quarta-feira, março 30, 2005

Importação de energia

É um facto que neste momento, devido à seca, há uma baixa da produção de electricidade fornecida pelas barragens hidroeléctricas. O que de algum modo é engraçado. Com tanto sol em Portugal ninguém ainda se lembrou de aproveita-lo de outra forma que exclusivamente em pacotes Turísticos. Com a quantidade de sol que temos, se colocassemos paneis solares por todo este país fora, é provável que diminuísse a importação de grande parte da nossa energia.

Realmente, ou faltam cabecinhas pensadoras neste país ou há falta de vontade política para desenvolver o país e poupar dinheiro. Que tenha conhecimento apenas uma única Câmara Municipal do país, Montalegre, exigiu à EDP que instalasse paneis solares na iluminação da cidade para fazer poupanças de energia. Este exemplo deveria ser seguido por todas as Câmaras Municipais para poupar na iluminação pública, mas também para aquecer casas, ministérios, escolas…

Já foquei este tema noutra ocasião mas a patetice de não utilizar os poucos recursos que temos põe-me fora de mim. É a mesma coisa que ver uma família pobre com poucos recursos e a esbanjá-los, enquanto a família rica sabe poupar e duplicar os seus recursos. Esta analogia também se pode adaptar às diferentes nações. Agora, com a ideia do “Choque Tecnológico” talvez tenham a brilhante ideia de por esta ideia em prática!

quarta-feira, março 23, 2005

Referendo ao Tratado Constitucional Europeu II

Ovidio, eu acho que a ideia do referendo ser realizado isoladamente não tem nada de absurdo, a menos que se considere que a importância do tema referendado não o justifica. Como (na minha opinião) não é esse o caso, o referendo sobre a Constituição Europeia deveria ser realizado isoladamente, como a melhor forma de suscitar um verdadeiro debate sobre a Europa.

Nas eleições autárquicas os presidentes de câmara vão responder perante os seus munícipes sobre o trabalho que realizaram, é disso que se trata. Se nem nas eleições para o parlamento europeu se consegue discutir a Europa, com que base se pode esperar que seja numas eleições locais que esse aguardado debate nacional vai surgir? Em que é que a avaliação do desempenho do mandato do presidente da câmara de Bragança se relaciona com o sim ou não à constituição europeia? Parece-me que as dúvidas são mais que justificadas. A haver junção com algum acto eleitoral, teriam de ser as presidenciais.

E, ainda quanto ao que foi defendido pela Maria, também não são as campanhas de propaganda, as linhas telefónicas grátis, ou outras variantes de "educação das massas" que criam o debate necessário. O maior entrave é exactamente o quase unanimismo partidário no apoio ao sim, que se criou com a mudança de posição do CDS/PP, e que acaba por castrar o essencial para qualquer debate - a existência de contraditório. Mais uma vez, o facto de o referendo ser realizado em simultâneo com as autárquicas só vai agravar este problema por dar um maior relevo ao papel dos partidos, mobilizados nas eleições locais, e reduzir o espaço para a intervenção de grupos de cidadãos com posições autónomas.

terça-feira, março 22, 2005

Referendo ao Tratado Constitucional Europeu

Numa data ou outra, o mais importante é que o referendo se faça e não se ceda ao medo de consultar a vontade popular. Dito isto, é evidente que não faz muito sentido juntar este referendo a umas eleições que nada ou muito pouco têm em comum com o tema em causa. Nas eleições autarquicas vamos avaliar a forma como os autarcas nos governam, e vamos juntar a estas eleições um referendo sobre a constituição europeia? A ideia só pode ser evitar o debate.

O referendo deveria ser realizado isoladamente de outros actos eleitorais, para evitar confusões e ainda contribuir para gerar verdadeiro debate sobre um tema tão pouco conhecido e discutido pelos portugueses. E, a ser realizado juntamente a outro acto eleitoral, seria naturalmente com as presidenciais pois ai sim a europa é um tema que está e deve estar presente.

domingo, março 20, 2005

Tratado sobre a Constituição Europeia

A Espanha já disse SIM! A França está a preparar o referendo para daqui a dois meses! Nós já decidimos que será na mesma data que as eleições autárquicas. Acho boa ideia! Há que fazer redução de gastos e evitar uma abstenção elevada ao referendo. Agora, resta os políticos portugueses formularem uma pergunta clara e informarem os portugueses, em que é que consiste esse tratado, e quais as consequências ou benefícios para Portugal.


