terça-feira, outubro 04, 2005

O problema da escolha em Lisboa (continuação)


Lisboa é o caso evidente da (suposta) condenação à escolha entre o menor dos males. Quantos votam convictamente em Carmona ou em Carrilho? Digo suposta, porque esta condenação existe na pratica, mas por nossa culpa. Está nas nossas mãos demonstrar a liberdade que nos assiste relativamente à ideia do voto útil. Existem mais três candidatos e, ao olharmos para eles, o que a eleição em lisboa demonstra é a forma como os partidos são de facto condição essencial para o sucesso/insucesso dos candidatos. Claro que não é condição suficiente para ganhar uma eleição, mas acaba por se tornar condição sine qua non, excepção feita a alguns casos particulares e que são conhecidos.

Refiro-me em particular a Maria José Nogueira Pinto. Não gosto do estilo e programa de Sá Fernandes, e sobre Ruben de Carvalho tenho boa ideia mas conheço mal. MJNP já há muito tem um percurso discreto mas com qualidade e que a distingue pelo que tem demonstrado no desempenho de vários cargos, como o mais recente de provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e na nossa vida política em geral.

Neste campanha, tem sabido adoptado um estilo próprio que devia servir de exemplo. Se fosse eleitor em Lisboa não teria qualquer dúvida em escolher, e sei que, caso fosse a candidata apoiada pelo PSD, seria a próxima presidente de câmara. Como é apoiada pelo CDS, aspira quanto muito a conseguir um lugar de vereação. Independentemente do resultado, verifico com agrado que ainda existem pessoas com esta qualidade na vida política.

O problema da escolhe em Lisboa é no fundo o mesmo a que se assiste no país, em cada uma das eleições. São muitas as pessoas com qualidade que se perdem da vida politica apenas por não estarem enquadradas por um partido, ou pelo partido certo. Quantas vezes não escolhemos um mal menor, quando até havia uma boa alternativa, apenas porque esta "não ter hipótese" de ganhar? É uma pena que as coisas funcionem desta forma, ficamos mais pobres por isso.