda sobre "o" debate

No Aforismos e Afins, num post que vale a pena ler:

"A soberba em Soares não tem limites. A baixeza atingiu o inalcansável. Eu acho que Cavaco devia ter respondido mais à letra ao que disse Soares, ou melhor, não respondendo mas apontando o nível de discurso dele. Não percebo os jornalistas da RTP. Se aquele tipo de discurso não merece da parte deles um reparo, atingimos o grau zero da qualidade do debate. O burguês vale o que vale no portugalito dos novos ricos e bem instalados. Bendito Cavaco que subiu a pulso e sabe bem o que é o valor do mérito. É esse mérito que parece faltar em tantos comentadores, que parecem não ter a coragem em enfrentar o establishment que Soares representa, os charutos partilhados, as comezainas deleitosas."

Fiquei de facto surpreendido com a ligeireza com que todo o comportamento de Mário Soares ao longo do debate passou quase impune pelos vários comentadores. Fosse outro a ter aquelas atitudes e não lhe seria perdoado. Mas, claro, desta vez trata-se de Soares. O nome ainda faz algumas coisas.

"O" debate

Cavaco - Soares foi de facto "o" debate. Tendo em conta as sondagens é curioso que assim seja tão claramente, o que é uma prova de que as sondagens não são tudo. Mas de facto concordo que é entre Cavaco e Soares que as coisas se jogam.

Sobre a disputa em si Soares excedeu-se em muitos aspectos. Houve momentos de pura má-educação, o sugerir que os amigos deles lhe andavam a comentar sobre a postura de Cavaco nos conselhos europeus, o tratar por ele, o economista razoável, a contínua provocação, e a animosidade pessoal sem limites. Já para não falar no retorno à ideia das eleições poderem não ser livres. Alguém conseguiu ver ali a imagem e postura de um Presidente da Républica? Não me parece... a atitude em si de Mário Soares é sintomática da situação em que se encontra.

A sua vulgaridade e constante superiorização pessoal de Soares em relação a Cavaco são de uma arrogância simplesmente insuportável.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Presidenciais - Alegre

Manuel Alegre é um dado novo e inesperado na equação das eleições presidenciais. Não sei se o seu sucesso, relativo, irá muito além dos valores que as sondagens lhe apontam neste momento. O que está a conseguir (aparentemente...) já é um feito importante.

A ideia de uma candidatura desamarrada dos partidos, do stablishment, descomprometida e de mãos livres, não pode deixar de ser atractiva. Tomando as sondagens como verdadeiras, é um dado saudável e positivo destas eleições e mostra a maturidade de um eleitorado que já não segue cegamente as indicações partidárias, apesar de toda a influência que estas continuam a ter.

No entanto, Alegre não é o protagonista ideal desta candidatura, a começar pela forma como geriu todo o processo até finalmente se decidir a avançar sem o PS. Avança sem este, não por ser uma candidatura com uma dinâmica própria à partida, mas porque o PS a motivou primeiro para depois não a apoiar. É apartidária, não por não procurar apoios partidários, mas por não ter conseguido o apoio do partido que a estimulou. E a revelância que está a ter deve muito ao espaço que a candidatura de Mário Soares não mostra ser capaz de ocupar.

Ainda assim, e repito, o "fenómeno Alegre" é um acontecimento feliz para a nossa democracia.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Sondagens - Pormenores

A forma como as duas sondagens do Público e do DN foram lançadas ontem é, na melhor das hipóteses, um bom exemplo de como a informação das sondagens não deve ser tratada. Ou, na pior, manipulada.

No público é anunciado que Cavaco aumenta vantagem e ganha facilmente à 1ª volta, com base nos seguintes resultados:

Cavaco Silva: 57%
Manuel Alegre: 17%
Mario Soares: 16%
Jerónimo de Sousa: 5%
Francisco Louça: 4%
Outros: 1%

No mesmo dia, no DN, é anunciada outra sondagem sob o título "Cavaco Silva perde terreno e não garante eleição à primeira volta (volta)". Os resultados são os seguintes:

Cavaco Silva: 44%
Manuel Alegre: 15%
Mario Soares: 11%
Jerónimo de Sousa: 5%
Francisco Louça: 5%

Uma e outra sondagem foram sendo comentadas ao longo do dia como apresentando resultados contraditórios. Numa com Cavaco em larga vantagem, e noutra como não garantindo a vitória à primeira volta.

Como se vê facilmente os resultados de uma e outra não são de forma alguma comparáveis. No Público é feita distribuição de indecisos e de quem diz que não irá votar, ao passo que no DN não. Se somarmos as percentagens apresentadas pelo DN temos 79%, quando sabemos que no dia da eleição elas serão 100% (incluindo votos em branco). Feita essa distribuição na sondagem do DN, os resultados passam a ser os seguintes:

Cavaco Silva: 56%
Manuel Alegre: 19%
Mario Soares: 13%
Jerónimo de Sousa: 6%
Francisco Louça: 6%

Isto é, são em tudo semelhantes aos resultados da sondagem no Público. Aliás, podemos fazer o exercício inverso com a sondagem do Público, e olhar apenas para os resultados "brutos":

Cavaco Silva: 39%
Manuel Alegre: 11%
Mario Soares: 10%
Jerónimo de Sousa: 3%
Francisco Louça: 3%
Outros: 1%

Mais uma vez, voltam a ser em tudo semelhantes ao da sondagem do DN. Aliás, seguindo a lógica do DN, na sondagem do Público Cavaco Silva encontra-se ainda mais longe de ganhar à 1ª volta. Sim, é verdade que Cavaco tem 39% de intenções de voto, e os restantes candidatos todos juntos têm apenas 28%, mas esse deve ser mero pormenor.

Costuma-se dizer que as sondagens valem o que valem. Penso que são um indicador importante das preferências dos eleitores, da situação da campanha, do peso de cada candidato. Aliás, é plausível considerar que as sondagens, sendo uma avaliação das preferências dos eleitores, acabam elas próprias por influenciar e condicionar em muito a percepção da campanha por parte das pessoas, e a sua própria decisão de voto. Isto é, as sondagens acabam por ter influência sobre a própria realidade que pretendem espelhar.

Por todos os motivos, deve haver profissionalismo na forma como são feitas, e na forma como são divulgados os seus resultados.

sexta-feira, novembro 11, 2005

As razões da discórdia

Muito do que é falado no artigo de Tiago Mendes no DE é de facto interessante para observar o palco político e social. Nem tudo se deve reduzir à retórica, à imagem, à desenvoltura na defesa de uma opinião, à pessoalização. Mais do que isso, uma vez eliminada a forma e exposto o conteúdo, não temos de nos limitar a discutir sobre quem tem razão e depois assumir essa razão como uma verdade atingida e inquestionável. Deve haver pouca coisa mais subjectiva que saber onde está a "razão" no sentido da detenção da verdade, ou de conhecer o real como ele efectivamente é.

Mas, para além disso, é enriquecedor conhecer as razões que levam alguém a defender algo diferente, e perceber que essa diferença além de não significar necessariamente uma melhor ou pior intenção, nem tão pouco um erro ou má interpretação dos factos e da realidade, pode fundar-se em razões objectivas de fundo, como valores diferentes. Nesse caso, é natural que as opiniões sejam diferentes. Conhecer as razões da discórdia é um elemento enriquecedor do debate. Não implica que tenhamos de concordar com a diferença, nem sequer aceita-la no sentido de a achar razoável ou admissível, mas implica que a compreendamos. O que faz toda a diferença.

A ler

No Abrupto, sobre os acontecimentos em França.

Espanta-me, de facto, toda a forma como na Europa se tem lidado com este problema.

terça-feira, novembro 08, 2005

Uma chamada de atenção

Os acontecimentos de Paris e por toda a França são um alerta para todos os países europeus e para as suas políticas de emigração. A política de assimilação dos franceses falhou, e é visível aos olhos de todos, porque ela não integrou.

Os emigrantes em muitos casos vivem “na” sociedade de acolhimento, mas não vivem “com” a sociedade de acolhimento e é essa a via que deve ser seguida. Aqueles jovens que fazem os distúrbios têm a nacionalidade francesa, mas não se sentem franceses ou pelo menos são considerados franceses de segunda. É claro que não se justifica atacarem instituições publicas que também os servem .

É bom que todos os países receptores de emigração pensem nas gerações futuras que já nascem nos países de acolhimento e que os façam sentir-se cidadãos em toda a ascensão da palavra. Ensinem esses jovens a sentirem-se integrados e que defendam a sua nova nação de acolhimento como sua, que ajudem no seu desenvolvimento, no seu sucesso e que não vivam em detrimento, daquilo que os políticos estão dispostos à dar-lhes. Portugal tem que estar atento e criar junto dos cidadãos estrangeiros de segunda e terceira geração um sentimento de Portugalidade e defender Portugal como o seu país, mas o país também tem que sentir que eles são parte integrante de Portugal.

terça-feira, outubro 04, 2005

O problema da escolha em Lisboa (continuação)


Lisboa é o caso evidente da (suposta) condenação à escolha entre o menor dos males. Quantos votam convictamente em Carmona ou em Carrilho? Digo suposta, porque esta condenação existe na pratica, mas por nossa culpa. Está nas nossas mãos demonstrar a liberdade que nos assiste relativamente à ideia do voto útil. Existem mais três candidatos e, ao olharmos para eles, o que a eleição em lisboa demonstra é a forma como os partidos são de facto condição essencial para o sucesso/insucesso dos candidatos. Claro que não é condição suficiente para ganhar uma eleição, mas acaba por se tornar condição sine qua non, excepção feita a alguns casos particulares e que são conhecidos.

Refiro-me em particular a Maria José Nogueira Pinto. Não gosto do estilo e programa de Sá Fernandes, e sobre Ruben de Carvalho tenho boa ideia mas conheço mal. MJNP já há muito tem um percurso discreto mas com qualidade e que a distingue pelo que tem demonstrado no desempenho de vários cargos, como o mais recente de provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e na nossa vida política em geral.

Neste campanha, tem sabido adoptado um estilo próprio que devia servir de exemplo. Se fosse eleitor em Lisboa não teria qualquer dúvida em escolher, e sei que, caso fosse a candidata apoiada pelo PSD, seria a próxima presidente de câmara. Como é apoiada pelo CDS, aspira quanto muito a conseguir um lugar de vereação. Independentemente do resultado, verifico com agrado que ainda existem pessoas com esta qualidade na vida política.