A França arranjou como meio para informar a sua população uma linha telefónica gratuita, onde jovens preparados para o efeito, respondem a todas as questões dos cidadãos franceses e para além disso se for solicitado oferecem um resumo da constituição, se o desejarem. O governo português deveria começar a pensar numa estratégia para explicar e informar de forma simples e clara os portugueses. O que é isso do "Tratado da Constituição Europeia"? Até agora devem ser muito poucos os portugueses que têm conhecimento do tratado que é constituído por 448 artigos e quais as diferentes áreas que ele abrange.


Os futuros candidatos às autarquias poderiam preparar-se, tomando conhecimento do Tratado Europeu e explicar aos seus futuros eleitores os benefícios que querem fazer na sua região e também quais as vantagens ou desvantagens de dizer Sim ou Não à Constituição Europeia. Para além de contribuirem para uma melhor informação da população local com menos acesso à fontes de informação, também os candidatos a futuros dirigentes locais aprofundam conhecimentos sobre um tratado, que terá influência na sua forma de governação.

segunda-feira, março 14, 2005

Negócios Estrangeiros

Se a nomeação de Freitas do Amaral pode parecer um bom sinal no sentido de a escolha dos nomes no governo não se ter limitado às fronteiras partidárias, a sua escolha para os negócios estrangeiros em particular é um erro grave. Freitas do Amaral tem sido um crítico dos EUA de tal forma radical que a sua nomeação põe claramente em causa aquela que tem sido a linha portuguesa de preservação dos laços transatlânticos, e põe assim em causa os interesses nacionais. Por outro lado, e no que toca à europa, as suas posições são de tal forma federalistas que também dificilmente podem ter a pretensão de representar o sentimento português.

sexta-feira, março 11, 2005

Um novo partido II

Em alternativa à criação de um novo partido, que seria a meu ver a solução ideal, quem poderia protagonizar este projecto é o Partido Popular. Não estou certo nem confiante de que o fará, mas penso que pelo menos tem condições para o fazer.

Falo com a liberdade de quem nestas eleições votou em branco, porque obviamente o Partido Popular de que falo não é o de Paulo Portas (ou o de Manuel Monteiro). O PP que temos conhecido nos últimos anos, com as diferentes faces que já assumiu, manteve sempre no discurso o direccionamento a nichos eleitorais, e um traço de proteccionismo. É verdade que foi uma surpresa positiva no governo, e teve alguns muito bons ministros. Mas, a ideia do papel do estado como defensor de alguns sectores económicos e grupos em particular, ou ir para debates com gráficos dos empregos que se salvaram nesta ou naquela empresa é simplesmente to miss the point.

O estado não deve ser "o" protagonista do desenvolvimento económico, mas sim reservar-se àquilo que são as suas funções, e essas sim deve fazer questão de as desempenhar de forma eficiente. Neste momento nem isso consegue fazer, mas ainda assim é chamado e intromete-se em tudo e mais alguma coisa. De cada vez que o faz, introduz distorção e ineficiência.

Espero com alguma curiosidade pela nova liderança, e que esta traga uma mudança ao discurso do partido, que este fale e apele finalmente àquela classe média que sente o vazio político existente. E sim, confesso que tenho alguma dose de wishfull thinking.

quinta-feira, março 10, 2005

Um novo partido I

Há muito tempo que se sente a falta de um novo partido em Portugal, e se houve eleições em que tal foi notório foram as que se acabaram de realizar. Falta um verdadeiro partido liberal ou conservador, como se queira, porque não são conceitos necessariamente contraditórios. Com algum conservadorismo social, mas acima de tudo uma cultura de liberalismo na economia, e de reformismo no papel do estado e do mercado na vida do país.

