terça-feira, setembro 09, 2003

O défice

Ha uma ideia estabelecida em Portugal sobre o limite ao défice imposto pela UE que chega a ser curiosa. O bom português ve este limite como uma imposição tirana que nos amordaça e impede de desenvolver. Muito politico adopta esta postura. Alguns certamente por convicção, outros nem tanto. Inclusivé, qualquer economista vem agora dizer que não faz sentido numa altura de recessão ser retirada ao estado a capacidade de a contrariar, estimulando a economia pela procura.
Eu também sou economista, e pelo que me lembro essa é apenas uma parte do argumento. A outra parte é que os estados nas fases altas do ciclo económico devem procurar ter super-avits que lhes permitam nas fases baixas desempenhar esse papel de estimulo. É sabido que não foi o que aconteceu em Portugal (também diga-se de passagem que é prática generalizada), e isso não é um pormenor, faz toda a diferença.
Por outro lado, se temos vindo a gastar sempre mais do que ganhamos, e que ainda assim entramos em crise, não da um pouco que pensar que a solução seja apenas mais do mesmo? Gastar mais e ainda mais?
E não é de bom senso que não se pode gastar indefinidamente mais do que se ganha?
Como economista acho saudável que exista este limite, e concordo em absoluto sobre a análise que o Abrupto faz de haverem paises na UE a quererem soltar-se das suas obrigações. Com a moeda única o justo paga pelo pecador. Parece haver muitos em Portugal que não percebem isto e se deliciam com o afrouxamento do Pacto de Estabilidade
(continua)

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