Muito do que é falado no artigo de Tiago Mendes no DE é de facto interessante para observar o palco político e social. Nem tudo se deve reduzir à retórica, à imagem, à desenvoltura na defesa de uma opinião, à pessoalização. Mais do que isso, uma vez eliminada a forma e exposto o conteúdo, não temos de nos limitar a discutir sobre quem tem razão e depois assumir essa razão como uma verdade atingida e inquestionável. Deve haver pouca coisa mais subjectiva que saber onde está a "razão" no sentido da detenção da verdade, ou de conhecer o real como ele efectivamente é.
Mas, para além disso, é enriquecedor conhecer as razões que levam alguém a defender algo diferente, e perceber que essa diferença além de não significar necessariamente uma melhor ou pior intenção, nem tão pouco um erro ou má interpretação dos factos e da realidade, pode fundar-se em razões objectivas de fundo, como valores diferentes. Nesse caso, é natural que as opiniões sejam diferentes. Conhecer as razões da discórdia é um elemento enriquecedor do debate. Não implica que tenhamos de concordar com a diferença, nem sequer aceita-la no sentido de a achar razoável ou admissível, mas implica que a compreendamos. O que faz toda a diferença.
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