O problema da escolhe em Lisboa é no fundo o mesmo a que se assiste no país, em cada uma das eleições. São muitas as pessoas com qualidade que se perdem da vida politica apenas por não estarem enquadradas por um partido, ou pelo partido certo. Quantas vezes não escolhemos um mal menor, quando até havia uma boa alternativa, apenas porque esta "não ter hipótese" de ganhar? É uma pena que as coisas funcionem desta forma, ficamos mais pobres por isso.

sexta-feira, setembro 30, 2005

Onde pára a Justiça!

Pelos visto a suposta “Justiça”, ou pelo menos aqueles que trabalham para que ela se faça andam na rua. A gritar pelas “injustiças” de que pensam serem vitimas. Agora pergunto eu, porque é que os funcionários judiciais e os magistrados, nunca vieram para a rua pedir melhor Justiça? Por melhores condições de trabalho, para assim serem mais rápidos no despacho de processos. Tem graça não me recordo de nenhuma acção nesse sentido! Só se lembraram de vir pedir melhor Justiça, porque se acham, injustiçados. No entanto, esquecem-se de todos aqueles que são injustiçados quotidianamente pelos atrasos e erros cometidos por eles quotidianamente.

A Justiça está a ser feita pelo governo ao aplicar as mesmas medidas legislativas para todos os funcionários públicos, relativamente ao sistema de saúde. Mostrem um bom trabalho e sejam justos para com os cidadãos, pois eles merecem funcionários competentes e dedicados. E não me venha o Bloco de Esquerda ou o PCP condenarem a requisição civil. Afinal, os partidos que lutam pela justiça social e igualdade são eles! Onde é que há igualdade em os magistrados e os funcionários judiciais terem um sistema de saúde dez vezes melhores do que o sistema nacional e pago pelo Zé povinho! Por vezes os partidos de oposição tomam a atitude de "parler pour ne rien dire!"

terça-feira, setembro 20, 2005

Pormenor

Ao ouvir e ler as análises aos resultados, tanto em portugal como na imprensa estrangeira, acho estranho que praticamente se ignore aquilo que é a leitura dos resultados. É um facto que acabaram por ser os piores possíveis, mas acho estranho que se possa falar como se não tivesse havido um vencedor. Colocando de parte o partido de esquerda, com o qual durante a campanha todos excluiram a possibilidade de entendimento, foi a oposição que ganhou as eleições. O SPD teve menos votos e mandatos que a CDU/CSU, e o aliado natural do SPD (Verdes) teve menos votos e mandatos que o aliado natural dos conservadores (FdP).

Deve ser analisado o motivo para a vitória da CDU/CSU ter sido tão minima, o que revela a incapacidade de Angela Merkel de mobilizar os descontentes com o governo, mas que ganhou é um facto. Como é possível que Schroeder tenha vindo proclamar-se como vencedor e afirmar que lia nos resultados a vontade dos eleitores de que ele continue como Chanceler? A haver uma coligação CDU/CSU-SPD, que sentido poderia haver em que fosse Schroeder o escolhido para a liderar? E, a haver uma colição entre um "grande" e os verdes e liberais, que sentido poderia haver em que fosse o SPD, e não a CDU/CSU, a protagonizá-la?

É verdade que, em termos de aritmética parlamentar, os dois principais partidos estão exactamente na mesma posição de força negocial. Mas essa aritmética adveio da expressão da vontade popular, através do voto, e nesse houve um vencedor. É um pormenor que não devia ser esquecido na procura da solução.

Elites precisam-se

Le Dormeur du Val

C’est un trou de verdure où chante une rivière
Accrochant follement aux herbes des haillons
D’argent ; o`le soleil, de la montagne fière,
Luit : c’est un petit val qui mousse de rayons.

Un soldat jeune, bouche ouverte, tête nue,
Et la nuque baignant dans le frais cresson bleu,
Dort ; il est étendu dans l’herbe, sous la nue, Pâle dans son lit vert où la lumière pleut.

Les pieds dans les glaïeuls, il dort. Souriant comme
Sourirait un enfant malade, il fait un somme :
Nature, berce-le chaudement : il a froid.

Les parfums ne font pas frissonner sa narine;
Il dort dans le soleil, la main sur sa poitrine
Tranquille. Il a deux trous rouges au côté droit.

Octobre 1870
Arthur Rimbaud

Ao ler uma antologia de poemas de Arthur Rimbaud encontrei este poema que eu declamei com oito anos na minha turma da escola francesa do ensino oficial. Um sentimento de saudosismos e de tomada de consciência fez com que realiza-se a dimensão da exigência do ensino em França. É inevitável a comparação com o sistema de ensino português, não posso deixar de pensar nas falhas gravíssimas do nosso ensino. Não é com o ensino do inglês, no ensino básico, que se melhor a qualidade do ensino em Portugal. É preciso bases viáveis, é preciso dar cultura geral aos portugueses desde muito pequenos. Se os pais não lêem poesia, literatura então a Escola “como instituição” tem que ter na sua programação a leitura de obra literárias portuguesas e estrangeiras obrigatórias. Quantos “doutores” andam ai a circular pelos ministérios, empresas e instituições que nunca pegaram num livro de poesia ou conhecem um número razoáveis de escritores portugueses e estrangeiros. A cultura técnica dada pelas Universidades não chega para fazer elites intelectuais em Portugal.

sexta-feira, setembro 16, 2005

O problema da escolha em Lisboa

Não esperava que o debate de ontem entre Carmona e Carrilho pudesse ter descido tão baixo. Sobre Carrilho tinha algumas ideias superficiais, mas este campanha tem vindo para mim a revela-lo como uma pessoa simplesmente detestável. Aquele estilo que adopta nos debates e na campanha, arruaceiro, truculento, populista, de comício, é tudo menos aquilo que se poderia esperar de um suposto "intelectual". E aquele sorriso arrogante e convencido após as intervenções brilhantes... está claro que esta não é uma questão pessoal, mas apesar de tudo também se trata de uma escolha de pessoas. E tudo quanto são as propostas e ideias apresentadas têm a ver com este estilo adoptado. A promessa de reduzir para metade os carros em lisboa durante os próximos 4 anos fala por si...

Carmona tem conseguido transmitir a ideia de ser uma pessoa aprazível, simpática, séria. Mas duvido que este debate, a forma como se exaltou e no fundo "baixou ao nível", venha jogar a favor deste seu quase único trunfo. Não tem sabido conduzir campanha, é uma pessoa fraca e que não transmite segurança sobre os dossiers e a obra feita.

Basicamente há aqui um problema que emergiu de imediato com a decisão de Marques Mendes de afastar Santana Lopes da corrida. Gostemos ou não do que foi feito, quem está em julgamento é Santana Lopes, e seria ele o candidato natural. Ninguém melhor que ele poderia defender aquilo que foi a obra destes últimos 4 anos, das opções feitas, dos caminhos escolhidos. Além da questão da sua experiência e peso político e eleitoral, foi ele que protagonizou o projecto que venceu e, logo, deveria ser ele a defende-lo e continua-lo. Caso o PSD entendesse que o projecto não merecia a confiança do partido, então que fosse escolhida uma nova pessoa. Agora vir escolher um número dois, alguém que esteve na sombra, que deve a sua entrada na câmara a Santana Lopes, e que com ele trabalhou, colaborou e foi cúmplice durante estes 4 anos... é como escolher o pior das duas opções. Nem politicamente se compreende a decisão. Se Carmona ganhar, foi o projecto iniciado por Santana que passou nas urnas. Se Carmona perder, cenário mais provável, a responsabilidade será de Marques Mendes. (continua)

quarta-feira, setembro 14, 2005

Regresso às aulas

Significa para muitos pais abrirem os cordões à bolsa e de que maneira. Num país em que os salários são baixos relativamente ao custo de vida, há que pensar em estratégias para minorar as despesas das famílias com crianças em idade escolar. Uma das medidas inteligentes é a Escola conjuntamente com associação de pais adoptarem durante um período de 5 anos os mesmos manuais escolares. Desta forma, a escola poderia adquirir os livros e emprestar os livros aos alunos mediante uma caução de entrega de novo no final do ano, em bom estado. Este sistema deveria ser feito até ao 9ºano. Pensem no benefício para os pais e alunos, e sobretudo para os mais carenciados. Com esta medida há a possibilidade dos pais investirem o dinheiro dos livros nas muitas actividades extra-escolares como o inglês, desporto, musica …, para os seus filhos e contribuírem para uma melhor formação.

Acabemos com os “lobings” das editoras que só prejudicam o país. Se a paixão tem que ser a educação, então mobilizem-se os pais, professores, e entidades competentes, autarquias e políticos para reclamarem juntos das editoras soluções para livros mais baratos e de melhor qualidade pedagógica. A sociedade civil tem que ser mais activa não é queixar-se e não fazer nada!

quinta-feira, setembro 08, 2005

Anti-americanismo primário

"O Katrina, para quem gosta de interpretações mais cabalísticas destas coisas, será um sinal de Deus aos americanos para que começam a olhar para o que se passa dentro das suas fronteiras, esquecendo por um bocado os seus ímpetos militaristas no exterior. Mas como vivemos dentro dos parâmetros do racional cartesiano, o Katrina foi, quanto mais não seja, uma terrível catástrofe natural que nos fez olhar de outra forma para os Estados Unidos da América e descobrir que por debaixo de uma fina máscara de modernidade e até de algum «glamour», está apenas um país de pobres e ao nível do que pior se encontra no Terceiro Mundo. Bye bye, América. O mundo merece outros donos."
José Diogo Madeira, no Jornal de Negócios de 07.09.2005. (Retirado do Abrupto).

quarta-feira, setembro 07, 2005

Património

Aqui há uns anos houve um episódio que me ficou gravado. Com o lançamento do filme Branca de Neve, realizado por João César Monteiro(entretanto falecido), houve alguma polémica por o ministério da cultura o ter apoiado em largos milhares de contos, e o filme na sua maior parte passar sem imagens. Apenas vozes. A certa altura, quando questionado sobre a questão, e sobre a capacidade que o filme teria de atrair público, o realizador deu a resposta que tinha pronta: "Eu quero que o público se foda!".

É esta a mentalidade de muitos dos agentes culturais em portugal. Criam e realizam em função do seu ego, do seu circulo social mais chegado, e o resto que se lixe. Afinal, a arte não é para o povo...! E o estado que pague, e não faz mais que a sua obrigação!

