terça-feira, setembro 20, 2005

Elites precisam-se

Le Dormeur du Val

C’est un trou de verdure où chante une rivière
Accrochant follement aux herbes des haillons
D’argent ; o`le soleil, de la montagne fière,
Luit : c’est un petit val qui mousse de rayons.

Un soldat jeune, bouche ouverte, tête nue,
Et la nuque baignant dans le frais cresson bleu,
Dort ; il est étendu dans l’herbe, sous la nue, Pâle dans son lit vert où la lumière pleut.

Les pieds dans les glaïeuls, il dort. Souriant comme
Sourirait un enfant malade, il fait un somme :
Nature, berce-le chaudement : il a froid.

Les parfums ne font pas frissonner sa narine;
Il dort dans le soleil, la main sur sa poitrine
Tranquille. Il a deux trous rouges au côté droit.

Octobre 1870
Arthur Rimbaud

Ao ler uma antologia de poemas de Arthur Rimbaud encontrei este poema que eu declamei com oito anos na minha turma da escola francesa do ensino oficial. Um sentimento de saudosismos e de tomada de consciência fez com que realiza-se a dimensão da exigência do ensino em França. É inevitável a comparação com o sistema de ensino português, não posso deixar de pensar nas falhas gravíssimas do nosso ensino. Não é com o ensino do inglês, no ensino básico, que se melhor a qualidade do ensino em Portugal. É preciso bases viáveis, é preciso dar cultura geral aos portugueses desde muito pequenos. Se os pais não lêem poesia, literatura então a Escola “como instituição” tem que ter na sua programação a leitura de obra literárias portuguesas e estrangeiras obrigatórias. Quantos “doutores” andam ai a circular pelos ministérios, empresas e instituições que nunca pegaram num livro de poesia ou conhecem um número razoáveis de escritores portugueses e estrangeiros. A cultura técnica dada pelas Universidades não chega para fazer elites intelectuais em Portugal.

Sem comentários: