segunda-feira, março 14, 2005

Negócios Estrangeiros

Se a nomeação de Freitas do Amaral pode parecer um bom sinal no sentido de a escolha dos nomes no governo não se ter limitado às fronteiras partidárias, a sua escolha para os negócios estrangeiros em particular é um erro grave. Freitas do Amaral tem sido um crítico dos EUA de tal forma radical que a sua nomeação põe claramente em causa aquela que tem sido a linha portuguesa de preservação dos laços transatlânticos, e põe assim em causa os interesses nacionais. Por outro lado, e no que toca à europa, as suas posições são de tal forma federalistas que também dificilmente podem ter a pretensão de representar o sentimento português.

1 comentário:

Capanga Morto disse...

"Laços transatlânticos?"
I beg to differ... os "laços transatlânticos" podem ser sucintamente reduzidos à participação portuguesa na OTAN(mais como "base geoestratégica" ou "paiol de armazenamento estratégico" do que como outra coisa), e este ou aquele tratado comercial nos 28 anos entre 1974 e 2002.
A partir de 2002 verifiquei, com grande desagrado, uma viragem na política externa portuguesa que era claramente seguidista das iniciativas(prepotentes) da hiper-potência norte-americana, com algum descuido na vertente europeia.
Que as pessoas sintam um fascínio pelo "american way" é compreensível. Que as pessoas falem em "linha portuguesa de preservação dos laços transatlânticos" é ridículo, quando esta política de apoio aos EUA só foi claramente admitida e apoiada nos ultimos 3 anos.
Que me digam que Diogo Freitas do Amaral é um federalista é altamente discutível.
Que se preocupem que um Ministro dos Negócios Estrangeiros se preocupe mais com a vertente europeia da política externa nacional do que com a vertente norte-americana, é completamente insano.
Passo a explicar: a Portugal, membro da União Europeia, interessa-lhe defender os seus pontos de vista junto das instituições europeias, aquelas que lhe dizem respeito directamente(por oposição às institituições duma nação que, por mais hegemónica que seja, pouco ou nada pode fazer para alterar a legislação nacional- nem lhe interessa...outra discussão), para que sejam tomadas medidas que o beneficiem directamente.
Em relação aos EUA, convem-lhe manter as boas relações, mas não, passo os coloquialismos, "lamber botas" para ver se lhe cai alguma "sardinha" no colo.
Então se bem percebi...preferimos por o "sentimento português" nos EUA, do que na União Europeia; defendemos uma tese seguidista dos EUA, criada pelos 2 anteriores governos, aumentando a despesa pública com intervenções militares desnecessárias do ponto de vista nacional; tentamos fazer um brilharete, tentamos chamar a atenção ao "irmão mais velho"...mas para quê?
Sinceramente, acho que não há na praça pública portuguesa, pessoa mais indicada que o Prof. Freitas do Amaral para ocupar o cargo de Min. dos Negócios Estrangeiros.