A fonte que vêm, com o lago neste bonito estado, pode ser encontrada nos jardins do Palácio de Queluz, junto com outras demonstrações da incúria com que estes têm sido tratados e preservados. Será que os dinheiros que são gastos na cultura a patrocinar toda uma série de actividades culturais que são feitas de costas viradas para o interesse do público, não seriam melhor aplicados na preservação do património que temos espalhado pelo país?

terça-feira, agosto 30, 2005

Referendo ao Aborto

Se o referendo ao aborto vier de facto a ser marcado para o final deste ano, entre as autárquicas e as presidenciais, é uma jogada inteligente, por meter em cima da mesa um tema que coloca Cavaco Silva no lado que se preve perdedor. Mas, ainda assim, toda esta urgência e a aprovação de leis por encomenda apenas para permitir que um tema importante seja usado de forma descarada nas "tricas" da luta partidária não deixa de ser lamentável.

Alguém sente a sociedade civil, a verdadeira e não a manipulada politicamente, a clamar por esta pressa sem olhar a meios em mudar a lei? A haver mudança, é evidente que após o "não" dado pelos portugueses esta terá de ser sufragada por meio de referendo, mas este deve ser convocado num periodo de acalmia política e não de luta partidária em que os temas e as questões se irão naturalmente confundir.

sexta-feira, agosto 26, 2005

Ilha Perdida

Informação
Histórias
Lições
Ambiente


Política
Economia
Reflexão
Debate
Intervenção
Dedicação
Amor

Estes são os temas e qualidades que definem o nosso Blog, que hoje festeja o seu segundo aniversário!!!

quinta-feira, agosto 25, 2005

Praga

A título de curiosidade Portugal tem 142 espécies de eucaliptos! O eucalipto é uma arvore que não é autóctone o que não é bom para o ambiente e solo, já que no final de sete plantações o solo ficam completamente seco, pobre em nutriente, que provoca a desertificação. Basta de eucaliptos e vamos mesmo fazer planeamento florestal. Deixemo-nos de querer lucro fácil e rápido, sem trabalho. Ao plantar espécies como o carvalho, azinheira e o pinheiro bravo é uma forma de proteger a floresta e o ambiente, já que estas espécies são mais resistentes ao fogo. Oiçam os ambientalistas e mudem as mentalidades “do interesse pelo lucro fácil e rápido”, que sai caro a todos nós.

sexta-feira, agosto 12, 2005

A moda das coligações

Segundo O Independente de hoje Carmona Rodrigues acaba de firmar uma coligação com o PPM para a camara de Lisboa. O PPM parece ser um parceiro privilegiado pelo PSD para fazer coligações, seja em várias candidaturas autárquicas, seja até agora nas últimas legislativas. Alguém me sabe explicar porquê?

Para começar não se percebe o que representa o PPM neste momento. Se é verdade que no seu tempo representou algo, por pouco que fosse, as caras desse tempo já todas abandonaram o barco e o projecto. Neste momento não se sabe o que é aquele partido, e o seu peso na sociedade é nulo. Afirma-se como monárquico, mas nem os monárquicos está perto de conseguir representar, e basta ver o que sobre ele dizem as reais associações espalhadas pelo país.

Se calhar é bonito dizer que se tem uma coligação, como é bonito meter um ou dois independentes à pressão nas listas, para dar aquele ar de abertura e de abrangência... mas, dito isto, é preciso ver que as coligações têm um "preço". Na câmara de lisboa terá um custo para o PSD em termos de lugares, cargos ou seja o que for. Por exemplo nas legislativas o PPM conseguiu 2 lugares elegíveis nas listas de deputados do PSD, e nós olhamos para o país e pensamos no que representarão aqueles 2 deputados, que peso e interesses? A mim parece-me que isto não passa de uma fantochada, assim como os verdes são outra fantochada que o PCP inventou para dizer que têm uma coligação.

As coligações são uma mais-valia, mas quando representam abertura das forças que as compõem a outras tendências e correntes.

domingo, agosto 07, 2005

Mão criminosa

Todos os comentários dos populares, dos responsáveis autárquicos, dos responsáveis da protecção civil, dizem que o fogo tem mão criminosa! Essa é sem dúvida uma verdade! Mas será que nós todos não somos criminosos quando deixamos de limpar as matas, florestas, eucaliptais! Quando os serviços florestais regionais não obrigam os proprietários ao limpar os seus terrenos? Quando os presidentes de câmara instalam bocas-de-incêndio que não funcionam? Será que não são criminosos os engenheiros florestais e agrónomos responsáveis no Ministério da Agricultura que nunca saem dos seus gabinetes para conhecer o país real para criarem planos de (re)florestação mais adequados? Será que não são criminosos, todos os madeireiros que cortam os eucaliptos para a pasta de papel e deixam metade das árvores abatidas e diverso lixo no local? Será que os populares e pequenos agricultores não são criminosos quando fazem queimadas quando sabem que é proibido em pleno verão? Meus senhores deixemo-nos de hipocrisias e assumam as responsabilidades de que cada um contribuiu de forma significativa para a dimensão dos incêndios e ajudaram os incendiários!

terça-feira, agosto 02, 2005

Ota e TGV -Direito à informação

O Ilha Perdida quer associar-se ao movimento de blogs que têm vindo a exigir a divulgação dos estudos que estão na base da decisão de prosseguir estes dois projectos.

Não tenho opinião sólida formada sobre um ou outro, mas parece-me no mínimo estranho que, num país em que não se fala noutra coisa que não seja apertar o cinto, em que os impostos acabam de ser mais uma vez aumentados, e em que nada se decide e se fazem e eternizam estudos sobre tudo e mais alguma coisa, uma decisão com implicações de tal forma onerosas seja tomada desta forma.

O mínimo que temos de exigir, e o estado nos deve como cidadãos, é a transparência na forma e nos critérios segundo os quais o nosso dinheiro é gerido e gasto. E a forma como este processo tem sido conduzida é tudo menos transparente. Por um lado, é dado a entender que as decisões ainda se encontram a ser estudadas e, por outro, vem o ministro da economia afirmar que o seu avanço em si já está decidido. Nós temos direito a conhecer os estudos que estão por base destas decisões, se eles de facto existem e, no caso de existirem, se as confirmam e corroboram.

Quando se percebe que a opção de avançar, num e noutro caso, tem muito pouco de evidente e é contestada por muitos dos mais incontestados actores da sociedade e do meio económico, dá para começar a estranhar e desconfiar. Algumas suspeitas já começam a surgir. Podem não passar disso, mas temos o direito de as ver esclarecidas.

quinta-feira, julho 28, 2005

quinta-feira, julho 21, 2005

Impostos

Segundo Freitas do Amaral: "Os impostos aumentam-se sempre que o Estado carece de mais meios financeiros para prosseguir as finalidades que os cidadãos esperam do Estado, e descem quando, para prosseguir essas finalidades, é conveniente diminuir a carga fiscal. À volta dos impostos não devia haver mitos, nem promessas, nem contra-promessas, nem hipocrisias".

Não posso concordar com esta ideia. O nível das taxas de imposto é definido não apenas pela eficiência da máquina fiscal e de como o dinheiro é gasto, mas também, e essencialmente, pelo papel que queremos atribuir ao estado na nossa vida e qual a intervenção que este deve ter na regulação da economia e intervenção social. Logo, e embora seja óbvio que existem ciclos económicos e situações conjunturais que podem forçar a aumentos conjunturais dos imposto, é óbvio que os impostos são um tema claramente politico e a ser debatido.

segunda-feira, julho 18, 2005

Fouquet

é o nome do antigo ministro das finanças de "Luís XIV", que está a ser relembrado e desvendado o seu papel na história fancesa. Para a sua época era um visionário, um mecena e um brilhante homem de negócios, isto para quem o admira. Para quem se interessa por História e intrigas politicas a vida deste homem é fascinante e o final que o "Rei Sol" lhe reservou também!
Actualmente, a Companhia de Teatro de Almada representa a peça "O poder" que ilustra este periodo de história francês. Aviso já, que é preciso ser um apreciador convicto de duas coisas teatro e história, porque a peça tem uma duração de 2h30 e é cheia de subtilezas, risos, intrigas e muito mais!

sexta-feira, julho 08, 2005

Feudos

Acho bem a medida de acabar com certos privilégios de algumas categorias profissionais que não passam de “feudos”. Temos exemplo disso, todas as forças militares e certos cargos de funcionários públicos. Estes profissionais têm que se metalizar que numa Sociedade Moderna o que conta é o MÉRITO, da pessoa e do seu trabalho! Muitas vezes verifica-se que esses funcionários depois de terem o lugar garantido, descansam o dia interior no seus empregos à acharem que têm todos os privilégios, só porque trabalham para o Estado. E eles o que é que contribuem para a produtividade e avanço do pais? Temos vários protótipos de funcionários como os militares que para além de trabalharem para o emagrecimento do país, não se vê obra feita. Exemplo, a aeronáutica, força área portuguesa, o exército que podia ajudar mais na luta contra os incêndios florestais, e muito mais haveria para dizer! Este post vem do meu desacordo da manifestação, ontem na Assembleia da República, destas categorias profissionais que não passam de “Velhos do Restelo”, ou pior ainda acham que estamos na "Idade Média" e recebem só o fruto do seu estatuto profissional sem contribuírem de forma valiosa para o país.

quarta-feira, julho 06, 2005

Austeridades

Que era preciso tomar medidas de austeridade, e fazê-lo de forma "palpável", só alguns keynesianos mais líricos podem não conseguir ver. Como é óbvio isso, por si só, não retira o mérito das medidas que este governo tem vindo a tomar. Mas ainda assim, acho que estão a ser tomadas no sentido errado, porque hoje em dia fala-se muito em austeridade, mas a austeridade por si só não chega.

Nós precisamos de uma política de austeridade que vise a redução do papel do estado, e não uma que tem como grande objectivo a maior angariação de fundos para sustentar o estado que temos. Há uma diferença substancial entre as duas abordagens, e este governo, como em parte também o anterior, está a seguir a segunda.

Demonstração significativa

Ontem, o debate com o Primeiro Ministro na SIC teve importância do ponto de vista simbólico. Ele veio dar a cara e confirmar a sua "plena consciência" das medidas que tomou. É importante demonstrar aos portugueses que quem governa vem dar contas nem que seja a jornalistas, do que anda a fazer pelo país.
Agora, quanto à forma de defender as medidas tomadas, isso já é outra questão.

quarta-feira, junho 29, 2005

Preocupante

Mais do que critica ou preocupação por alguma manifestação que se tenha seguido, o que importa realmente é o acontecimento em si. O "arrastão" foi um fenómeno inédito em Portugal, e não deve nem pode ser menosprezado. Não acho que a Maria o tenha feito, mas o facto é que os exemplos dados para comparar são de uma dimensão (não falo de gravidade em si) completamente diferente de 100, 200, 300 (ou mais) individuos se juntarem e organizarem para fazer uma espécie de assalto geral a uma praia, em plena zona de Lisboa. Que ao acontecimento as pessoas reajam com medos e receios, com os seus instintos mais básicos, é perfeitamente natural que aconteça. Se não nos podemos sentir seguros de uma situação destas numa praia em Carcavelos, cheia de gente, então onde nos vamos poder sentir?

