terça-feira, agosto 31, 2004

Sobre John Kerry

No O Acidental, um excelente post do Luciano Amaral.

"Barco do Aborto" já ganhou?

Tenho as minhas dúvidas sobre a legalidade da decisão do Governo de proibir a entrada da embarcação em águas portuguesas, mas é acima de tudo uma decisão política. Esta proibição faz todo o sentido. Antes de mais: Concorde-se ou não com a lei, ela existe, foi aprovada por consulta popular (lembram-se?), é inteiramente legítima, e para ser cumprida e respeitada. Este é o príncipio básico de qualquer estado de direito.

A polémica com o "Barco do Aborto" e, aliás, a ideia em si da sua existência e actividade, tem a ver com tudo menos com os problemas da mulher que se possa ver obrigada a fazer um aborto. Não é preciso ser muito perspicaz para perceber isto. O seu propósito é suscitar polémica e provocar debate no sentido da liberalização da prática do aborto.

Tendo em conta a importância que veio dar ao fenómeno, e o efeito que tem de levantar os ânimos, levanta-me algumas dúvidas se esta decisão não terá um efeito contrário ao pretendido. Como aponta JPP, andar com vasos de guerra a cercar o dito barco como se se tratasse de alguma ameaça nacional é um folclore desnecessário. É o tipo de atitude que corre o risco de ser contra-producente, da mesma forma que a entrada do barco seria provavelmente contra-producente para aqueles que defendem uma posição moderada a favor da liberalização. Já todos percebemos que vai haver um referendo, e é nele, e não na agenda política imediata, que o governo deveria começar a pensar. Ainda assim, volto a dizer, a decisão não deixa de fazer todo o sentido.

segunda-feira, agosto 30, 2004

Nada de Cedências

Como em todos os jogos de poder utilizam-se armas sujas para se tentar conseguir o que se quer. No caso do Terrorismo o rapto de civís, jornalistas inocentes é sem dúvida um meio de pressão muito macabro! No caso específico dos jornalistas franceses, considero ainda mais imoral, dado que, este acto pretende obrigar um Estado Soberano a alterar a sua política interna.

No meu entender a França não deve ceder a extremistas islamicos que visam derrubar um dos princípios básicos dos governos democráticos, que é o de ser laico. A revogação da lei sobre a proibição do uso do véu nas escolas públicas, portanto laicas, só viria dar força aos extremistas e enfraquecer aqueles que de forma pacífica defendem a liberdade e a democracia.

sábado, agosto 28, 2004

Intimidade e Big Brother

A propósito do post no Respublica, sobre o Zé Maria, o Big Brother é de facto um programa de pouca qualidade, e a própria ideia por trás da sua concepção pode considerar-se perversa. Mas o problema em haver tantos se sujeitam a participar nele e, em seguida, nos que ficam do lado de cá a alimentar o "monstro" com a sua curiosidade e audiência.

Da mesma forma que há uma diferença entre quem expõe a sua vida privada nas revistas e jornais, e tentando usar isso em seu proveito (o que a longo prazo nem sempre acontece), e aqueles que se podem realmente queixar de ter a sua privacidade e intimidade invadidas.

sexta-feira, agosto 27, 2004

Um ano depois

"Terça-feira, Agosto 26, 2003

Depois de algum tempo como observador da blogoesfera resolvi fazer a experiência de passar para este lado.O tempo dirá o que este blog será ao certo ou se chegara a ser alguma coisa.
# posted by Pedro @ 04:02"

Assim começou o Ilha Perdida, fez ontem um ano. O tempo fez o seu papel e, com alturas melhores e piores, o Ilha Perdida foi sabendo encontrar o seu caminho. Em todos os sentidos, tem sido uma experiência enriquecedora.

Àqueles que nos visitam e nos acompanham, muito obrigado!

quinta-feira, agosto 26, 2004

Ilha Perdida em Festa!

A Ilha Perdida faz hoje um ano que foi encontrada pelo seu primeiro residente o Pedro. Em Abril a Maria também descobriu os encantos de viver nesta Ilha, onde há lugar para expressar e debater questões políticas, económicas, sociais e até existenciais!

