quinta-feira, dezembro 30, 2004

Receitas Extraordinárias

A conferência de imprensa em que Santana Lopes e Bagão Félix explicam e justificam a necessidade de receitas extraordinárias extra para resolver o problema que há para se conseguir cumprir o défice de 3% foi um espectáculo triste de se ver. Passando ao lado da imagem da leitura de jornais em directo para justificar os males nacionais, se haviam dúvidas sobre a pertinencia do discurso do fim da austeridade parece que ficaram esclarecidas. Foi um discurso irresponsável e que enviou um sinal errado, ou pelo menos errático. Nem vale a pena bater mais no ceguinho...

Por outro lado parece haver uma aceitação generalizada da necessidade de utilização de receitas extraordinárias para resolver os problemas nas finanças públicas. A meu ver é errado que assim seja, porque na prática o que significa é o continuar da situação e dos problemas actuais. Em vez de nos endividarmos mais andamos a vender património, mas o problema é o mesmo: gastamos mais do que ganhamos. E é esse o problema que tem de ser resolvido, e o que a aceitação das receitas extraordinárias acaba por fazer é ir tapando o sol com a peneira e assim permitir ignorar a verdadeira solução para o problema.

É errado colocar o problema entre a saúde das finanças públicas ou uma maior preocupação social e com o bem estar geral das pessoas. Temos de perceber que a saúde das finanças públicas não é um objectivo alheio aos nossos interesses. As finanças públicas são o nosso dinheiro, aquilo que com esforço pagamos em impostos, taxas e contribuições. Quando se fala em rigor nas finanças públicas, fala-se em rigor na forma de gerir o nosso dinheiro, e quando o estado gasta mais do que ganha, além vai ter de o pagar. Podemos ser nós daqui a uns anos, ou podem ser os nossos filhos, mas alguém vai pagar o preço do desleixo e desmando actual do estado.

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