É bom que haja uma reflexão sobre o que aconteceu, e parece-me que, antes de mais, a policia e os serviços deviam questionar-se a si próprios e aos seus métodos.

Imperdível

O arrufo de ontem entre a Manuela Moura Guedes e o Miguel Sousa Tavares, a propósito das nomeações que se dão a cada mudança de governo. MMG, incapaz de reprimir os comentários constantes, representa o que de pior pode haver no "Zé Povinho". Ignorância, demagogia, egoismo, mesquinhez... uma tristeza.

sexta-feira, junho 17, 2005

Manifestação abusiva

Amanhã vai decorrer uma manifestação da Frente Nacional (pouco original é a copia do nome do partido Front National francês e das suas ideologias racistas), que está aproveita os acontecimentos do arrastão para divulgarem a sua propaganda perigosa. Ela é perigosa, porque no momento de fragilidade da população portuguesa devido ao desemprego e à pouca confiança na Europa, os mais carenciados podem ser facilmente manipulados. É muito fácil arranjar um bode expiatório para esconder os seus próprios fracassos. Não me venham cá dizer que é por causa dos imigrantes que os portugueses estão no desemprego! Isso é tretas! (desculpem-me a expressão). Se não fosse a mão-de-obra imigrante quem é que tinha construído a Expo 98, a Ponte Vasco da Gama, quem é que faria a limpeza das casas de banho dos centros comerciais, dos aeroportos e muito mais, são os pais desses jovens africanos que imigraram à 10 ou 15 anos para Portugal. Em Portugal, os portugueses preferem ir para a Suiça ou Reino Unido fazer trabalhos que os africanos e ucranianos se sujeitam, cá em Portugal.

Aqui, o que está em causa é a politica de integração da segunda e da terceira geração de filhos de imigrantes que já nasceram, em Portugal. Ninguém olha para eles como cidadãos que podem contribuir para um Portugal melhor! No resto da Europa situações bem mais graves acontecem só que não dão o alarido que fazem por cá. Nunca ouviram falar “des tournantes” em França, garanto que é muito mais assustador que são certa 10 a 15 miúdos entre os 12 e 20 anos que violam mulheres colectivamente, sejam do bairro ou do exterior! Essa é uma insegurança e um medo que paira muito mais sobre todos as mulheres e que causam danos muito mais irreparáveis que um roubo de praia.

Quero, no entanto, dizer que condeno e que considero que medidas têm que ser tomadas urgentemente. É necessário apoiar esses jovens mas também responsabilizá-los pelos seus actos. É necessário responsabilizar os pais pelos os miúdos que estão numa situação de inimputáveis. Os pais por trabalharem demasiado e muitas vezes demitindo-se das suas funções educativas por estas estarem fora do seu controle. É necessário que vários técnicos competentes ajudem os pais e os jovens na reeducação e ajustamentos dos comportamentos anti-sociais.

terça-feira, junho 07, 2005

Individualismo é uma forma de humanismo

Numa sociedade individualista pura, o indivíduo é apreciado por aquilo que é, pela sua unicidade. Aliás, ele é encorajado a revelar as suas qualidades mais genuínas e a sua diferença. Ele é apoiado a definir-se como ser especial, para que possa sentir-se único. Só que esta definição é apenas em função das suas qualidades pessoais.

Numa sociedade “semi-individualista” o indivíduo, ainda é muito estimado pela sua dimensão social (estatuto), pelos diplomas que tem, o carro que tem, as roupas que veste…Esta visão da sociedade transpõe-se para as relações humanas quotidianas, amizades, relações profissionais e amorosas. As relações são imbuídas de preconceitos, quer com o complexo de superioridade, quando não se é amigo daquele porque se veste de tal maneira, quer com de inferioridade, quando se tem medo de falar de forma natural com indivíduo depois de saber que ele tem 30 anos e é alto diplomata da ONU. Muitas vezes esquecemo-nos que por detrás dessas etiquetas sociais estão pessoas, no sentido lado da palavra. Pessoas, essas, que para além de fazerem coisas na vida, sentem, sofrem, amam e sonham como nós, independentemente do dinheiro que têm, do nível académico ou da maneira de vestir, andar, falar.

Nesta sociedade “semi-individualista” o indivíduo tem medo de se afirmar pelo que é. Então, arranja um (a)namorado(a), de acordo com os critérios e padrões que os amigos e família exigem, do que pelos seus. Ele tem um emprego e um carro conforme ao que permite o seu estatuto profissional e não em menor escala, senão o que vão dizer os outros. A questão está na defesa do seu ser pessoal pelas qualidades externas, portanto, sociais e não pessoais.

Na sociedade individualista o sujeito tenta ao máximo ser ele mesmo e tem para isso a ajuda das pessoas próximas dele. O individualismo é humanista porque defende à individualidade de cada um, e sobretudo o direito a essa individualidade independentemente dos padrões exigidos. O humanismo está em aceitar o outro pela sua dimensão pessoal, para além da dimensão social.

Em termos pessoais que me interessa numa relação de amizade que a pessoa seja empregada de limpeza ou tenha um “DR” o que me importa é que ela me aceita tal qual como eu sou, e mais ache interessante à minha personalidade. E sobretudo, quando eu preciso dela, ela se disponibilize para me ouvir, aconselhar e estar lá como amiga.

Nos momentos difíceis ou de grande alegria, não são os galões que aparecem, mas as qualidades humanas. Que me importa, que a pessoa seja um brilhante funcionário, se só se lembra que existo quando os amigos dos galões já não estão lá, para compreender o que de mais profundo existe em ti. O mais incrível é que nós temos a noção de quais são os amigos das aparências, só que não conseguimos dispensá-los porque vivemos num mundo do ter em vez de ser. Só o individualismo exige essa transição do ter para o ser num mundo de globalização em que as relações familiares e sociais se desmoronam facilmente, o emprego já não é para toda a vida e o diploma já não garante sucesso. O que resta é a criação de laços genuínos com pessoas que nos reconhecem pelo que somos e não o que temos.

segunda-feira, maio 30, 2005

O tempo para pensar

O não francês é antes de mais um alerta da distância entre o sentimento do cidadão comum e o das elites politicas e intelectuais. Essa distância, no que toca à europa, não acontece apenas na França, mas se até(!) na França, um dos ou o país berço desta constituição, como se pode pensar que este projecto seja realmente sentido e assumido pelo europeu comum? Que a reacção dos vários dirigentes europeus ao resultado esteja a ser a de baixar a cabeça e continuar a insistir, como se nada tivesse acontecido e esta constituição, só mostra cegueira que não pode durar muito com o suceder dos novos "não" que se adivinham.

Por outro lado, é um sinal de vida da democracia quando as pessoas, por bons e maus motivos, mostram que sabem pensar por si, e não cedem às chantagens e ameaças catastrofistas que acompanham sem excepção tudo quanto é o tomar de decisão em temas europeus.

sábado, maio 28, 2005

Constituição Europeia

Esperemos que o resultado do referendo de amanhã à Constituição Europeia, em França, movimente de forma activa e com criticas construtivas os blogs portugueses e toda a sociedade civil. É desejável que haja uma maior mobilização da sociedade civil para esta questão.

Voluntariado

Um dia senti-me só e pensei para mim mesma, “em vez de olhares para o teu umbigo que tal dar um pouco de ti aos outros”. Hoje, são as pessoas que eu pensava poder ajudar com a minha presença que contribuem para a minha felicidade. São elas que dão partes delas ao terem um gesto de gratidão pelo pouco que eu faço por elas.

O gesto humanitário cria laços fortes como as relações de amizade, só que nestas esperamos reciprocidade, enquanto que no voluntariado vamos para nos entregar totalmente sem esperar nada em troca. É aí que o voluntário sente que recebe tanto sem estar à espera, e observa como recebe tanto de pessoas que ele pensava ser ele a poder ajudar.

Quando uma das pessoas a quem demos de forma voluntária um pouco de felicidade parte, sentimos que aquela pessoa leva mais do que uma simples ajuda. Ela transforma-se numa das nossas razões de achar que a vida vale a pena, e deixa um vazio a ser preenchido por uma nova pessoa a quem podemos ser útil, sem pedir nada em troca. O voluntariado engrandece a alma de quem o faz e ensina-nos a ser corajosos perante as fragilidades da vida.
O voluntariado não é uma questão de tempo é só uma questão de SABER DAR E RECEBER SEM NADA ESPERAR!

quarta-feira, maio 25, 2005

Mais um português

António Guterres novo alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, é prestigiante para o país. A notoriedade e a criação de uma nova visão de um Portugal moderno passa pela ocupação de cargos de renome international. Congratulo-me com a presença de mais um português num cargo de chefia internacional.

terça-feira, maio 17, 2005

Eurovisão

Eurovisão

serve para divulgar a música portuguesa e a "portugalidade", não é! Então porque motivo os nossos representantes cantam uma música mista! O início é em português e o refrão em inglês. Expliquem-me se para se ser bom artista musical em Portugal é necessário cantar em inglês. Sinceramente, acho de muito mau gosto a opção da língua escolhida para representar a nossa nação num festival internacional, o inglês.

Os Madredeus, a Mariza, a Mísia e tantos outros fazem sucesso no estrangeiro e fazem uma excelente divulgação da música portuguesa, cantando em português e não em inglês. A Amália era a nossa embaixadora musical e cantava o que de mais genuíno representa a “portugalidade”, o fado. E agora, vêm estes cantores à “pressão” representar Portugal, cantar em inglês.

Se nos países mais longínquos já acham que nós somos uma província de Espanha. Talvez depois da Eurovisão passem a achar que somos uma colónia inglesa ou americana! Parece-me que os únicos que têm orgulho da língua portuguesa são os brasileiros, pois cantam em português e com orgulho dentro e fora do Brasil.

segunda-feira, maio 09, 2005

Caciques

A "luta" que Marques Mendes está a travar com alguns dos caciques do PSD no poder local tem os seus custos, mas é sem dúvida um bom sinal para o ínicio da sua liderança e da mudança de imagem do PSD. Há temas sobre os quais vale a pena perder apoios e arriscar perder votos, até porque a complacência com alguns que garantem votos no seu "feudo" implica perdas de credibilidade que acabam por custar ainda mais votos ao partido como um todo.

O que ainda está para vir é um líder do PSD (e primeiro-ministo do PS!) que tenha a coragem de não andar a fazer vénias a tudo o que são disparates, exigências e prepotências vindas do Alberto João Jardim.

domingo, maio 01, 2005

Cinema Europeu

Hoje deliciei-me a ver um filme francês “As bordadeiras” de Eleonor Faucher, “absolument magnifique”. O cinema de autor enche-me completamente as medidas. A qualidade é absolutamente incomparável aos filmes americanos. Neste filme a abordagem da maternidade precoce é trabalhada de forma realista sem ser sensacionalista. Para além disso, a qualidade da fotografia é fantastica! É ter a sensação que não é mais um filme qualquer a juntar a tantos outros, é a criatividade a mexer com cada espectador. Até a música dos “Louise Attaque” estava perfeita! Espero que o meu entusiasmo chegue até vós, está no Nimas.

sexta-feira, abril 29, 2005

Um ano e um dia,

Este é o tempo que eu naufraguei e recolhi-me no Ilha Perdida. Nele aprendi a expor-me, revelar-me, desabafar e a gostar.

O Ilha Perdida representa hoje um pouco de mim, um pedaço daquilo que compõe a minha pessoa, que preenche os meus tempos livres, ao qual eu dedico um pouco de mim.

Uma pequena nota de mérito vai para o meu companheiro no Ilha Perdida, o Pedro. Hoje, tenho eu lhe agradecer pelo convite feito há um ano e um dia atrás.

sexta-feira, abril 22, 2005

Camara de Lisboa

Marques Mendes foi eleito em congresso por uma margem surpreendentemente pequena. Terá agora oportunidade de se tentar afirmar de facto, e é uma pessoa com qualidades, sem comparação com o adversário que tinha. A simples hipótese de Menezes poder ter chegado a líder faz-me confusão, tal o aparelhismo, ruido e vazio que a sua personagem representa. Um mau sintoma para o PSD.

Contudo, no caso da câmara de lisboa, parece-me que Marques Mendes começa com um erro. Em primeiro lugar, Santana Lopes foi o protagonista da vitória em Lisboa e da obra que foi feita. Logo, é ele o candidato natural para defender o que se fez e, não sendo ele, considerando-se que a obra foi má, deveria então ser escolhido alguém sem qualquer compromisso com este mandato. Em segundo lugar, tanto Santana Lopes como Carmona Rodrigues têm mais hipóteses de perder as eleições do que de as ganhar. Na minha opinião, apesar de tudo, com Santana Lopes seria mais fácil uma eventual reviravolta. Mas, se é para perder, não seria mais inteligente deixar Santana Lopes avançar do que deixa-lo na situação de poder colocar a responsabilidade da derrota na escolha de Marques Mendes?

Bento XVI

A ler, sobre a eleição do novo Papa, no Acidental.

A Igreja é uma instituição naturalmente conservadora, e não poderia ser de outra forma. A Igreja não está nem tem de estar necessariamente integrada nos tempos que correm. E, acima de tudo, a Igreja não está nem tem de estar necessariamente moldada ao gosto de quem não acredita na Igreja ou sequer em Deus.

PS: Digo isto com o à vontade de quem não é católico.

quinta-feira, abril 21, 2005

Negociação através da discussão

É no meu entender chegar a um acordo, uma harmonia e um equilíbrio, entre diferentes posições e perspectivas, de duas ou mais pessoas. Em Sociologia da vida privada, “a negociação” é um conceito muito utilizado. A negociação, que surge muitas vezes de uma discussão, virulenta ou não, entre duas pessoas, ajuda na exposição de ideias. A discussão é uma forma de negociação, porque estabelece parâmetros de respeito e limites que o outro tem que respeitar e aceitar. A discussão delimita o espaço de cada um e aumenta o espaço individual da pessoa dentro da relação entre as pessoas em questão.

Por mais difícil, dolorosa e desgastante que seja uma discussão, esta é o contributo essencial para a negociação. Quantos de nós não discutiram com os irmãos por causa da utilização indevida de objectos que não lhes pertenciam. Quantos de nós não negociaram, através de discussões acesas, as saídas à noite com os pais, enquanto adolescentes. E quantos de nós não discutiram com um amigo(a) querido (a) com o qual se aborreceram. A discussão só surge porque não queremos perder a amizade ou achamos que ela vale a pena. Senão não nos dávamos ao trabalho de nos desgastarmos em expor as nossas opiniões, e deixaríamos de conviver com essa pessoa e assim ficava o assunto resolvido.

Quero alertar que estas discussões têm regras e limites na forma de expor as suas opiniões. Esses regras possibilitam uma boa negociação, no sentido em que não existam faltas de respeito ou ofensas que destruam a negociação. Caso estas regras sejam quebradas a negociação é impossibilitada e não existe evolução na relação em questão, que fica em perigo de ruptura.

As discussões contribuem para a negociação no sentido em que ao expormos as nossas ideias estamo-nos a expor, e é uma forma de nos conhecermos e de respeitarmo-nos a nos próprios e fazer com que o outro nos conheça, e nos respeitemos mutuamente.

quinta-feira, abril 07, 2005

Valor do Nacionalismo

É importante termos orgulho nacional e não acharmos que perante as outras nações da Europa, tenhamos que deixar de parte o orgulho de ser português, só porque essas nações têm uma melhor posição económica e desenvolvimento. O melhor exemplo da não inclinação à visão de cidadãos menores da Europa, é atitude de José Mourinho. Podem-no chamar de altivo, arrogante, vaidoso…O importante é que ele é um excelente profissional e não tem que baixar a cabeça, só porque supostamente é português, segundo os europeus do norte uma nação menor. E deixar de ser quem é, para tentar agradar aos outros. É uma atitude muito digna de manter -se igual a ele próprio e de não deixar que lhe pisem “os calos”, ou que achem que lhe estão a fazer um favor pelo facto de o terem convidado para treinador do Chelsea.

Neste momento, deveríamos todos apoiar Mourinho, porque vemos bem que os treinadores de futebol estrangeiros que estão em Portugal estão longe de fazer um trabalhado tão bom quanto o de Mourinho. Marcelo Rebelo de Sousa apoia Mourinho e afirma que “todos os portugueses deveriam ser como ele e deveríamos deixar o nosso provincianismo de lado”. Pois, há muitas pessoas que têm vergonha de dizerem que são oriundos do interior beirão, alentejano, transmontanos…Não é porque temos origens humildes, que temos menos valor. Há valores como a honestidade, a simplicidade e a autenticidade que são valores fundamentais para o valor individual de cada um.

Como foi visível no jogo de ontem o trabalho de Mourinho permitiu mais uma vitória do Chelsea. Os nossos jornalistas nacionais é que deviam ter uma formação urgente, de aprendizagem da importância do valor nacional e deixar de valorizar o que é português quando os estrangeiros valorizam e de deitar à baixo quando os outros o fazem. Esta atitude de boicote nacional, de denegrir o que é nacional torna-se intolerável por parte da classe jornalística portuguesa. Já não se trata de ser realista e neutro na forma de informar, é um deitar à baixo e pessimismo nacional, aumentando o que está mal em Portugal.

quarta-feira, março 30, 2005

Importação de energia

É um facto que neste momento, devido à seca, há uma baixa da produção de electricidade fornecida pelas barragens hidroeléctricas. O que de algum modo é engraçado. Com tanto sol em Portugal ninguém ainda se lembrou de aproveita-lo de outra forma que exclusivamente em pacotes Turísticos. Com a quantidade de sol que temos, se colocassemos paneis solares por todo este país fora, é provável que diminuísse a importação de grande parte da nossa energia.

Realmente, ou faltam cabecinhas pensadoras neste país ou há falta de vontade política para desenvolver o país e poupar dinheiro. Que tenha conhecimento apenas uma única Câmara Municipal do país, Montalegre, exigiu à EDP que instalasse paneis solares na iluminação da cidade para fazer poupanças de energia. Este exemplo deveria ser seguido por todas as Câmaras Municipais para poupar na iluminação pública, mas também para aquecer casas, ministérios, escolas…

Já foquei este tema noutra ocasião mas a patetice de não utilizar os poucos recursos que temos põe-me fora de mim. É a mesma coisa que ver uma família pobre com poucos recursos e a esbanjá-los, enquanto a família rica sabe poupar e duplicar os seus recursos. Esta analogia também se pode adaptar às diferentes nações. Agora, com a ideia do “Choque Tecnológico” talvez tenham a brilhante ideia de por esta ideia em prática!

quarta-feira, março 23, 2005

Referendo ao Tratado Constitucional Europeu II

Ovidio, eu acho que a ideia do referendo ser realizado isoladamente não tem nada de absurdo, a menos que se considere que a importância do tema referendado não o justifica. Como (na minha opinião) não é esse o caso, o referendo sobre a Constituição Europeia deveria ser realizado isoladamente, como a melhor forma de suscitar um verdadeiro debate sobre a Europa.

Nas eleições autárquicas os presidentes de câmara vão responder perante os seus munícipes sobre o trabalho que realizaram, é disso que se trata. Se nem nas eleições para o parlamento europeu se consegue discutir a Europa, com que base se pode esperar que seja numas eleições locais que esse aguardado debate nacional vai surgir? Em que é que a avaliação do desempenho do mandato do presidente da câmara de Bragança se relaciona com o sim ou não à constituição europeia? Parece-me que as dúvidas são mais que justificadas. A haver junção com algum acto eleitoral, teriam de ser as presidenciais.

E, ainda quanto ao que foi defendido pela Maria, também não são as campanhas de propaganda, as linhas telefónicas grátis, ou outras variantes de "educação das massas" que criam o debate necessário. O maior entrave é exactamente o quase unanimismo partidário no apoio ao sim, que se criou com a mudança de posição do CDS/PP, e que acaba por castrar o essencial para qualquer debate - a existência de contraditório. Mais uma vez, o facto de o referendo ser realizado em simultâneo com as autárquicas só vai agravar este problema por dar um maior relevo ao papel dos partidos, mobilizados nas eleições locais, e reduzir o espaço para a intervenção de grupos de cidadãos com posições autónomas.

terça-feira, março 22, 2005

Referendo ao Tratado Constitucional Europeu

Numa data ou outra, o mais importante é que o referendo se faça e não se ceda ao medo de consultar a vontade popular. Dito isto, é evidente que não faz muito sentido juntar este referendo a umas eleições que nada ou muito pouco têm em comum com o tema em causa. Nas eleições autarquicas vamos avaliar a forma como os autarcas nos governam, e vamos juntar a estas eleições um referendo sobre a constituição europeia? A ideia só pode ser evitar o debate.

