domingo, janeiro 08, 2006

Pudor

Vejo com preocupação o sucedido a Ariel Sharon. O seu perfil e o seu passado dão-lhe condições quase únicas para implementar os passos necessários para a pacificação da zona. Essa oportunidade para a paz está agora ameaçada, juntamente com a sua vida. Só posso desejar as suas melhoras e o seu restabelecimento o mais rápido possível, mas é sobre outro aspecto que gostaria de falar.

Não sou médico, e limito-me por isso a ir ouvindo com atenção o que se opina sobre o assunto por parte da classe médica. A opinião, com nuances mas mais ou menos consensual, é a de que este último acidente cerebral foi de grande gravidade. É pouco provável Ariel Sharon consiga sobreviver e ainda menos que possa regressar à vida politica activa.

Apesar disto, causa-me alguma inquietação a forma como a imprensa tem tratado o assunto. A capa da Economist desta 5a feira dizia simplesmente "After Sharon". Percebo que este tipo de manchetes façam todo o sentido, porque é realmente essa a questão que se equaciona neste momento. Mas não devia haver algum pudor em tomar como certa uma morte que não existe?