Maria, não podia esta mais em desacordo com o que escreveste.
1º É clara a boa vontade que a Turquia tem mostrado para conseguir entrar na UE e ceder dentro do possível às exigências que se lhe impõem. E até podemos pegar no exemplo do Chipre, que mesmo hoje a Turquia aceitou vir a reconhecer, embora de uma forma indirecta.
2ª É preciso compreender todo este processo à luz das tensões que existem dentro da sociedade turca, em que ainda existem importantes sectores hostis à ideia de um estado secular, democrático e moderno.
Mas o pior argumento é sem dúvida o das "diferenças culturais"... será um defeito assim tão grave um país ser muçulmano (que lata a deles!)? Será isso um factor de tal forma impeditivo para que um país possa fazer parte de um projecto como a UE? E piora ainda mais quando se fala em direitos das mulheres. Mas e como é que os direitos das mulheres turcas melhor são defendidos? É com a aproximação do país à UE!, e é um exemplo sintomático do tipo de questões que se estão a tratar.
Este é um tema muitissimo importante e mostra a intolerância e falta de capacidade que existe na UE para assimilar a diferença. A atitude de países como a França, que não consegue conviver com o simples facto de se poder usar um véu numa escola pública, mostra apenas a nossa pequenez.
Claro que a Turquia tem um caminho a percorrer para entrar na UE, não está em questão entrar ou não neste momento, nem está em questão entrar de qualquer maneira, e isso é evidente. O que se trata aqui é de saber qual deve ser o papel da Europa neste processo. Devemos fechar as portas à partida a quem caminha na nossa direcção, ou devemos antes dar um sinal às forças modernizantes e democratizantes da Turquia de que estão a caminhar no sentido certo e que os esperamos quando cá chegarem? Também já foi a altura em que este tipo de dúvida era sobre a nossa entrada, e convinha não nos esquecermos disso...
Sem comentários:
Enviar um comentário