terça-feira, setembro 20, 2005

Pormenor

Ao ouvir e ler as análises aos resultados, tanto em portugal como na imprensa estrangeira, acho estranho que praticamente se ignore aquilo que é a leitura dos resultados. É um facto que acabaram por ser os piores possíveis, mas acho estranho que se possa falar como se não tivesse havido um vencedor. Colocando de parte o partido de esquerda, com o qual durante a campanha todos excluiram a possibilidade de entendimento, foi a oposição que ganhou as eleições. O SPD teve menos votos e mandatos que a CDU/CSU, e o aliado natural do SPD (Verdes) teve menos votos e mandatos que o aliado natural dos conservadores (FdP).

Deve ser analisado o motivo para a vitória da CDU/CSU ter sido tão minima, o que revela a incapacidade de Angela Merkel de mobilizar os descontentes com o governo, mas que ganhou é um facto. Como é possível que Schroeder tenha vindo proclamar-se como vencedor e afirmar que lia nos resultados a vontade dos eleitores de que ele continue como Chanceler? A haver uma coligação CDU/CSU-SPD, que sentido poderia haver em que fosse Schroeder o escolhido para a liderar? E, a haver uma colição entre um "grande" e os verdes e liberais, que sentido poderia haver em que fosse o SPD, e não a CDU/CSU, a protagonizá-la?

É verdade que, em termos de aritmética parlamentar, os dois principais partidos estão exactamente na mesma posição de força negocial. Mas essa aritmética adveio da expressão da vontade popular, através do voto, e nesse houve um vencedor. É um pormenor que não devia ser esquecido na procura da solução.

Sem comentários: