Tenho para mim que as agressões e violências desnecessárias provocadas aos animais não podem passar indiferentes a uma sociedade que se considere civilizada. Por isso, aqui há uns tempos, e a propósito de uma campanha sobre o transporte de animais em que a LPDA (Liga Portuguesa dos Direitos dos Animais) estava envolvida, resolvi fazer-me sócio. Lá fui eu ao Google procurar o site, e quando o encontro qual não foi o meu espanto ao ver que nele se convocavam os sócios da LPDA para participarem no cortejo, que então se ía realizar, contra a globalização.
Além me sabe explicar o que a luta contra a globalização tem a ver com a defesa dos direitos dos animais? Se sim, agradeço que expliquem... como não consegui compreender, e com muita pena, cheguei à conclusão que o melhor era não me fazer sócio.
Outro tema em que todos deviam estar mais envolvidos do que se encontram: A defesa do ambiente e o respeito pelo ordenamento do território, onde ele ainda exista minimamente. Estou a pensar no exemplo na zona da Costa Vicentina, que é apenas o caso que melhor conheço. E sim, lá foi o bom do Pedro inscrever-se na LPN (Liga para a Protecção da Natureza). Hoje, estou a ver o jornal da SIC, e aparece-me o presidente da LPN a pedir a demissão do ainda quase nem empossado Ministro do Ambiente por este ter ligações a empresas no sector...
Até me parece que a escolha de Luís Nobre Guedes para o ambiente foi um pouco à pressão, e compreendo a crítica dos ecologistas de até agora nada se conhecer ou ter ouvido dele sobre o sector. Mas um ministro não poder ser ministro por já ter estado envolvido no sector que vai tutelar...? Que o PEV venha com esta conversa a gente percebe, uma associação ecologista é que não tanto.
Se, ao pé dos EUA, as sociedades europeias não são propriamente um exemplo de dinamismo e participação, que dizer da sociedade portuguesa? Mesmo quando se fala em sociedade civil, quantas vezes não estamos a falar associações ou organizações que se dizem provenientes da sociedade civil e, em tantos casos, só o são supostamente. A regra, infelizmente, é serem satélites de partidos e interesses políticos, que nada têm a ver com o seu anunciado objecto de actuação.
E atenção que isto não tem nada a ver com a opinião que cada um tem, pode e deve ter sobre os mais diversos assuntos, mas apenas com a legitimidade de usar associações que proclamam determinados objectivos, para perseguir outros. Quando se faz isto, apenas se está a comprometer e prejudicar a causa. Aquilo que se pensa e pretende deve ser defendido às claras e sem subterfúgios, e muito menos devirtuando outras lutas que não são menores, menos urgentes ou importantes. Cada macaco no seu galho!
7 comentários:
Fico muitíssimo agradada por teres aberto o espaço do teu blog à sociedade civil, ainda que não organizada, suponho.
Quanto à tua estranheza em a LPDA convocar membros para o "cortejo" [manifestação] só pode ser resultado da tua falta de participação activa em "cortejos".
A LPDA, e o Bloco talvez, são daquelas organizações presentes em todas as manifestações e mais algumas.
Quanto ao Bloco não sei, mas a LPDA aproveita as "ocasiões festivas" para distribuir uns flyers a divulgar a actividade da Liga e os contactos para te fazeres sócio. E olha que são muito bem organizados. Estão presentes em quase todas as manifestações [acho que nunca os vi numa convocada pela CGTP mas é possível] e têm imensa gente a distribuir os tais papeluchos.
A Pop Zé
Antes de mais, obrigado pelo comentário.
Posso então deduzir que, caso o "cortejo" fosse para apoiar a guerra no iraque, continuarias a achar normal, certo? Pois, também me parecia que não...
E acho engraçado misturares BE com LPDA. Eu pensava que eram organizações diferentes, mas adiante, se calhar não são tão diferentes assim, se calhar ambas têm objectivos políticos, e é esse o problema. O BE é um partido político, e a LPDA é uma Liga de Protecção dos Direitos dos Animais... para usar o exemplo que deste da CGTP, sabes dar-me alguma boa razão para uma associação de defesa dos direitos dos animais participar, como tal, em acções de protesto contra o novo Código Laboral?
Não misturei a LPDA com o Bloco.
Disse-te simplesmente que tanto a LPDA como o BE estão presentes em muitos "cortejos". Não pertenço a nenhum das duas associações e não sei porque o fazem. Limitei-me apenas a fazer notar que a LPDA aproveita essas ocasiões para divulgar o seu trabalho. Não fiz nenhum juízo de valor acerca das suas participações.
Não vejo nenhum motivo importante que leve a LPDA a participar em "cortejos" organizados pela CGTP, mas também nunca os vi lá. Portanto, a resposta à tua pergunta é não. Mas, se eles quiserem, eu distribuo os papeluchos por eles.
A Pop Zé
Começo por mostrar o meu total desagrado em explicar o obvio....
Mas... já alguma vez paraste pra pensar.. que se o liberalismo multinacional que está na génese da globalização "como a conhecemos", sempre se mostrou totalmente contra qualquer politica ambiental, incluindo a defesa dos direitos dos animais, condenando quem o fazia, atentando directa ou indirectamente contra as ONG's que punham em causa a falta de humanismo no trato da natureza e dos seus direitos?
E são as ONG's como a LPDA que aproveitam cada momento para se darem a conhecer, para mostrarem as razões da sua luta, preferencialmente a um publico atento e motivado para a mesma, que preferem arriscar fazer más opções do que não fazerem nenhuma opção. Porque se não são as associações ambientais a defenderem os seus direitos nesta luta contra uma globalização injusta, quem o fará então? O bom do Pedro, sentado no seu sofá, preocupado com os problemas do mundo?
Judas, obrigado pelo esforço...
Já parei muitas vezes para pensar, e nunca consegui chegar a essa conclusão... nem nunca vi que qualquer país que tenha fechado as portas a esse papão da globalização, tenha visto os direitos dos seus animais ou o ambiente ganhar seja o que for com isso... A globalização, além de ser um facto, deve ser vista como um bem, mas adiante, pois não é disso que se trata. Era só o que faltava que a LPN, a LPDA (ou, para dar outro exemplo, entre muitos, uma associação que defenda os direitos dos homossexuais), em vez de participar em manifestações contra a globalização, passasse agora a participar em manifestações a favor.
Trata-se apenas de saber distinguir o que são combates diferentes, e muitas destas associações comportam-se como meros apêndices de partidos políticos, quando na verdade deviam era defender as suas verdadeiras causas, que como é óbvio não são património exclusivo de qualquer família política.
Não são?
Durante decadas foram... e ainda hoje os "interesses instalados" representados essencialmente pelos partidos liberais impedem que muitos deles tenham verdadeiras politicas ambientais.. Se queres um bom exemplo.. olha para o campeão do humanismo... o país ultra-liberal... que não assinou Qioto...
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