Nunca li um livro de Saramago (não refiro isto por me orgulhar do facto), no entanto parto do príncipio que seja um escritor com qualidades. Por isso mesmo, e pela relevância que soube conquistar, é importante não deixar passar em branco muitas das coisas que anda por aí a dizer.
Vem com aquelas teorias super interessantes, acarinhadas por tantos intelectuais de esquerda, sobre a necessidade de educarmos a sociedade, usando esta maravilha de frase: "A educação pressupõe a existência de um educando e de um educador. Esta sociedade não tem condições para nos dar lições". Curiosidade: seremos nós dignos que esta alma iluminada dispenda um pouco do seu escasso tempo a livrar-nos do nosso estado de osbcuridão?
Esta atitude paternalista, tão típica de quem se arroga o direito de definir o que está bem ou mal, independentemente do que as pessoas e a sociedade que de facto existem possam pensar ou desejar, é a responsável por tantas e tantas barbáries que se cometeram no século que acabou de passar. Nós não somos mais que um obstáculo a ultrapassar para o verdadeiro objectivo - a sociedade ideal (?) - ser atingido.
Podemos pensar que Saramago é mais um utópico, inconformado, sonhador irredímivel. É uma perspectiva. Mas atenção, ainda existem sítios onde vale a pena viver. Ficamos mais descansados. Este senhor, que recusa a democracia e apela ao voto em branco, por alegadamente o sistema estar bloqueado e não funcionar, é o mesmo que de vez em quando faz umas viagens a Cuba e não poupa elogios para descrever o que encontra á sua volta. Outra curiosidade: qual é concretamente o aspecto na democracia que Saramago fazia questão de mudar? o pormenor da expressão da vontade através do voto?
O pior dos cegos, é aquele que se recusa a ver.
Sem comentários:
Enviar um comentário