Como todos os colegas bloguistas sabem esta aventura do Blog exige de cada um de nós dedicação, entusiasmo e actualização sobre o que se passa no “Mundo lá fora!”. Ao chegar ao primeiro aniversário é sem dúvida um orgulho e uma vitória para aqueles que se lançaram neste projecto. E hoje tomo a liberdade de felicitar os dois moradores da Ilha Perdida por manterem-na como um espaço de reflexão pessoal, onde se pode ler e verificar de forma aberta, a existência de mentes críticas, que reagem com os seus meios, ao que se passa à sua nossa volta.

Estão também de Parabéns, os que nos visitam e todos aqueles que fazem do seu melhor para manter este espaço cibernaútico, que é o mundo Bloguista!

quarta-feira, agosto 18, 2004

Renováveis

Talvez agora, com o aumento constante do petroleo, o país, os governantes, autarcas e empresários vão considerar a hipótese de apostar nas energias renovaveis. Afinal de contas, sol, vento e oleos usados não é o que falta por este país fora. No entanto, o que me causa alguma perplexidade é que até agora as diferentes associações ambientalistas nunca tido como cavalo de batalha a questão das energias alternativas.
Porque será que seguimos os maus exemplos dos outros e nunca os bons. Em certos países da Europa a iluminação pública é feita através de páneis solares, que também são utilizados para o aquecimento de creches, hospitais e outros edifícios públicos. Portugal tem recursos naturais em abundância e não tem que estar completamente depende de outros em termos energéticos.

segunda-feira, agosto 16, 2004

Código da Vinci

Como policial pode até considerar-se dentro do banal, mas é a teoria que tenta passar que nos agarra do ínicio ao fim. Curiosamente, até mais no ínicio que no fim (na minha modesta opinião). O livro disserta sobre a Opus Dei, uma Sociedade Secreta com o objectivo de proteger uma mensagem que vem desde o nascimento do cristianismo, a história do cristianismo, o Santo Graal, etc.

Por manifesta falta de bases para o fazer, não vou comentar a teoria que o livro apresenta. Ainda assim, e mesmo que boa parte dos argumentos possa ser de veracidade duvidosa, tem pelo menos a qualidade inestimável de nos fazer entrar e pensar em temas que geralmente ignoramos quase por completo.

Sem dúvida, um livro a ler!

Expectativas

As expectativas são a projecção rígida daquilo que queremos que as pessoas, as situações e acontecimentos sejam. As expectativas são falsas esperanças que baseamos no exterior, das quais depende a nossa felicidade. Com isto, quero dizer por exemplo que as férias de verão sem sol não são férias! O meu marido não me compra as minhas flores preferidas deixo de gostar dele, porque ele não corresponde às minhas expectativas. Essas mesmas expectativas tornam-nos ansiosos, visto que queremos que algo aconteça tal e qual como tínhamos previsto, daí as expectativas causarem dor e sofrimento, porque quando as coisas não acontecem com planeamos ficamos frustrados e infelizes. Ao ter expectativas não damos lugar ao imprevisto. Elas criam situações de inflexibilidade por parte de quem as tem.

Onde não há expectativas face aos outros, aos acontecimentos ou às situações damos lugar ao imprevisto, à surpresa, o que permite viver aquele instante da melhor maneira, aproveitando as alterações momentâneas das circunstâncias e até ficar agradavelmente surpreendido. O facto de aceitar os imprevistos e não planear nem criar, demasiadas ou nenhumas expectativas, estamos abertos para receber as coisas sem estar preso a esquemas mentais de felicidade interna. O não estar expectante permite ser livre de parâmetros internos e assim atingir um contentamento constante, sem flutuações de estados de humores que dependem ou não da concretização das nossas expectativas.

quarta-feira, agosto 11, 2004

Recordar Zéca Afonso

Recordar a pessoa de Zéca Afonso é o avivar a memória dos que foram seus contemporâneos nas lutas e ideias, mas é sobretudo o ensinar e não deixar esquecido este grande poeta e cantor da música de intervenção, não esquecendo a sua faceta de fadista na arte de fado de Coimbra.

Considero que deveria fazer parte dos manuais de história no secundário falar dos grandes homens que lutaram pelos ideais de liberdade, utilizando para isso a poesia, a música ou as artes em geral. Muitas vezes se esquece que grandes artistas à maneira deles também fizeram a revolução através da sua pintura, literatura e canção.

Vegetarianismo

Ser-se vegetariano neste momento tanto pode ser um fenómeno de moda, como uma opção de vida. No entanto, o que é de louvar é que mesmo que seja por um efeito de moda vai incutindo bons hábitos alimentares nos apreciadores deste tipo de alimentação.

