domingo, fevereiro 29, 2004

Claques

Ontem fui ver o Belenenses - Boavista, e como fiquei junto a claque das Panteras Negras, tive oportunidade de assistir a um espectaculo digno de se ver. A claque, sempre escoltada por número considerável de polícias, colocou uma faixa enorme a cobrir as cadeiras que estavam ao seu lado, o que não é nada de grave tendo em conta que não faltava espaço para as restantes pessoas se sentarem. O problema é terem começado a vir mais e mais adeptos, e ás tantas esgotaram-se os lugares, e ficaram inúmeras pessoas de pé.
A polícia começou a fazer o evidente, que foi dizer aos Panteras Negras que recolhessem a faixa, para que pelo menos alguns dos que estavam em pé se pudessem sentar. E a primeira parte foi passada nesta triste cena, que foi ver os polícias a tentar remover a dita faixa, e os “panteras” a porem-se em cima dela para impedir, numa atitude provocatória. Como acabou? Da forma mais previsível, sem resposta da polícia, que baixou a bolinha…

Conclusão: Muitos dos que pagaram bilhete tiveram de assistir ao jogo em pé, para que 15 ou 20 senhores da claque do Boavista pudessem manter estendida uma faixa que ocupava o lugar de 150 ou 200.

A polícia devia perceber que os confrontos só devem ser evitados quando não são relevantes para afirmar a ordem e a justiça. Assim, é natural que os meninos das claques continuem a fazer o que querem nos estádios portugueses.

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

Impaciência

Com a reserva do distanciamento com que um monárquico observa estas movimentações, mas com a autoridade de até ter simpatia pessoal por Santana Lopes, ainda não percebi muito bem este entusiasmo e fixação que ele ganhou com a Presidência da República. Podemos ter opiniões diferentes do perfil que se espera de um Presidente da República, mas estão a ver Santana Lopes enquadrado nalgum deles? Não tem a estatura nem a postura. Talvez a venha a ter, mas agora não.
Eu imagino Santana Lopes como Primeiro-Ministro (não quer dizer que gostasse). Nunca como Presidente, a percorrer o país com os discursos redundantes e com aquele tom conciliatório a que Sampaio nos habituou. A menos que queira ser um novo Eanes.
Ele está talhado para fazer, intervir, tomar partido. Devia ter mais calma, deixar-se ficar em Lisboa, e guardar toda esta energia para mais tarde, quem sabe, suceder a Durão. Assim, ainda dà ideia de querer ir para Presidente por não ter conseguido chegar a chefe de governo.

Impostos

Notícias como esta só vêm provar como algo de errado se passa no mundo automóvel português. Pagamos mais que os outros pelo carros que compramos, pagamos portagens, temos a gasolina mais cara... e em troca de quê? O que recebemos a mais do estado que, por exemplo, o automobilista espanhol, que justifique esta carga contributiva tão pesada?

A mim choca-me acima de tudo a desigualdade nos preços de aquisição dos automóveis... porque não se aplica a lógica do mercado único neste caso particular em que o benefício para o consumidor seria tão evidente? E a renovação da frota automóvel nacional não é um bem a seguir?

Se se acha que existem carros a mais, então que se aumente o imposto automóvel. Se se acha que se anda demais, então que se aumente o Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP). Se se acha que quem usa as estradas as deve pagar, que se mantenham as portagens. O que não faz sentido é querer fazer tudo ao mesmo tempo.

A propósito, a gasolina volta hoje a aumentar, agora não por oscilações de mercado, mas pelo aumento do ISP. Em Portugal os impostos são a resposta fácil à incapacidade de racionalizar um estado demasiado grande e que gasta demasiado mal.

terça-feira, fevereiro 10, 2004

Pessoas complicadas

Como em todas as lutas de auto-determinação, independentemente da sua justeja, muitos perdem o juízo pelo caminho. É o caso de algumas mulheres.
Senão, vejamos esta senhora, que consegue ver na obra de Tolkien a prova de que este sofria de misógenia, isto é, "repulsão mórbida do homem pelas relações sexuais; horror às mulheres".
E como chega a senhora a esta conclusão? Porque existem poucas mulheres como personagens fulcrais. E questiona ainda que, se o Tolkien era misógeno, então porque raio não foi usada a liberdade artística para transformar em mulher algumas das ditas personagens fulcrais?

Não me parece que esta visão das coisas mereça grandes comentários. Tal como O Complot, espero que aquele post esteja escrito a gozar. Caso contrário, tenho pena dos que a rodeiam, deve ser aquele tipo de mulheres dificeis de aturar.

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Parece mentira...

Li um vez. Voltei a ler para acreditar. Será possível que este texto seja o complemento à notícia que anuncia a morte de uma pessoa?
Não será uma questão de respeito e antes de mais de bom senso? Concordo absolutamente com FA, a Esquerda de Hoje é constrangedora na dualidade de critérios que utiliza para observar a realidade.

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

No Respublica

"A PETIÇÃO PARA O REFERENDO foi entregue na Assembleia da República. Contém mais de 120 mil assinaturas de cidadãos que pedem a realização de um novo referendo sobre a liberalização do aborto.

Independentemente da minha opinião sobre a questão do aborto, não gosto desta mentalidade pseudo-democrática que, de resto, subverte a própria democracia: referenda-se até conseguirmos o que queremos, e depois não se fala mais do assunto.

É ainda aquela velha atitude de querer evoluir as pessoas à força, como se a humanidade estivesse dividida entre iluminados e obscurantistas. Não raras vezes, os que julgam pertencer à primeira categoria são precisamente os mais intolerantes. "

Como não consegui fazer link directo ao post do Respublica, tomei a liberdade de transcrever um texto ao qual tenho pouco a acrescentar. Nem é de agora que isto me faz confusão. O que faz confusão é a ideia de repetir o referendo ter começado a ser falada por muitos quase a seguir aos resultados do primeiro terem saído. As mentes mais "iluminadas" têm uma tendência irreprimível para menosprezar a vontade expressa nas urnas pelas pessoas.