O referendo deveria ser realizado isoladamente de outros actos eleitorais, para evitar confusões e ainda contribuir para gerar verdadeiro debate sobre um tema tão pouco conhecido e discutido pelos portugueses. E, a ser realizado juntamente a outro acto eleitoral, seria naturalmente com as presidenciais pois ai sim a europa é um tema que está e deve estar presente.

domingo, março 20, 2005

Tratado sobre a Constituição Europeia

A Espanha já disse SIM! A França está a preparar o referendo para daqui a dois meses! Nós já decidimos que será na mesma data que as eleições autárquicas. Acho boa ideia! Há que fazer redução de gastos e evitar uma abstenção elevada ao referendo. Agora, resta os políticos portugueses formularem uma pergunta clara e informarem os portugueses, em que é que consiste esse tratado, e quais as consequências ou benefícios para Portugal.


A França arranjou como meio para informar a sua população uma linha telefónica gratuita, onde jovens preparados para o efeito, respondem a todas as questões dos cidadãos franceses e para além disso se for solicitado oferecem um resumo da constituição, se o desejarem. O governo português deveria começar a pensar numa estratégia para explicar e informar de forma simples e clara os portugueses. O que é isso do "Tratado da Constituição Europeia"? Até agora devem ser muito poucos os portugueses que têm conhecimento do tratado que é constituído por 448 artigos e quais as diferentes áreas que ele abrange.


Os futuros candidatos às autarquias poderiam preparar-se, tomando conhecimento do Tratado Europeu e explicar aos seus futuros eleitores os benefícios que querem fazer na sua região e também quais as vantagens ou desvantagens de dizer Sim ou Não à Constituição Europeia. Para além de contribuirem para uma melhor informação da população local com menos acesso à fontes de informação, também os candidatos a futuros dirigentes locais aprofundam conhecimentos sobre um tratado, que terá influência na sua forma de governação.

segunda-feira, março 14, 2005

Negócios Estrangeiros

Se a nomeação de Freitas do Amaral pode parecer um bom sinal no sentido de a escolha dos nomes no governo não se ter limitado às fronteiras partidárias, a sua escolha para os negócios estrangeiros em particular é um erro grave. Freitas do Amaral tem sido um crítico dos EUA de tal forma radical que a sua nomeação põe claramente em causa aquela que tem sido a linha portuguesa de preservação dos laços transatlânticos, e põe assim em causa os interesses nacionais. Por outro lado, e no que toca à europa, as suas posições são de tal forma federalistas que também dificilmente podem ter a pretensão de representar o sentimento português.

sexta-feira, março 11, 2005

Um novo partido II

Em alternativa à criação de um novo partido, que seria a meu ver a solução ideal, quem poderia protagonizar este projecto é o Partido Popular. Não estou certo nem confiante de que o fará, mas penso que pelo menos tem condições para o fazer.

Falo com a liberdade de quem nestas eleições votou em branco, porque obviamente o Partido Popular de que falo não é o de Paulo Portas (ou o de Manuel Monteiro). O PP que temos conhecido nos últimos anos, com as diferentes faces que já assumiu, manteve sempre no discurso o direccionamento a nichos eleitorais, e um traço de proteccionismo. É verdade que foi uma surpresa positiva no governo, e teve alguns muito bons ministros. Mas, a ideia do papel do estado como defensor de alguns sectores económicos e grupos em particular, ou ir para debates com gráficos dos empregos que se salvaram nesta ou naquela empresa é simplesmente to miss the point.

O estado não deve ser "o" protagonista do desenvolvimento económico, mas sim reservar-se àquilo que são as suas funções, e essas sim deve fazer questão de as desempenhar de forma eficiente. Neste momento nem isso consegue fazer, mas ainda assim é chamado e intromete-se em tudo e mais alguma coisa. De cada vez que o faz, introduz distorção e ineficiência.

Espero com alguma curiosidade pela nova liderança, e que esta traga uma mudança ao discurso do partido, que este fale e apele finalmente àquela classe média que sente o vazio político existente. E sim, confesso que tenho alguma dose de wishfull thinking.

quinta-feira, março 10, 2005

Um novo partido I

Há muito tempo que se sente a falta de um novo partido em Portugal, e se houve eleições em que tal foi notório foram as que se acabaram de realizar. Falta um verdadeiro partido liberal ou conservador, como se queira, porque não são conceitos necessariamente contraditórios. Com algum conservadorismo social, mas acima de tudo uma cultura de liberalismo na economia, e de reformismo no papel do estado e do mercado na vida do país.

Os potenciais actores para esse projecto existem. Uns no PSD, outros no PP, outros até no PS, e ainda muitos sem motivação de momento para participar na vida política. E o espaço para esse partido existe. É o ambiente político que torna díficil o aparecimento e sucesso de novos partidos fora dos já "estabelecidos". Sim, o BE é um caso de sucesso, no outro espectro político, mas nasceu e tem crescido num ambiente de benevolência e apoio dos media que duvido que se possa repetir em relação a outro partido, ainda mais de direita.

Crispação

A nova tentativa do PP de reescrever a sua história, ao enviar a foto de um seu antigo presidente para a sede do PS, é um sinal de pequenez e mesquinhice. Mostra o lado intolerante e crispado, que por vezes lhe vem ao de cima, mas deveria ser controlado e não instigado, pelo menos pela direcção. Esta atitude é uma pena e é lamentável.

terça-feira, março 08, 2005

Dia da mulher,

É de assinalar este dia e fazer uma avaliação sobre a condição feminina em Portugal. Um artigo de Maria Filomena Mónica no jornal ao Público dava conta de uma realidade que não me surpreendeu, mas que me entristeceu, enquanto mulher. Em relação às nossas mães que fizeram o Maio de 68 e depois viveram o 25 de Abril, nós não evoluímos muito mais em relação a elas.

É que do ponto de vista laboral as mulheres conseguem aceder em maior número ao ensino superior e depois eventualmente ter uma carreira brilhante, mesmo que seja mais sofrida do que a dos homens. No entanto, ainda falta fazer muita coisa em relação, a igualdade, ou mais simplesmente a divisão e partilha das tarefas domésticas, no seio do casal.

A sociedade, hoje, exige que a mulher seja inteligente, boa conversadora, boa profissional, cuide da sua aparência, seja uma boa amante, esposa e mãe. Ao longo destes anos a mulher vê-se obrigada a cumprir com as novas exigências que a sociedade lhe impõe, mas ela não soube fazer as suas exigências, em contrapartida ao que lhe foi pedido.

A mulher continua a fazer mais tarefas domésticas e a ocupar-se mais dos filhos, porque não soube-se impor e negociar o seu novo papel e lugar no seio familiar. Aqui, condeno sobretudo as mães que não preparam os filhos para as tarefas domésticas e depois as esposas que se resignam ao facto de eles não as apoiarem no quotidiano doméstico e familiar.

Se não for a mulher a lutar individualmente, no seu lar e depois unindo-se às outras para conseguir mais igualdade, os homens continuam a achar que nós até estamos satisfeitas com a situação. O que sinceramente duvido! A questão é que algumas culpabilizam-se e são condenadas pelo exterior pelo facto de querem mudar a situação. Só que as coisas têm que mudar cabe a cada mulher contribuir para essa mudança!

segunda-feira, março 07, 2005

Análise Errónea

Existe, por parte, de certas organizações sindicais e partidos políticos mais esquerdista, uma análise errónea, quanto ao significado da maioria absoluta do PS. Não se trata de uma viragem à esquerda do país, mas sim de “um basta” à situação anterior. O argumento dos partidos mais esquerdista de que, a esquerda é maioritária no parlamento, por isso não se podem tomar medidas mais neo-liberais, não pode servir para a situação actual do país. É necessário tomar medidas mais neo-liberais, mesmo que seja um partido de esquerda a fazê-lo. Senão, o nosso desenvolvimento e avanço, enquanto país da União Europeia, estão seriamente comprometidos.


Neste momento, as medidas que têm que ser tomadas são as de salvação nacional, ou seja, as do progresso sustentável, em termos económicos, sociais e ambientais. De que serve o PCP defender um emprego com direitos, coisa que eu até concordo, senão fizermos o necessário para incentivarmos o sector privado a criar emprego. Pois, vamos deixar de ter indústria e empresas lucrativas e isso representa ausência de trabalho. Por isso, de que serve trabalho com direitos, se não existir trabalho? Há que fazer concessões para depois obter direitos.

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Paris

É daquelas cidades que marca profundamente! O metro tem um cheiro inconfundivel que, mesmo de olhos fechados, dentro daqueles tuneis intermináveis, sabemos que se trata do metro de Paris, e de mais nenhum lugar do mundo. Os corvos nos jardins, nas árvores e nos lugares mais insólitos, são uma presença constante.
A moda respira-se, vê-se a cada esquina, rua e local desta cidade. Existe um estilo bem parisiense. A mulher, em Paris, tem o culto da beleza e de ser feminina. Noutros lugares do mundo também, mas aqui é muito notório como o culto da imagem e do corpo é uma constante.
O apelo ao lazer é outra faceta desta cidade. Em todos os corredores de metro e locais visíveis vislumbram-se anúncios muito convidativos para a evasão turística, para a descoberta de novas paragens. Outro tipo de evasão, incontornável nesta cidade é a cultural. A oferta de exposições de todo o tipo, concertos musicais, e a quantidade de museus por metro quadrado, não deixa ninguém indiferente. As livrarias são outro exemplo fantástico da oferta cultural, com uma oferta de livros a preços convidativos e até de ocasião. Esta cidade está concebida de forma a servir quem vive e passeia por ela, oferecendo a cada um os momentos de evasão que deseja.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Eleições II

É mais ou menos consensual que o PP foi a surpresa positiva neste governo, embora nunca tenha sido liquido que tal se viesse a reflectir num crescimento eleitoral. Como JPP soube apontar, Paulo Portas foi pela primeira vez a votos com um ambiente de expectativas altas quanto aos resultados, e desiludiu. Fez bem em sair, é o fim de um ciclo, e o PP faria bem em arranjar nova vida em vez de se consumir em vagas de fundo para o regresso do lider. (continua)

Eleições

O primeiro-ministro da descoordenação, o estilo errático e a campanha lamentável tiveram ontem a resposta dos portugueses. Nunca pensei que Santana Lopes pudesse desempenhar tão mal o papel de lider do governo e do PSD. A ninguém terá custado mais estes resultados que a ele, e a forma como conduziu e pessoalizou a campanha tornam-no "o" responsável por eles.

Diz-se que fica provada a razão de Sampaio, mas não tenho a mesma opinião. A conclusão prematura da legislatura foi um acto que não se justificava, e não são estes resultados que provam o contrário. A nossa democracia não é directa, e os parlamentos devem por natureza subsistir pelos 4 anos.