É notório verificar de há uns anos a esta parte o número de restaurantes vegetarianos que encontramos pela capital e até pelo país fora. O que pode ser uma boa estratégia para regressar aos bons sabores do mediterrâneo, onde o azeite os frutos secos e a leguminosas eram a base da alimentação portuguesa. Muitas vezes, associado a este tipo de prática alimentar, está uma filosofia de vida também muito mais “zen” o que é sem dúvida uma aposta em termos de saúde. Portanto, nada como “mens sana in corpore sano!”

sexta-feira, agosto 06, 2004

Put your money where your mouth is

No excelente blog que é o No Quinto dos Impérios, encontrei este post que não resisto a transcrever:

"Afinal parece que os imperialistas Americanos e os seus lacaios Britânicos são os principais contribuintes para o fundo das Nações Unidas de assistência humanitária para o Sudão. Juntas, as contribuições de Estados Unidos e Reino Unido somam mais US$118,051,820 o que representa mais de 55% das contribuições. Dados oficiais de hoje. Dia 4 de Agosto.

Alemanha, França e, já agora a Comissão Europeia para dar uma ajudinha, somam, todos juntos, 8.87% do total de donativos.

É mesmo daquelas situações em que apetece dizer: pois..."

Finalmente!

O que se esperava para despachar o Cardoso e Cunha da TAP? Num país em que os casos de mérito, ainda para mais em empresas públicas, não são propriamente abundantes, há que aplaudir esta decisão apesar de ser puro bom senso. Só me espanta que tanto se tenha demorado a fazer o óbvio!

quarta-feira, agosto 04, 2004

Casino

Esta governação começa já com vários erros mas quero desde já apontar um que me irrita profundamente. A área metropolitana de Lisboa já tem um casino, qual é a necessidade de ter um segundo? É verdade que como presidente da câmara as ideias não eram brilhantes e infelizmente elas são levadas agora à pratica por outros. A ideia de colocarem no pavilhão do futuro um Casino é absolutamente inadmissível com tantas formas mais produtivas de aproveitar aquele espaço. O que impera aqui é só a lei do lucro imediato e da “estupidificação” das pessoas.

Porque não utilizar o pavilhão do futuro como centro de lazer que incluiria uma Biblioteca, um Centro de Animação Cultural com “ateliers” de pintura, desenho, teatro entre outros, para as pessoas e famílias que ao fim de semana aproveitam para irem à Expo. Um das grandes apostas para pensar em lucro neste país é a formação das pessoas a todos os níveis, porque são os espíritos críticos e mentes esclarecidas que permitem uma evolução social e económica mais sustentável.

domingo, agosto 01, 2004

Férias

As férias estão aí e muitas pessoas preparam-se para aproveitar o sol apanhando longos banhos de sol e de mar. Não importa a hora, nem os efeitos a longo prazo do bronze, o importante é que quando regressar a vizinha do lado tem que reparar na cor escura da pele e dizer: “aproveitou muito das férias!” E que férias... uma a duas horas de trânsito todas as manhãs até chegar à tão desejada praia. Quando chegam là há tanta gente que temos que negociar um cantinho para por a toalha, a geleira, o guarda-sol e a cadeira da avó para ela poder fazer e sua renda e nos deixar em paz.

As crianças, por sua vez, têm que evitar não deitar muita areia para cima do vizinho de praia. Senão vai haver chatices! Contudo, se deitarem também não faz mal, afinal estamos em férias e não nos queremos preocupar com isso. Depois de um dia bem passado ao sol em que tivemos que ouvir a discussões conjugais dos vizinhos de toalha, a criancinhas que nos atiram com a bola e os salpicos de água gelada dos banhista, as férias, são uma maravilha.

Regresso a casa, fila na casa de banho para tomar banho, e o marido que nunca mais chega com o frango assado! São férias e não apetece fazer jantar. Vai um frango de churrasco que as crianças até gostam. Depois do jantar nada como ir a uma esplanada cheia de gente em que mais uma vez o contacto com o vizinho de cadeira é muito próximo e a crianças pedem o terceiro gelado do dia. Só que, como estamos de férias e não nos queremos aborrecer, cedemos à chantagem afectiva das crianças. Finalmente as férias que são um motivo para a pessoa recuperar de um longo ano de trabalho acaba-se por aceitar coisas inaceitáveis tudo em nome de umas férias.