domingo, novembro 02, 2003

Somos uns campeões na estrada

É daquelas coisas com que conseguimos impressionar qualquer estrangeiro que por aqui passe. De tanto se falar em número de acidentes, feridos e mortos, as tantas perde-se a noção do fenómeno.
Quem não teve um conhecido que faleceu em acidente de viação? Quantas vezes se consegue ir a lisboa e voltar sem nos cruzarmos com algum acidente? Não é difícil lembrar de dias em que nos cruzamos com 2, 3, 4. Mesmo em auto-estrada, supostamente a via com menor propensão a provocar acidentes, estão longe de ser coisa rara.
Gostava de acreditar que o problema está nas estradas, ou nos carros, ou nos limites legais, ou na repressão insuficiente. Se assim fosse o problema até se resolvia. Mas o essencial está na mentalidade, na forma de conduzir, na nossa "cultura automobilística”. É algo que não se muda facilmente. Até acho que a capacidade que o estado tem de a influenciar é limitada. Isto porque, o condutor realmente irresponsável e perigoso na estrada, não será a pessoa que tipicamente se comove com as várias campanhas de sensibilização a que assistimos.
Enfim, se calhar sou eu que sou um céptico. De qualquer modo, se o problema é este, é nesse sentido que se tem de responder. Agravar as penalizações sem limite talvez não seja a resposta certa. Com este impulso de repressão indiscriminada chegamos a situações que fazem pouco sentido, como alguém poder perder a carta por falar ao telemóvel pelo auricular. E como verificamos todos os dias na estrada, não tem mudado grande coisa.

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