O BE teve um excelente resultado, está para ficar. Pelos vistos o comentário infeliz do Francisco Louça sobre a legitimidade de quem não tem filhos para opinar sobre o direito à vida não chegou para assustar os eleitores. E, finalmente, a discriminação positiva com que desde sempre tem sido favorecido na comunicação social começa a ter expressão eleitoral.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Conversas de género

Todos nós temos amigos e amigas com quem gostamos de conversar das mais diversas coisas. Há conversas, de facto, que só fazem sentido com pessoas do mesmo sexo, porque existe uma simbiose de género que faz com que o outro compreenda aquilo que estamos a dizer mesmo que não o sinta como nós. O género influencia a forma de estar e de ver as coisas.

Duas amigas ao falarem entre si da paixão que têm por lingerie, ou outra paixão bem feminina como as jóias, mesmo que a outra amiga não partilhe essa paixão, sente que é uma coisa feminina, e que pertence à classe do género feminino. O sentimento de feminilidade prevalece em relação aos gostos. Há um sentimento de se ser mulher e se ser feminina.

Eu até posso falar disso com um amigo, mas ele apenas vai apreciar o facto de eu gostar de lingerie ou jóias. E de todas as maneiras eu própria acharia que não faria sentido falar com ele destes assuntos bem femininos. Há certos assuntos que, por mais que se queira, um amigo tem dificuldade em entender. Por mais compreensivo e sensível que seja, o nosso amigo homem infelizmente não poderá sentir essa empatia de género, o que faz com que certas conversas mais fúteis e/ou as mais intimas acabem por ser com uma pessoa do mesmo sexo que nós, muitas vezes pela afinidade de género.

É como as conversas de copos e cervejas dos homens. Por mais que eles gostem da companhia feminina, há momentos em que o género masculino precisa de se por à prova entre machos e terem conversas machistas. Agora, se estiver no meio deles uma mulher, por mais abertos e liberais que sejam existem uma série de condicionantes educativas, morais e sociais de género que no fundo definem bem como somos diferentes. As diferenças não são apenas biológicas, elas são sobretudo sociais e íntimas. Eu gosto de uma boa conversa com um amigo, mas não dispenso umas revelações femininas, entre mulheres.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Carta de Santana Lopes aos eleitores

"Caro(a) Amigo(a),
Não pare de ler esta carta.
Se o fizer, fará o mesmo que o Presidente da República fez a Portugal, ao interromper um conjunto de medidas que beneficiavam os portugueses e as portuguesas.
Portugal precisa do seu voto para fazer justiça. Só com o seu voto será possível prosseguir as políticas que favorecem os que menos ganham e que exigem mais dos que mais têm e mais recebem.
Você não costuma votar, e não é por acaso.
Afastou-se pelas mesmas razões que eles nos querem afastar.
E quem são eles?
Alguns poderosos a quem interessa que tudo fique na mesma.
Incluindo a velha maneira de fazer política.
Eles acham que eu sou de fora do sistema que eles querem manter. Já pensou bem nisso?
Provavelmente nós temos algo em comum: não nos damos bem com este sistema. Tenho defeitos como todos os seres humanos, mas conhece algum político em Portugal que eles Tratem tão mal como a mim? Também o tratam mal a si. Já somos vários. Ajude-me a fazer-lhes frente.
Desta vez, venha votar. É um favor que lhe peço!
Por todos nós,
Pedro Santana Lopes"

Como é possível? Hoje uma colega de trabalho e estava convencidíssima que era a gozar, mas infelizmente não. Esta carta é um autêntico atestado de estupidez ao público a quem se dirige, isto é, a todos nós!

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Oportunismo político

A interrupção da campanha política por parte de certos partidos, por causa da morte da Irmã Lúcia, no meu entender não passa de um aproveitamento político para tocar o coração do povo mais simples e ingénuo. Pois, custa a acreditar que os líderes destes partidos fossem tão crentes ou tão devotos dos pastorinhos de Fátima. Se é o caso o estranho é ser apenas mostrado no momento como este, ninguém tinha ainda ouvido falar, dessas convicções.

Independentemente, do sentimento religioso de cada um dos líderes, a fé e a devoção pertence ao foro do privado e por isso não é de todo a melhor maneira de vivê-la que dizer ao mundo, que estão muito abalados com o facto. A fé é um trabalho e sentimento interior. Nós, para sermos crentes não temos que mostrar aos outros que o somos. As convicções e a fé sentem-se não se demonstram. É de destacar a intervenção e a lucidez do Bispo de Setúbal que alertou e mostrou a sua indignação pelo aproveitamento político de certos líderes políticos, ao tentarem se aproveitar das crenças e valores religiosos dos portugueses.

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Carnaval

É óptimo para as crianças que vestem a pele dos seus heróis. Quanto aos adultos divertem-se porque têm oportunidade de viver fantasias de miúdos, mas também de graúdos. Carnavais e desfiles é o que não falta por este país fora, mas de português o Carnaval pouco ou nada tem. O nosso Carnaval, quando recorre a imitações brejeiras do Carnaval do Brasil, limita-se a apresentar umas mocinhas semi-nuas ao som do samba.

Nos desfiles de Carnaval também existe criatividade bem portuguesa que se inspira na política e na situação nacional. Quando os organizadores fazem recurso à sátira como forma de critica e brincam com a situação, penso que é outra criatividade, mais rebuscada que tem que se valorizar, que não apenas aquela que tenta imitar uma coisa que tem pouco a ver connosco.

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Escolaridade Obrigatória

A quase totalidade dos partidos políticos aposta na escolaridade obrigatória até ao 12º ano. É uma boa medida, na condição de ser bem pensada e de incluir todas as perspectivas dos jovens e não apenas aqueles que querem prosseguir os estudos. O sistema de ensino “normal” não tem em conta os alunos que querem seguir um percurso mais curto. Até agora os cursos de formação profissional são poucos e pouco diversificados.

Ao prolongar o número de anos de escolaridade, medidas concretas devem ser tomadas para evitar o abandono escolar. Uma das soluções é valorizar as vias profissionalizantes e abrir mais áreas de formação profissional. E porque não alternar uma semana na escola e uma semana num empregador para se aprender a futura profissão. Deste modo, sai-se com o 12º ano e com a formação adequada e experiência, na profissão que se escolheu. O sistema de ensino português tem que ter em conta que nem todos querem ser “doutores” e que todas as profissões têm valor, desde que os profissionais sejam competentes. E para que haja competência têm que se formar os alunos correctamente para essas profissões.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Sem comentários

As insinuações de Santana Lopes e alguns dos seus "cães-de-fila" sobre Sócrates, nomeadamente quanto aos colos que este prefere.

Começo a ficar perplexo com a trapalhada e baixo nível da campanha do PSD. Não são só este tipo de comentários, que poderão ser próprios de tudo menos de um dos dois maiores partidos portugueses, mas eles por si já dizem muito sobre aquilo a que chegámos.

domingo, janeiro 30, 2005

Iraque

É na forma como decorreram as eleições, e não nos atentados terroristas, que se deve procurar perceber qual será o sentimento e o olhar do iraquiano comum sobre tudo quanto se tem passado. Ver como os iraquianos quiseram ir às urnas, mesmo nas condições de medo e insegurança em que o fizeram, e em número tão expressivo, não pode deixar de fazer pensar. É um acontecimento que devia dar regozijo a todo o mundo ocidental.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Fragilidades

Força ou fraqueza? Depende como encaramos os outros e a nós mesmos! Quando somos demasiado exigentes e inflexíveis connosco, as fragilidades são uma falha imperdoável, que temos que esconder. Tenta-se omitir as fragilidades quando achamos que os outros só nos vêem como imperturbáveis, distantes, e direi quase como insensíveis. Ao aceitarmos a definição de nós mesmos pelos outros, como uma “verdade”, passamos a concordar com eles! Então, as fragilidades não podem existir, porque senão vamos contrariar aquilo que os outros pensam, mesmo se a nossa consciência quer ser o contrário.

Só que, por mais mascaras e estratagemas para não mostrar as fragilidades, algum dia, elas aparecem. Surgem nos momentos mais inesperados, porque baixamos a guarda. As fragilidades são escondidas àqueles a quem queremos agradar. É no mínimo paradoxal já que é a esses que nós nos queremos revelar. Mas o que acontece é que para certas pessoas fabricamos uma nova personalidade, aquela que achamos que elas vão gostar mais, do que realmente aquilo que somos. Não será isso, sim, uma fragilidade, fraqueza, por não aceitarmos quem somos?

As fragilidades são necessárias para nos aceitarmos sob todas as nossas facetas. Ao descobrir quais são as nossas fragilidades e não fazer disso um problema é um passo para elas serem uma força. Passa-se a conhecer as fragilidades e a saber lidar com elas! As fragilidades transformam-se em força quando nós aceitamos que elas podem ser reveladas, sem que nos sintamos diminuídos, e muitas vezes os outros passam a ter uma nova visão de nós mesmos. É verdade que sempre nos ensinaram a não demonstrar as fragilidades, porque os outros vão utilizá-las contra nós! Mas porquê, esconder as nossas fragilidades daqueles que mais amamos! Não será essa mais uma razão para gostarem ainda mais de nós!

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Sem comentários

Francisco Louça acha que Paulo Portas não pode falar sobre o direito à vida por nunca ter gerado uma vida.

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Urgentemente

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
Poema de Eugénio Andrade.


Ele fez ontem 82 anos. Para ele as quatro coisas mais importantes na vida são: a terra, o sol, o vento e o amor. Eu quis ilustrar como é que ele via uma dessas coisas, o amor.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Por uma Grande Causa,

Portugal! A realização de vários debates televisivos, com pessoas notáveis da sociedade cívil e antigos lideres políticos, consciencializa a nação do seu verdadeiro estado. Esta mobilização é simbólica, mas significativa daquilo que o resto da população portuguesa tem que fazer para contribuir e acreditar que é necessário os esforços de todos nós, para sair deste periodo conturbado.
Até agora existiam apenas interesses corporativos. Neste momento, após mobilização geral de figuras relevantes da sociedade portuguesas chegou-se à conclusão que a verdadeira causa é a de salvar Portugal e não interesses mesquinhos de diferentes fracções partidárias, ou lobbies económicos. Agora esperemos que os portugueses se sintam motivados para ao grande acto cívico que é exercer o seu direito de voto. Este acto é um primeiro passo para as coisas mudarem.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Caridadezinha

A última coisa que as vitimas do tsunami precisam é de espectáculos grandiosos de caridade que mais não são do que golpes de publicidade e de auto-promoção. Toda a encenação da selecção portuguesa com a ajuda ao rapaz que sobreviveu com a camisola portuguesa chega a ser constrangedora quando se pensa nos milhares ou milhões de pessoas que ficaram sem nada. Agora parece que também o Figo quer participar nesta gloriosa obra de ajudar o tal menino. Estamos no mero domínio do show-off, do encher o próprio ego e vender imagem.