Os potenciais actores para esse projecto existem. Uns no PSD, outros no PP, outros até no PS, e ainda muitos sem motivação de momento para participar na vida política. E o espaço para esse partido existe. É o ambiente político que torna díficil o aparecimento e sucesso de novos partidos fora dos já "estabelecidos". Sim, o BE é um caso de sucesso, no outro espectro político, mas nasceu e tem crescido num ambiente de benevolência e apoio dos media que duvido que se possa repetir em relação a outro partido, ainda mais de direita.

Crispação

A nova tentativa do PP de reescrever a sua história, ao enviar a foto de um seu antigo presidente para a sede do PS, é um sinal de pequenez e mesquinhice. Mostra o lado intolerante e crispado, que por vezes lhe vem ao de cima, mas deveria ser controlado e não instigado, pelo menos pela direcção. Esta atitude é uma pena e é lamentável.

terça-feira, março 08, 2005

Dia da mulher,

É de assinalar este dia e fazer uma avaliação sobre a condição feminina em Portugal. Um artigo de Maria Filomena Mónica no jornal ao Público dava conta de uma realidade que não me surpreendeu, mas que me entristeceu, enquanto mulher. Em relação às nossas mães que fizeram o Maio de 68 e depois viveram o 25 de Abril, nós não evoluímos muito mais em relação a elas.

É que do ponto de vista laboral as mulheres conseguem aceder em maior número ao ensino superior e depois eventualmente ter uma carreira brilhante, mesmo que seja mais sofrida do que a dos homens. No entanto, ainda falta fazer muita coisa em relação, a igualdade, ou mais simplesmente a divisão e partilha das tarefas domésticas, no seio do casal.

A sociedade, hoje, exige que a mulher seja inteligente, boa conversadora, boa profissional, cuide da sua aparência, seja uma boa amante, esposa e mãe. Ao longo destes anos a mulher vê-se obrigada a cumprir com as novas exigências que a sociedade lhe impõe, mas ela não soube fazer as suas exigências, em contrapartida ao que lhe foi pedido.

A mulher continua a fazer mais tarefas domésticas e a ocupar-se mais dos filhos, porque não soube-se impor e negociar o seu novo papel e lugar no seio familiar. Aqui, condeno sobretudo as mães que não preparam os filhos para as tarefas domésticas e depois as esposas que se resignam ao facto de eles não as apoiarem no quotidiano doméstico e familiar.

Se não for a mulher a lutar individualmente, no seu lar e depois unindo-se às outras para conseguir mais igualdade, os homens continuam a achar que nós até estamos satisfeitas com a situação. O que sinceramente duvido! A questão é que algumas culpabilizam-se e são condenadas pelo exterior pelo facto de querem mudar a situação. Só que as coisas têm que mudar cabe a cada mulher contribuir para essa mudança!

segunda-feira, março 07, 2005

Análise Errónea

Existe, por parte, de certas organizações sindicais e partidos políticos mais esquerdista, uma análise errónea, quanto ao significado da maioria absoluta do PS. Não se trata de uma viragem à esquerda do país, mas sim de “um basta” à situação anterior. O argumento dos partidos mais esquerdista de que, a esquerda é maioritária no parlamento, por isso não se podem tomar medidas mais neo-liberais, não pode servir para a situação actual do país. É necessário tomar medidas mais neo-liberais, mesmo que seja um partido de esquerda a fazê-lo. Senão, o nosso desenvolvimento e avanço, enquanto país da União Europeia, estão seriamente comprometidos.


Neste momento, as medidas que têm que ser tomadas são as de salvação nacional, ou seja, as do progresso sustentável, em termos económicos, sociais e ambientais. De que serve o PCP defender um emprego com direitos, coisa que eu até concordo, senão fizermos o necessário para incentivarmos o sector privado a criar emprego. Pois, vamos deixar de ter indústria e empresas lucrativas e isso representa ausência de trabalho. Por isso, de que serve trabalho com direitos, se não existir trabalho? Há que fazer concessões para depois obter direitos.