E que tal deixarmo-nos de caridadezinha barata?

sábado, janeiro 15, 2005

Mudança de Regime

Os círculos uninominais têm, no entanto, o problema de estar num dos extremos do trade-off enunciado entre proporcionalidade e accountability. Podemos olhar para o Reino Unido, ou as eleições para o senado dos EUA, e é perfeitamente possível um partido ter 10% ou mesmo 15% de intenções de voto a nível nacional e não eleger qualquer deputado, desde que esses votos não estejam concentrados em zonas em particular. Em Portugal isso equivaleria, como que por de decreto, a eliminar de imediato qualquer partido que não o PS ou PSD.

A ideia dos círculos uninominais deveria portanto ser, no mínimo, moderada por um qualquer outro mecanismo. A ideia de haver depois um círculo nacional a equilibrar, por exemplo com cerca de 50 lugares, é a que tem sido sugerida entre nós, e faz todo o sentido. Por um lado, o patamar de acesso à representação parlamentar ficaria por volta dos 2%, o que é razoável. E, por outro, existem várias figuras no parlamento e na vida publica em geral que têm uma dimensão marcadamente nacional.

Estas são apenas algumas ideias que penso que ajudariam a termos um parlamento com mais sentido crítico e maior credibilidade na acção política. Provavelmente capaz de exercer boa parte do tal poder de moderação que é agora exercido pelo Presidente da Républica. A meu ver haveria ainda muito mais a mudar no regime, mas este já seria um passo bem grande no bom caminho.

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Mudança de Regime - Accountability

A escolha não deveria ser colocada entre um sistema mais ou menos proporcional, pois a proporcionalidade é à partida um bem em si mesmo, no sentido de não tornar os votos de uns mais importantes que o de outros. A escolha a fazer, na minha opinião, é entre um sistema mais proporcional, e outro em que a escolha do eleito pelo eleitor fosse o mais directa possível e houvesse uma verdadeira accountability.

O grande problema do nosso parlamento é a falta de autonomia e liberdade dos deputados que estão no parlamento, e a culpa não é apenas deles, mas do sistema em si. Neste momento os deputados são eleitos em listas por cada distrito, e quem define a sua posição nas listas são os partidos. Isto é, é em primeiro lugar aos partidos que os deputados devem o seu lugar, e é logo ai que existe um dever de fidelidade e que começa o seguidismo. Pode-se argumentar que não, porque as pessoas votam é nas listas apresentadas, e o facto de lá estar o nome tal também ajuda ou piora. Mas sabemos que na prática ninguém sabe (nem quer saber!) quais os deputados que os representam num dado distrito. As pessoas votam é nos candidatos a primeiro-ministro, ou no partido, mas raramente o candidato em concreto no distrito tem qualquer influência na decisão. É um fenómeno estudado e provado, que se pode demonstrar por exemplo na forma como os partidos sobem e descem de forma quase homogénea nos vários distritos, de eleição para eleição, independentemente dos candidatos em concreto que vão surgindo por um ou outro distrito. Não existe verdadeira accountability entre os deputados e seus eleitores, o que é um elemento fundamental em qualquer regime democrático.

Uma das soluções (em Portugal é quase um D. Sebastião da questão por tanto se falar e nunca aparecer) são os círculos uninominais. Num sistema eleitoral desse tipo cada região ou zona elegeria o seu deputado em particular, que teria de prestar contas pelo seu trabalho durante a legislatura, e ser avaliado por ele nas eleições seguintes. A proximidade entre eleito e eleitor seria incomparavelmente maior, e o deputado teria aí sim as condições para poder ter assumir posição própria sobre os problemas. Isto não significa que deixe de haver fidelidade partidária, que é também ela essencial para haver alguma estabilidade no regime. Mas, imaginando que um governo tinha alguma ideia absurda, ou começava a ter uma actuação errática, num parlamento deste tipo seria muito mais fácil haverem deputados que simplesmente se recusavam a apoiar as medidas, mais que não seja por terem noção que depois iam ter de responder directamente ao seu eleitorado pelas suas posições. No nosso sistema, uma vez conseguida a maioria absoluta (quer de um quer de mais partidos), fica a sensação que quase qualquer medida passa no parlamento, tal o adormecimento e resignação em que os deputados se encontram. (continua)

sábado, janeiro 08, 2005

Mudança de Regime - Maiorias Absolutas

As declarações de Sampaio sobre as maiorias absolutas são antes de mais inoportunas. São feitas em pleno processo eleitoral e num contexto em que poderiam até ser interpretadas como apoio ao PS. Acredito que não haja essa intenção, mas não deixam de ser declarações feitas num momento despropositado. Ainda assim são legítimas, e Sampaio está longe de ser o primeiro a defender a ideia de um regime que facilite a obtenção de maiorias absolutas. Vale a pena pensar um pouco sobre o assunto, porque a meu ver a questão está a ser posta de uma forma completamente errada.

Em primeiro lugar este favorecimento das maiorias absolutas é um eufemismo para dizer que o parlamento não deve ter tenta preocupação em espelhar a escolha popular. Isto é, considera-se negativo ter um parlamento que espelha o voto popular, e desejável um que o distorçe no sentido de favorecer os maiores partidos e eliminar os pequenos. Em certos regimes, como no RU, isto pode significar um partido ter 10% dos votos e não conseguir qualquer representação parlamentar! É este o trade-off que temos de fazer, entre representatividade e supostas desejabilidades.

Ao olharmos para os tempos que passaram, vemos que as pessoas através da sua escolha têm o poder de atribuir ou não a maioria absoluta ao partido mais votado, que já o fizeram quando o entenderam, e que nos casos em que ela não existiu não veio nenhum mal ao mundo. A coligação PSD/PP veio provar isso mesmo, e não vejo qualquer mal maior no país (e não são poucos) que possa ser imputado à dificuldade de obter maiorias. Se é esta a escolha, então o que o Presidente propõe é um caminho errado. (continua)

Dever de ajuda

Sobre os programas para angariar fundos para as vítimas do maremoto, é errado colocar as coisas entre ajudar os outros ou os nossos. Além do mais, é sempre positivo ver a sociedade civil a mobilizar-se por este tipo de causas e saber assumi-las também por si.

É uma pena, isso sim, que desastres e calamidades como os massacres no Sudão, o genocídio no Rwanda, e tantos outros episódios tristes dos nossos tempos não tenham encontrado a devida atenção da comunidade internacional. Nesses casos, alguns incomparavelmente mais graves que o presente, o olhar dos media (sempre o factor fundamental, embora selectivo e por vezes mesmo errático) e o consequente ganhar de consciências das sociedades ocidentais ocorreu tarde demais, quando o pior já tinha acontecido. É esses casos que temos de lamentar, e prevenir.

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Renascer

o programa para angariar fundos para ajudar as vítimas do maremoto tem mérito. Pena é que a rádio televisão portuguesa, assim como as personalidades que se juntaram para promover esta acção, nunca se tenham lembrado de colectar fundos para as necessidades existentes no nosso pais.
Porque não sensibilizar os portugueses para a investigação na luta contra a sida, o cancro, para os incêndios dos dois verões consecutivos e colectar fundos para essas causas e tantas outras. Para as instituições de solidariedade social que também precisam, visto que contribuem para minorar as dificuldades dos ques mais sofrem e que, muitas vezes, as suas acções ficam muitas vezes na sombra. Ao mostrar as acções ao nível local, regional e nacional feitas por essas instituições e ao angariamos fundos ou pessoas para darem um pouco do seu tempo com trabalho de voluntariado, provavelmente ajudariamos as instituições e o pais em geral.
Não é só ajudar o exterior, nos também estamos a precisar todos de uma ajuda colectiva para ajudar a nossa nação a "Renascer", do desânimo, da crise política e económica. Ajudar os outros sim! Nós só nos lembramos de ajudar os outros e nunca a nós próprios. Por isso, lanço a ideia, de que na próxima vez, se promova um programa do mesmo género, mas para uma causa bem nossa, Portugal também precisa!

terça-feira, janeiro 04, 2005

Lamentável

A forma como Rui Rio tem lidado com o FCP, de separar o futebol e a política, e como tem sabido enfrentar toda a contestação, é um exemplo raro (quase único) que devia ser seguido por muitos outros políticos. A declaração de combate do Pinto da Costa só vem provar o quão correcta é a luta de Rui Rio. O PS, como seria de esperar, não perdeu tempo a apanhar a boleia.

Neste contexto, o convite feito por Santana Lopes a Pôncio Monteiro para a lista do Porto é tudo menos inocente, e tem o significado óbvio de colocar em causa tudo o que Rui Rio tem defendido e representado. Eis mais uma atitude infeliz e que diz muito sobre a pessoa do primeiro-ministro. É triste o que o vislumbrar dos votos de alguns adeptos mais acérrimos consegue fazer...

domingo, janeiro 02, 2005

A discordância

Entre o que se pensa e o que se faz é frequente! A discordância vive-se quando se pensa e tem vontade de fazer alguma coisa, e depois acabamos por fazer outra completamente diferente. Nunca vos terá acontecido ter vontade de comer uma maça e depois acabar por comer uma laranja? Não faltarão razões e justificações para tal fenómeno. Perante esta discordância o sentimento de insatisfação e de vazio invade-nos, porque não respeitamos o que realmente queríamos fazer.

Ou então, nunca vos sucedeu ter vontade de estar ou fazer alguma coisa com alguém, mas por orgulho ou receio de ouvir um "não", nem sequer dizemos o que realmente queremos? E acabamos, outra vez, com o sentimento de insatisfação e frustração. E tudo isso porque faltamos à verdade a nós próprios e para com aquele com quem queríamos partilhar, o tão desejado.

A discordância às vezes é sentida através uma sensação desagradável, outras vezes é consciencializada, e ai culpabilizamo-nos, criando assim um sentimento de angústia e tristeza. A discordância só existe porque não ajustamos o pensamento à vontade real do coração, à concretização final do desejo. E cada um de nós sabe no seu intimo porque é que existe essa discordância, para uns é o medo da não-aceitação, para outros a falta de auto-afirmação…

Esquecemos muitas vezes que a liberdade de escolha e de decisão só a nós pertence e cada um é responsável pela concretização dos seus desejos e pela harmonia entre o pensar e o fazer.